quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 23


Foi este o nome da primeira história e vai ser o da última. Esta é mais carta do que história.
Entre a primeira e a última, a Maria cresceu, passou os anos rapidamente, através dos animais que por aqui passaram.
Neste momento já é a Maria com 64 anos, mulher, mãe, avó e amiga quem escreve.
Foi muito bom voltar atrás, rever velhos amigos, mas o Ano Velho vai acabar e vem aí um Ano Novo em folha. Espero que para todos seja um Bom Ano. Para os meus pequeninos fica a promessa de voltar na Páscoa. Estudem, brinquem, procurem ser felizes e fazer felizes os outros. Tentem aprender a gostar de ler.
Há histórias e livros de vários escritores que estou certa de que iriam gostar.
O Nabão já falou em 2: “Bichos” de Miguel Torga e “Cão como nós” de Manuel Alegre. Vou falar-vos de mais alguns: “Cinco réis de gente”, “Arca de Noé III classe”, “O livro de Marianinha” e o “Malhadinhas”, de Aquilino Ribeiro; “A menina do Mar” e “O Cavaleiro da Dinamarca”, de Sophia de Mello Breyner Anderson; “Constantino, guardador de porcos e de sonhos” de Alves Redol. E tantos, tantos outros, portugueses e estrangeiros. Ler é ver o mundo sem sair de casa. Isto não é sermão, é um simples conselho de alguém que sempre viveu e continua a viver no meio dos livros. O Nabão tem razão: eu gosto tanto de livros, como ele de “Línguas de gato”.
Para os mais velhos: A velha Maria deseja para vós, o que deseja para ela: Paz, Amor, Amizade, Saúde e alguns Euros para gastar.
Para todos vão beijinhos e a Amizade da
Maria


Bom Ano Novo

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 22


Qualquer pessoa pode ter um aquário. Desde aquelas taças redondas com um peixinho dourado lá dentro, até aquários grandes com várias espécies misturadas. É bonito, dá um certo ar de frescura e dizem que acalma.
Um dia, o meu marido e o meu filho mais velho, mergulhadores experientes, resolveram ter algo mais: um enorme aquário de água salgada. Construíram-no com todos os requintes, puseram filtros de limpeza, bombas de oxigenação, areia e algas. Resolveram que a água teria mesmo que ser do mar. Aqui começou a odisseia. Foram à Ericeira buscar cerca de 25 garrafões de água do mar. A seguir foram as caçadas no Portinho da Arrábida dos peixes, que tinham que ser pequenos e variados. Mais não sei quantas viagens, mais algumas aventuras.
Um dia apanharam um pequeno polvo que vieram pôr dentro de um garrafão, ao pé de mim. Estava eu, como é hábito, a ler, sinto uns pingos a caírem-me numa perna. Julguei que era o Vasco a salpicar-me e refilei. Pouco depois, sinto uma coisa subir-me a perna, olho e dei um salto, gritei, assustei as pessoas à minha volta. Era o polvo, o lindo polvinho agarrado à minha perna.
Vieram peixes, polvo, uma pequena santola, caranguejos, uma garoupa pequenina, que eu adorava e um peixe esquisito chamado marachomba. Tudo pequenino. Estava lindo de verdade.
Uma noite estávamos a ver televisão, olho para o chão e vejo o que me pareceu ser uma enorme aranha. Não era. Era um carangueginho lindo e esperto, que se tinha evadido do aquário. Voltou para lá, mas gostando do passeio, voltou e vinha com os irmãos. Isto, mais o facto de se comerem uns aos outros e à humidade que a água provocava, obrigaram-nos a novas viagens ao Portinho, para os devolver ao seu verdadeiro lugar.
Foi giro enquanto durou, mas jurei nunca mais ter aquários. Mas que era bonito, era.
Até amanhã com o último desta série.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 21


Hesitei muito antes de vos contar esta história. Primeiro porque acaba mal, segundo porque ainda me custa falar da Mimosa. Depois pensei que ela merecia aparecer aqui.
Encontrei-a na rua, perto de casa, com muitas feridas, uma patinha tão mal que quase se via o osso, uns restos de coleira e cheia de fome e sede. Não sei porquê, entre imensas pessoas, veio ter comigo e com o meu filho. Demos-lhe de comer e fomos com ela ao veterinário. Não era bonita, mas era alegre e simpática. O Nabão aceitou-a, num misto de desprezo e desconfiança. Pouco depois eram inseparáveis. Comia muito e depressa ficou gordinha e as feridas sararam. Tinha alguns defeitos: era porquinha, roía tudo. Uma noite quando cheguei a casa, tinha terra até à porta da rua, vasos virados em cima das carpetes e dos sofás. Outra vez comeu metade dos carapaus do jantar. Não era fácil lidar com ela. Quando lhe ralhava, em vez de ficar envergonhada, ficava tão contente, que dava vontade de rir. Era muito meiga, deixava o Nabão brincar com ela, brincava com tudo.
Uma manhã saiu de casa com o dono e o Nabão e não voltou. Uma bruta, com cara de mulher, carregou no acelerador, quando devia travar, bateu-lhe na cabeça, matou-a e fugiu. O meu marido vinha branco, o Nabão parecia aparvalhado, cheirava tudo o que era dela. Tive de deitar tudo fora. Ele durante dias parecia procurá-la em casa e na rua. Nós ficamos tristes, muito tristes, sobretudo o meu marido que assistiu a tudo.
É triste o fim da história. Mas houve partes boas. Ela foi feliz uns anos, deu-nos alegria e não sentiu a morte. Tudo e todos acabam um dia. A minha Mimosa durou pouco, mas foi feliz. Eu é que ao fim de tanto tempo, ainda choro quando penso nela. Sinto saudades da minha cadelinha, pouco bonita, um pouco burrinha, mas muito simpática e meiguinha.
Até amanhã com...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 20


Já uma vez contei a história do meu mocho sábio, que se chamava Arquimedes. Vou fazer um breve resumo para aqueles que não viram.
O Arquimedes, Memé para os íntimos, era um pequeno “mocho galego”, de grandes olhos, manso e meigo. Sendo uma “ave de rapina” nada tinha a ver com elas. Andava solto, pousava em nós, dava bicadinhas meigas que nunca feriram ninguém. Era brincalhão, como um gato ou um cão pequenos.
Ora nessa altura tinhamos também um passarinho muito pequenino, um “bico de lacre”, chamado “Piu-Piu”. Já era velhinho, mas vivia feliz na sua gaiola, vizinha da do mocho.
Um dia de verão saímos e deixei as janelas abertas, para eles ficarem mais frescos. Levantou-se vento e, quando chegamos a gaiola do passarinho estava no chão, partida e vazia. Ficamos muito aflitos, procurámos o passarinho por todo o lado e... nada. Todos desistiram, mas eu ouvia o piar baixinho, do meu Piu-Piu. Diziam-me que eu estava a ouvir coisas, para desistir, mas eu continuei à procura. Ao fim de um bocado encontrei-o. Sabem onde? Encostado à gaiola do mocho, todo encolhidinho, mas vivo e sem uma ferida sequer. Ele procurou o amparo do amigo e este não lhe fez mal.
Nenhum animal é mau por querer. Esta ave de rapina, que em liberdade teria comido o pequeno passarinho, aqui com a barriguinha cheia, nem o bicou.
Dois amigos estranhos? Não. Estranhos são os humanos que não respeitam os animais, nem os outros humanos.
A história de hoje é inteiramente verdadeira. Há quatro testemunhas dela: eu, o meu marido e dois dos meus filhos.
O Memé já contei como morreu. O outro morreu com catorze anos, o que para um pássaro daqueles é muito tempo.
Até amanhã com...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 19


Como sabem, há cães de várias raças. Uns são unicamente cães de companhia, outros são cães de guarda, pastores, policias, até.
Conforme as raças, a educação e o temperamento dos cães, são usados para os mais diferentes “trabalhos”. Como são grandes amigos do homem, até há alguns que são “guias” de pessoas invisuais, ajudam outras pessoas com deficiências, procuram pessoas desaparecidas, enfim, são úteis.
Este de quem vou hoje falar, era um “Epagneul Breton”, cão de caça, por vocação e educação. De ascendência francesa, mas nascido no Alentejo, foi desde pequenino, habituado a caçar. Era bom no seu trabalho, muito leal ao dono e obediente. Fora da caça era um animal dócil, amigo das crianças, adorava queijo Alentejano e bolos.
Os anos passaram, o Pipo deixou de ir à caça e o dono também.
De vez em quando, para provar que ainda servia para alguma coisa, apanhava um rato e ia pô-lo à entrada da porta, para os donos verem.
Há uns meses começou a andar triste, não comia e a dona foi com ele ao veterinário. O Pipo já tinha 19 anos, era um cão velhinho. O doutor ainda lhe deu vitaminas, mas uma manhã, quando a dona ia a sair, chegou-se a ela, olhou-a e adormeceu para sempre. A dona chorou horas. Ainda agora quando se fala dele, chora.
O Pipo foi um cão feliz. Correu o seu Alentejo atrás de caça, ajudou o dono a apanhá-la, teve comida, abrigo, carinho e quando chegou ao fim, acabou junto da dona que gostava muito dele.
Eu não concordo com a caça, já o disse. Mas gostava do Pipo e tive pena dele e da dona. Por isso contei esta história, um bocadinho triste, mas a vida também nem sempre é alegre.
Até amanhã com...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 18


Pois é verdade. Eu Nabão tenho que confessar, que pirateei o Blogue da minha dona, Maria. É que sinceramente, ando aqui à volta há uns poucos de dias à espera que ela escreva sobre mim e nada. Agora apanhei-a distraída e resolvi contar eu, a minha história.
Nasci na Areia, perto de Cascais. A minha mãe chama-se Estrelinha e o meu pai é um cão lá do sítio. Quando nasci, nasceram mais três manos, mas como nascemos em Agosto e estava muito calor, dois deles não resistiram. A dona da minha mãe levou-me para a “Feira da Boca do Inferno”, para ver se me arranjava dono.
Eu mal me aguentava nas pernas, mas acho que era muito giro.
A minha dona e o meu dono Vasco acharam-me graça, fizeram-me festinhas e eu olhei para eles com uns olhinhos redondos e meiguinhos. Quando a dona da minha mãe perguntou à minha dona se me queria, ela pegou-me ao colo e... Isto é o que ela conta, que eu não me lembro nada. Depois foi comprar leitinho para cachorrinhos, levou-me ao veterinário e eu passei a ser um cão muito cheio de mimo. Também foi giro porem-me um nome.
Calculem bem, que me queriam chamar “Chocolate”. Já viram nome mais esquisito? Lá por ser castanho, tinha de ser “Chocolate”! A minha sorte é que a minha dona detesta chocolate. Como está sempre a pensar na terra dela, que é Tomar, resolveu chamar-me “Nabão”, que é o nome do rio de lá. Eu já o vi e é lindo, como eu, aliás.
Até agora só contei o que ouvi. Agora sou eu mesmo a dizer quem sou.
Primeiro: Tenho 10 anos, tenho as vacinas em dia, sofro um bocadinho do estômago, o que é um problema, porque sou guloso, gosto de comer tudo e só me querem dar ração para não engordar, mas eu finto-os. Chego à rua e atiro-me à coisa mais nojenta que vejo e como-a. Levo uma sapatada, mas logo a seguir faço o mesmo. Em casa é pior. Vocês sabem o que são línguas de gato? Eu adoro, mas parece que me faz mal, se comer muitas.
Mas eu dou-lhes a volta. É tão fácil levar estes donos a certa, que às vezes, se eu soubesse o que é vergonha, ficava envergonhado.
Por exemplo: dou uns ganidos baixinhos, que a minha dona traduz para: “ o Nabão quer fazer chichi”, levam-me à varanda, eu faço ou finjo que faço e os donos limpam e dizem: “o Nabão é lindo”. Eu dou umas corridas, dou umas voltas e fico a olhar para a lata das línguas de gato. Lá me dão uma ou duas. Outras vezes chego ao pé deles, com uma borracha, um lápis, um lenço de papel na boca, mostro bem e se me tentam tirar as coisas, rosno com ar ameaçador. Aí, eles que são burrinhos de todo, dizem: “Nabão, toma bolinho”. Geralmente só quando vejo o bolinho é que largo o resto. Mas já me têm enganado. Fingem que vão dar e depois de terem o que querem, não dão. Azares!...
O que me vale é que vem cá a casa uma senhora, ajudar a dona e como gosta muito de mim, lá vai dando mais uns bolinhos.
Com isto tudo sou um cão feliz. Vou à rua com o dono, tenho papa, remédios, cobertores e montes de mimos.
Cá para mim, eu acho que eles são meus pais. Os da Areia nem os conheço.
Segundo: como sou um cão (dizem) decente, tenho de confessar alguns defeitos. Sou ciumento, tenho mau feitio, acho que mando nos donos, já tive a mania de morder, quando fico sózinho vingo-me, fazendo chichi onde não devo, mas sou meigo, amigo dos donos. Quando a dona está doente ou triste não saio de ao pé dela. Sei muitas palavras e percebo tudo o que me dizem. Não falo a língua deles, mas sei fazer-me entender muito bem.
E pronto. Este sou eu, Nabão, “Cão como nós”. A propósito, vocês já leram um livro com este nome? É de um tal Manuel Alegre. A dona gosta muito deste e de outro chamado “Bichos” que um grande escritor, chamado Miguel Torga escreveu. Eu não sei ler, mas se soubesse lia-os. Experimentem! A Maria passa a vida com os livros às voltas. Acho que ela gosta tanto deles, como eu das minhas “línguas de gato”.
Quero desejar a todos um Bom Natal, com algumas prendas e muito AMOR.
Beijinhos para todos do Nabão.

P.S. Ai que lá vem a chata da dona ver o que eu estou a fazer!...
Adeuzinho. Um dia volto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 17


A Tina Turra é uma caturra muito velhota e rezingona, que é do meu filho mais novo. Deu-lha a irmã no seu aniversário e ele adora-a. Já tem 13 anos. Gosta de assobiar e sabe muitas músicas. Desde árias clássicas à “raspa”, assobia tudo. Como berra muito alto, foi baptizada com o nome de Tina Turra, por causa da Tina Turner. Além de tudo também tinha umas belas pernas.
Foi casada com o Ike Turro, mas enviuvou. Depois disso nunca mais teve companheiro, mas acho que não lhe faz falta.
Eu gosto de a arreliar um bocadinho e ela não gosta lá muito de mim. De quem ela gosta mesmo é do Vasco. Vive na casa dele e deve pôr a cabeça em água às vizinhas.
Dizem que as caturras duram muito e eu espero que seja verdade.
Apesar de tudo gosto dela, mas acho que podia fazer menos barulho.
Até amanhã com...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Um Ano


É verdade. Faz hoje um ano, que por brincadeira, por desafio e convencida que iria acabar rapidamente, pela primeira vez escrevi qualquer coisa aqui.
Tudo começou com uma brincadeira do amigo Bicho. Resolvi fazer um Blogue, dar-lhe um nome, uma imagem. Só iria durar enquanto me divertisse. O pior é que se tornou depressa num vício, mas um vício bom. Redescobri o gosto de escrever, arranjei uma maneira de me entreter e acima de tudo, arranjei amigos.
Embora acima de tudo, escreva para mim, gosto de saber que mais alguém me lê. Por isso também escrevo para é eles e a eles agradeço os muitos momentos bons que tenho passado escrevendo coisas minhas e lendo ou vendo coisas deles. Por aqui têm passado histórias, desabafos, momentos felizes e infelizes, brincadeiras, palavras amigas.
A todos vós agradeço a simpatia com que me acolheram.
Ao Kim agradeço os ensinamentos e os conselhos.
Ao Bicho, quase impulsor deste blogue, agradeço as belas fotos que nos mostra e o empurrão que me deu.
Para todos um abraço amigo, desejos de um “Bom Natal” e prometo que vou tentar melhorar o mais possível este espaço.
Mais uma vez a gratidão da
Maria
Até um dia destes.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 16


O Pantufa é filho de uma cadelinha chamada Rijuca, muito simpática. Andava por perto do trabalho do actual dono, era pouco bonito, mas fez-se um canito giro e simpático, como a mãe. É muito mansinho e nem se importa que lhe tirem a comida da boca. É obediente e dócil. Há tempos foi atropelado, partiu uma patinha, teve de levar um ferro e ficou a andar um pouco de lado. Isso não o impede de correr, brincar e saltar para a carrinha do dono, onde se deita no chão muito sossegado. Anda solto, dá-se bem com qualquer cão conhecido. É esperto e conhece muitas palavras. Ladra se vê estranhos, mas basta dizerem-lhe: “deixa” e ele cala-se. Se lhe dizem: “fica”, ele fica mesmo.
Dorme numa casinha na varanda e quando lhe dizem: “vai para a casinha”, ele vai mesmo.
Gosta de correr atrás dos gatos para brincar e ajuda a apanhar galinhas fujonas. Enfim, é um cãozinho tão simpático, que até a minha filhota que não gosta muito de cães, gosta dele. Eu acho-o muito engraçado.
E por enquanto, são estes os companheiros da minha neta: João Coelho, Narizinho, Pérola e Pantufa. Falta falar das senhoras galinhas, mas as galinhas não têm grandes histórias.Até amanhã com...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 15


A Pérola também estava numa garagem com dois irmãos. Teve sorte de ser muito simpática e brincalhona e foi a escolhida da minha neta. Ao princípio era um bocado reguila e fazia disparates. Depois com a convivência com o Narizinho, acalmou, é meiguinha, mas continua a fazer das suas.
A espertalhona sabe abrir gavetas e lá vão os novelos de lã, carregadores de telemóveis que rói e ficam sem concerto. Faz chichis e cocós na caixa, mas não tapa. O bom do Narizinho é que os tapa por ela. Corre atrás de tudo o que rebola, mia aos donos quando chegam e quando eles acordam salta para a cama também a miar. Gosta de festinhas, mas não que a agarrem.
Como gatinha que é, gosta de estar à janela. Se calhar é como uns versos muito antigos, que dizem assim:

O gato à sua janela
Vai dormindo, vai pensando e vai sonhando;
Oh minha linda casinha
Tu és minha muito minha
E nada melhor que ela.
O gato à sua janela
Vai dormindo, vai pensando e vai sonhando.

Será que os gatos pensam?
Até amanhã com...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 14


O Narizinho nasceu numa garagem. Através de um anúncio foram buscá-lo, levaram-no para casa e reparando no seu belo nariz cor-de-rosa, deram-lhe o nome de Narizinho. A minha menina adorou-o. É muito meiguinho, nunca se zanga, nem quando leva as vacinas. O veterinário diz, que ele é um gato passarinho. Pouco tempo depois, teve uma companheira gatinha e teve que fazer uma operação, para evitar que a casa se transformasse num mar de gatinhos.
Engordou muito, porque essa operação faz isso aos gatos. Além disso é muito molengão. É tão gordinho que quando está sentado de lado, mal se destinguem as pernas. Pensa que a dona pequenina é mãe dele, chucha no cabelo dela, enquanto lhe vai mexendo no pescoço, com as patinhas. Adormecem abraçados e ele fica quietinho com um boneco de peluche.
É giro e simpático e eu acho-o engraçado, por causa de ser assim gordinho.
Os donos é que não gostam, porque ele come muito.
Até os animais têm problemas com o peso. Acho que o deviam pôr num ginásio, mas não sei se ele ia gostar.
Até amanhã com...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 13


O João entrou na vida da minha neta há oito anos. Foi-lhe dado pela mãe. Ela queria um cão, mas a casa em que moravam não tinha condições para isso. Assim, recebeu o coelho, que podia viver numa gaiola e era suposto ser anão.
O pai era um belo coelho de raça “cabeça de leão” e garantiram que ele ficaria igual. Por ser de boas famílias, a dona pequenina resolveu dar-lhe nome de pessoa (João, um nome que a rodeava por todos os lados), Coelho, para o distinguir dos inúmeros Joões, que há na família dela.
O belo coelhinho cresceu, cresceu e de anão, não tem nada.
É grande, gordo, pacífico. Gosta de viver na gaiola, quando o soltam, volta para lá, assim que pode. Já foi operado a um tumor, ficou sem pêlos na barriga e usou uns fatinhos de lã, para não ter frio. Safou-se e lá continua. É muito branquinho, não faz barulho, mas quando tem fome, dá grandes e ruidosas patadas no fundo da gaiola, para chamar à atenção dos donos.
Gosto dele. Faz feliz a minha menina.
Até amanhã com...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 12


Ora hoje vem o Tomé. Pequeno sultão porquê? Porque é, até agora, o único macho no meio de quatro cadelas. O Tomé é a última (?) aquisição da matilha do meu neto. É um Spitz alemão, filho de uma cadelinha chamada Maria e de um canito chamado Gaspar, parecido com a mãe, ainda muito novinho, alegre, brincalhão como qualquer cachorrinho. Entrou numa família só de cadelinhas e deu-se bem. Respeita a Duna como sua mãe, brinca com a Java, é bem tolerado pela condescendente Tuca e esperemos que Fräulein Vega, atendendo ao facto de ambos serem de raça e terem a origem alemã, seja tolerante com ele.
É um animal esperto, vivo e bonito.
Brinca muito com a Java, “ajuda-a” a tirar os cobertores das casotas, (acho que é para arejarem), mete-se com as outras quando têm paciência para o aturar. Gosta de bolachas e há tempos apanhou um rato e foi mostrar aos donos, para provar que não era só a Tuca que sabia caçar.
Ainda é muito pequenino para ter grandes histórias, mas é um espertalhão.
Acho que um dia ainda vai dar que falar.
Hoje é o último dia deste grupo. Amanhã começará outro mais variado. Depois verão.
Até amanhã com... Só digo que não é cão.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 11


Hoje vou falar de novo na Java. Já é conhecida por maus e bons motivos, primeiro desapareceu, depois quando já desesperávamos de a voltar a ver, apareceu, magoada e assustada, mas voltou.
A vida dela tem muita semelhança com a de algumas pessoas. Tem tido dias maus, dias bons, mas ao contrário de muita gente, não se tornou revoltada nem agressiva, pelo contrário parece cada vez mais grata a tudo o que de bom lhe é dado.
Foi adoptada em Setúbal, onde uma Associação de protecção a animais, a “Patas Amigas” tentava arranjar donos para cães, que de outra forma seriam provavelmente abatidos. Era difícil olhar os olhos dela e resistir. Foi juntar-se às três, de que falei antes. Tem uma doença na tiróide, uma glândula que nós também temos e que quando não trabalha bem, tem de ser tratada diariamente. Conto isto para vocês saberem que os animais têm doenças como nós e precisam de tratamento. Quero com este reparo alertar-vos para o facto de que ter um animal em casa, não é só dar-lhe de comer. Precisam de vacinas e tratamento continuado, quando estão doentes.
A Java tem isso tudo, mais o amor dos donos. Quando ela desapareceu, eles não só a procuraram dia e noite, como puseram anúncios nas lojas, nos postes das ruas, na rádio. Um senhor viu-a, Alimentou-a e reconhecendo-a num anúncio, apressou-se a contactar os donos e entregá-la. Tudo acabou bem para ela de novo. Está já boa, continua o tratamento e cada vez está mais meiga e amiga dos donos. A Java tem uma história bonita como ela.
Apenas um ponto foi feio: a falta de cuidado e profissionalismo da veterinária.
Mais uma vez, a Java, eu e os donos agradecemos a todos os que se preocuparam com ela e de um modo particular ao senhor que a achou.
E pronto. Mais uma história, mais um dia.
Até amanhã com...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 10


A Vega é uma linda cadela da raça alemã “Hovawart”, o que, ao que me disse o dono, quer dizer: cão de quinta, ou seja, cão de guarda. Parece ser das raças mais próximas dos lobos.
Quando foi para a casa onde mora, já lá estavam a Duna e a Tuca. Era ainda pequenina e dava-se bem com as outras. Quando cresceu, tudo mudou. É meiga com os donos, mas como é muito ciumenta, começou a agredir as outras. Vive separada delas, porque é muito maior e elas não se podem defender. Com as pessoas até é meiga. Alguns cães de raça e até rafeiros são por natureza mais agressivos do que outros.
Vive numa boa casa, com espaço para passear e correr, mas um dia achou que uma bela cadela de raça não devia viver paredes meias com rafeiras. Então, resolveu fugir. Não foi muito longe. Encontrou uma casa maior do que a outra, sem rafeiros à vista e entrou. Durou-lhe pouco a mania das grandezas, pois o dono foi buscá-la de volta a casa. Acho que, apesar das rafeiras, ela se sentiu bem, por voltar ao seu cantinho e aos donos.
Coisas de estrelas, é o que é. Hoje, além da Duna e da Tuca, tem mais dois companheiros, a Java, já vossa conhecida e o Tomé. Mas isso é para outro dia. Até amanhã com...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Separar o trigo do joio

Se há coisa com que francamente embirro, é a publicidade desenfreada.
É a televisão a bombardear-nos com 20 minutos de anúncios, entre os programas, é a caixa do correio cheia até cima de papéis, é o telefone a tocar às horas mais inconvenientes, com ofertas de toda a qualidade de produtos, são as pessoas que nos abordam na rua e nas grandes superfícies, para nos tentar com propostas mais ou menos interessantes.
Tanto assim é, que mudei de telefone, pus um anúncio na caixa do correio e nego-me a responder às pessoas que me abordam.
No entanto, há excepções. Nesta altura do Natal, as Associações de Ajuda Humanitária, aproveitam para dar a conhecer as mesmas e de caminho conseguir alguma ajuda em troca de um boneco, uma casinha, postais (no caso da SADM - Sociedade dos Artistas Deficientes Manuais). Aí o caso muda de figura. São pessoas, que nada ganhando dão um pouco do seu tempo, para ajudar essas Associações. A esses não respondo com a negação habitual. Posso às vezes nem dar nada, mas tenho sempre uma palavra de estímulo, de apreço pelo seu trabalho.
É só isso que vos peço. Se não puderem, não comprem. Mas não passem indiferentes, parem para ouvir por um momento, aquilo que eles vos dizem.
Eles, os voluntários dessas Associações e as próprias Associações, merecem-no. Afinal, o Natal é uma época de partilha, de amor, de Paz.
Há anos, alguém pediu-me como prenda de aniversário, que depositasse a quantia que ia gastar, numa conta de uma dessas Associações. Quem sabe se alguns daqueles a quem vocês vão dar uma lembrança, não gostariam de ver no sapatinho o comprovante de uma dessas dádivas?
Isto não é sermão, nem lição de moral. É apenas um humilde alerta, de uma pessoa igual a vós.
Até um dia destes.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 9


Esta é a segunda cadelinha dos meus filhos e neto.
A Tuca, foi encontrada na estrada que liga Lamego à linda Igreja de Nossa Senhora dos Remédios. Era pequenina, estava suja, ferida e com fome. O irmão da minha nora levou-a para casa e a mãe lavou-a, tratou-a, deu-lhe comida e uma casa para morar. Ela gostava daqueles donos, da vida que levava, dos passeios pela rua. Tinha uma amiga, a Chula, que morreu muito velhinha. Teve filhotes, que um belo “Collie”, chamado Fangue mesmo sem ser pai dos cachorrinhos, a ajudou a criar. Enfim, a vida corria-lhe bem e era feliz. Mas havia uma coisa estranha. Quando o meu filho e a mulher iam a Lamego, a Tuca ficava muito contente e quando eles vinham embora, ela arranjava maneira de entrar para o carro, assim como se quisesse boleia. Quando o meu neto foi baptizado, os avós de Lamego vieram a Lisboa e trouxeram a Tuca. Foi um dia lindo e bem passado, de que tenho saudades. Mas vamos à Tuca. No dia seguinte eles voltaram para Lamego, sem a Tuca. Tinham combinado, deixar a cadela escolher. Abriram a porta do carro, ela foi fazer festas aos donos, mas não entrou. Foi direitinha aos novos donos, aqueles que ela escolheu. Aqui há uma coisa muito bonita, feita por duas pessoas boas e amigas dos animais. Os pais da minha nora gostavam muito da Tuca, tanto que a deixaram escolher o sítio onde queria ser feliz.
Agora vive com a Duna e os outros, com os donos. É muito meiga, afectiva, mas gosta de ser independente. Gosta de apanhar ratos do campo e pássaros, gosta de vadiar, mas também gosta de se aninhar no colo dos donos e receber festas e mimos. É a mais pequenina de tamanho, mas é muito esperta.
Até amanhã com...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 8


A Duna é uma das rafeirinhas dos meus filhos e neto.
Está com eles há muito tempo, sendo a 1ª do grupo de cinco que hoje têm.
Ainda o meu neto não tinha nascido, trouxeram-na do Porto. Era pequenina, muito linda e meiga. Quando estava a dormir, parecia um peluche fofinho.
Às vezes, quando eles iam de férias, ela ficava comigo. Ficámos boas amigas. Ainda agora, quando me vê fica muito contente e tenta estar ao pé de mim. Além de bonita, é esperta. Desde muito pequenina, quando alguém tenta tocar nas coisas da dona, ela rosna e fica sentada ao pé a tomar conta.
Se alguém se chega perto da comida dela, faz o mesmo.
Com as outras 3 cadelas tem uma relação cordial, mas mostra sempre que é a chefe da matilha. Há pouco tempo, eles levaram para casa mais um cão. Desta vez, foi um cãozinho pequenino e de raça. Ora a mestra Duna, que nunca teve filhos, adoptou-o. Deixa-o comer do prato dela, deixa-o deitar-se próximo, mas quando ele começa a abusar das brincadeiras, mostra-lhe quem é que manda. Basta uma ligeira rosnadela e tudo entra na ordem.
Já está velhinha, um bocadinho gorda, mas continua linda.
Esqueci-me de dizer que o meu Nabão está apaixonado por ela desde a primeira vez que a viu. Ela não lhe dá confiança, mas basta alguém dizer o nome dela, para ele arrebitar as orelhas e desatar a ladrar. Depois, quando não a vê, fica triste. Ai amor, amor! Até um cão sofre, por um amor não correspondido. Duna querida: Ao menos uma vez, agora que ambos estão velhinhos, dá-lhe um pouquinho de esperança, sim?
Até amanhã com...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Carta às Mães

(clique no título para aceder ao site APCD)


Hoje não há história e o que vou escrever, não é para os pequeninos.
Está a decorrer uma campanha para angariação de fundos da “Associação Portuguesa da Criança Desaparecida”. Em troca de 5 Euros, dão-nos uma casinha e um panfleto. Parei um pouco a falar com a voluntária que estava numa superfície comercial, bastante grande e concorrida. Vi-a dirigir-se a várias pessoas e ninguém, mas ninguém, lhe deu nada, nem uma palavra.
Apenas olhares indiferentes, ou um gesto negativo de cabeça.
Será que, entre tanta gente não havia pais? Será que se havia estão convencidos que a eles nunca poderia acontecer o mesmo? Ou o egoísmo tem mais força do que eu penso?
Sou mãe e avó. Já fui filha um dia. Sei que perder os pais é uma dor horrível, já passei por ela. Mas é a lei da vida. Agora um filho não é o mesmo. Perder um filho é antinatural. Se perdê-lo por morte é uma dor imensa, não saber dele, não saber se está vivo ou morto, não saber como e onde está, deve ser a maior tortura infligida a um ser humano.
Se virem as casinhas, por favor, não fiquem indiferentes.
Lembrem-se que as coisas más não acontecem só aos outros, também nos podem bater à porta.
Até um dia destes

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 7



Há uma ideia generalizada que, cães e gatos, se dão sempre mal. Quase sempre é verdade, mas há excepções. A história de hoje é a prova, de que nem sempre é assim.
O meu pai, levou-me um dia, um rafeirinho bebé, que ainda só bebia leite.
Era preto, com uma mancha branca no pescoço, que parecia uma gravata.
Improvisei um biberon e, dava-lho, como se estivesse a alimentar um bebé humano. Tive que lhe dar um nome. Ora, havia uma história de que eu gostava muito: “Pinóquio”, um menino de madeira, a quem crescia o nariz, quando mentia. Foi o nome que escolhi. O Pinóquio já teria uns três meses, quando um dia, apareceu no quintal, um gatinho cheio de fome e frio. Dei-lhe de comer, aqueci-o e, adoptei-o. Também tive de lhe dar um nome. Quem sabe a história do Pinóquio de madeira, sabe que ele tinha um amigo, um grilo, que lhe dizia ao ouvido as coisas marotas que ele não devia fazer.
Então o gato, ficou a chamar-se Grilo.
Cresceram juntos, comiam juntos, dormiam juntos, brincavam juntos. Na verdade, quando se tratava de comer, o gato comia primeiro e, só depois, deixava o cão chegar-se ao prato. Dormia deitado nas patas do cão, aconchegado à barriga dele. Durante o dia todo, não se largavam, sempre a brincar, um com o outro.
O Pinóquio, era muito manso. Ao contrário do Tejo, eu podia tirar-lhe a comida da boca, que ele nem refilava. Quando o meu filho mais velho nasceu, deitava-se no chão ao pé da cama dele e, só deixava chegar-se quem conhecia. A única vez que o vi zangado, foi na noite do nascimento dele. Ele nasceu em casa e, foi lá uma senhora ajudar. Eu tinha dores, chorava, dei uns gritos e, o Pinóquio convencido, que era a senhora que me estava a fazer mal, atirou-se ao rabiosque dela e, se eu não o chamo, tinha-lhe dado uma dentada. Depois acalmou.
Ele e o meu sobrinho eram grandes amigos. Um dia, fomos dar com os dois sentados na escada do quintal. O meu sobrinho tinha 6 anos e já sabia ler. Então, pegou no livro da escola e, resolveu ensinar o Pinóquio a ler, também. Ficou desiludido. Por mais que tentasse, o Pinóquio não aprendia nem uma letra. Só sabia um ditongo: “ão”.
Era pouco, para o pequeno professor.
O Pinóquio, morreu já velhinho e o Grilo foi embora. Sem o seu amigo, fugiu em busca de outra vida mais livre.
E pronto, meus amigos acabou mais uma história. Às vezes, os animais ensinam as pessoas. Aqueles que são considerados inimigos de nascença, tornam-se amigos e, aprendem a viver juntos e em paz. Era bom, que com os homens, isso fosse possível. Talvez... um dia. Quem sabe?
Beijinhos e até amanhã.

P.S. Hoje a história é especialmente dedicada ao meu querido amiguinho Martim.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 6


Pois foi. Um dia houve um Tejo no Porto. É claro, que não era o Rio. Todos sabemos que, o rio do Porto de chama Douro e, é lindo.
Este Tejo, era um cão, um belo “Serra da Estrela” de pêlo curto, castanho dourado, com algumas manchitas brancas na barriga. Quando o deram ao meu pai, era bebé, gostava de colinho, de festas, de brincar. Parecia maluco a correr pelo quintal, parava de repente, punha-se a desafiar as pessoas e, depois desatava de novo a correr, até estar com a língua de fora. Comia que se fartava, quando bebia água fazia um grande estardalhaço, molhando tudo o que estava à volta.
Claro que, eu já não lhe conseguia pegar ao colo, mas ele punha as patorras nos meus ombros, encostava o focinho à minha cara e dava lambidelas.
Cresceu muito, mas continuava maluco de todo. Só o meu pai e eu, não tínhamos medo dele. Não era mau, mas as vizinhas tinham medo dele, por causa das corridas e saltos, que dava. O meu pai, mandou-lhe fazer um belo canil, com um parque vedado com rede alta. Mesmo assim, o Tejo tinha artes de subir para cima da casota, pular a rede e, lá começavam as maluquices e, lá vinham as vizinhas mandar vir e, lá tinha a Maria ou, o pai, de o meter outra vez na casota.
Uma noite, o meu pai, quis mostrá-lo a um amigo. Fomos ao quintal, abri-lhe a porta, ele saiu, mas não levantava a cabeça. Estava escuro e eu não reparei, que ele estava a roer um osso. Toquei-lhe na cabeça e, ele atirou-se a mim, mordeu-me os braços e os ombros. O meu pai, agarrou-o pela coleira, puxou-o e, só aí, ele viu quem é que tinha mordido. Furioso, o meu pai, bateu-lhe. Ele gania e, eu cheia de dores, só pedia ao meu pai, para não lhe bater. Por fim, lá ficou na casa dele, ganindo baixinho. Eu fui-me deitar, já com as feridas tratadas. De manhã, fui-lhe dar de comer, como todos os dias.
O meu pai, não queria, mas eu sabia que, ele não vira quem tinha mordido.
Quando abri a porta do canil, ele veio ter comigo, com a barriga pelo chão e, uns olhos onde havia um pedido de desculpas. Gania, tentava lamber-me as mãos que na véspera tinha mordido. Sabem? Ele não teve culpa. Nenhum, ou quase nenhum cão, gosta que lhe toquem, quando está a comer.
Continuámos amigos e, nunca mais mordeu ninguém.
O meu Tejo, não era mau e, gostava de mim e eu dele.
Foi mais um amigo que me deu alegria, companhia, amor. Só me fez chorar duas vezes: Quando se roçou no chão, a pedir desculpa e, no dia, em que o perdi.
Também, quem é que se lembra, de chamar Tejo, a um cão nascido no Porto? É claro que, o cão ficou traumatizado! :)
Beijinhos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 5


Quando um dia cheguei à quinta, no princípio de Agosto, fui à vacaria e vi que, uma das vacas estava gorda, muito gorda. Fui ter com o senhor que tomava conta das vacas e, perguntei: “Senhor Zé, porque é que aquela vaca está tão gorda?” Ele riu-se e, respondeu: “A vaca está gorda, porque vai ter uma vitelinha, não tarda”. Então pedi-lhe, que me dissesse, quando a vitelinha nascesse. Passado dois ou três dias, o senhor, veio-me chamar, porque a bichinha estava a nascer. Eu e os meus irmãos, fomos logo a correr.
Quando chegámos, a vaca, lambia a cria toda e esta, deitadinha, parecia muito feliz com os mimos da mãe. Passado um bocado, a vaca, começou a dar marradinhas na barriga da pequenina e ela, tentou levantar-se. Caiu, levantou-se, tremia em cima das patas fininhas, voltava a cair e, lá ia a mãe vaca ajudar. Ao fim de uma hora, já se equilibrava. Ao fim de duas, já dava uns passitos trôpegos. A mãe, não a largava, sempre atenta. Por fim, a vitelinha chegou-se às grandes maminhas da vaca, meteu a boca e, começou a mamar. Quando acabou, deitou-se, a mãe, deitou-se encostada a ela e, adormeceram. Ainda ficámos um bocado a olhá-las, discutindo o nome da bebé. Chamámos-lhe Malhadinha, nome pouco original. Íamos vê-la todos os dias. Só queria saber contar, como era lindo, vê-la mamar, dormir, encostar-se à mãe, para ela a lamber! Foi crescendo, crescendo e, no ano seguinte, era já uma bela vaquinha. Esta é a história da vitela Malhadinha, que há muitos anos, a Maria conheceu.
Espero que tenham gostado. Amanhã, virá outro bicho.
Beijinhos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 4


Na casa do Porto, já havia quintal. A desculpa da minha mãe, deixou de valer.
Um dia, o meu pai apareceu, com uma bolinha preta e branca, que lhe cabia no bolso. Só se viam as orelhas e os olhos. Uns olhinhos, espertos e meigos.
A Maria, tinha por fim, um cão, que por acaso, era uma cadela.
E agora, tenho de contar, uma coisa um bocadinho triste. O meu pai gostava de ir à caça. Avisou logo que, não queria que eu amimasse muito a cadela, para depois a treinar. Calei-me muito caladinha e, sempre que podia, lá andava eu, com a cadela ao colo. Ela cresceu e, um belo dia, fomos de férias. No dia seguinte, o meu pai, arranjou as armas, o lanche e, participou que, ia levar a Fly, para se habituar. Ora aí, toda a gente ficou pasmada, porque a Maria, pediu para ir também. O meu pai, um bocado espantado, lá disse que sim. Lá fomos os três, de manhãzinha, pelos pinhais fora. Ele de vez em quando, dizia: pouco barulho. E nós, caladinhas. Nisto, apareceu um coelho grande, com enormes orelhas. O meu pai fez pontaria e, eu tive um grande ataque de tosse, a Fly desatou a ladrar e, o coelho fugiu. O senhor caçador, ficou furioso, mas não ralhou. Segundo coelho, segundo ataque de tosse, a Fly a ladrar e, novo coelho salvo. Claro que o meu pai, percebeu e, não gostou. No outro dia, foi só com a Fly, julgava ele. É que a Maria, ia atrás escondida e, cada vez que, ele dizia: Busca, Fly, busca, a Maria, assobiava baixinho e, a Fly fugia e, vinha ter com ela. Resultado: Nem a cadela foi à caça, nem a Maria, viu matar os bichinhos.
Esta morreu novinha. Antigamente, não havia vacinas para os cães. Algumas, nem sequer para os meninos. A Fly, apanhou uma doença, chamada “tosse do canil”. Assim como não havia vacinas, também não havia cura. Hoje, quase todos os cães e gatos, são vacinados, desparasitados, tratados, quando estão doentes. Naquele tempo, não era assim. Por isso, fiquei sem a minha querida amiga. Morreu, deitada nos meus joelhos, a olhar para mim, mas nem estava triste. Morreu feliz, ao pé da dona, vendo-a e ouvindo as palavras meigas, que lhe dizia. Chorei, nesse dia, chorei muitos dias, já passaram muitos anos e, ainda tenho saudades dela. Mas foi bom enquanto durou. Para mim e para ela.
Até amanhã, talvez. Ainda não sei com quem.
Durmam bem. Beijinhos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 3


Este, nasceu em Tomar. Como já disse, a minha casa só tinha varanda, portanto, o Nerhu, vivia em casa, tinha um caixote com areia na varanda e, levava os dias, à procura do sol, nas janelas de casa. Não era muito manso, mas era esperto. Tinha a mania, de dormir comigo. Eu não me importava, mas a minha mãe não queria. Começou a fechá-lo na cozinha. No outro dia, lá estava ele na minha cama. Isto aconteceu, muitas vezes. A minha mãe, dizia que, era eu que o ia buscar. Eu disse que não, jurei, chorei. Ninguém acreditava. Até que, eu me lembrei, que a brincar, punha muitas vezes, a pata dele, em cima do fecho da porta, carregava e, a porta abria. Ele aprendeu. Então, todas as noites, trepava para a mesa da cozinha, punha a pata no fecho, carregava, a porta abria e, lá ia ele ter comigo. Claro que, a partir daí, a porta ficava fechada à chave, para grande desgosto do gato e da Maria.
Ora, quando fomos para o Porto, a casa tinha quintal. Ele descobriu a rua e, começou a dar os seus passeios. Deve ter arranjado algumas namoradas, porque, quando mudámos de casa e o levámos, ele fugiu para a casa antiga.
Três vezes tentámos, três vezes fugiu. De vez em quando, ainda o víamos na rua, deixava fazer festas, mas se tentávamos agarrá-lo, fugia. Acho que ele deve ter casado e teve alguns meninos.
Voltámos a mudar de casa, para mais longe e, nunca mais o vi.
Espero que tenha sido feliz e, tenha tido meninos.
Beijinhos e até amanhã. Com quem? Logo veremos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria 2


O Kiss, nasceu em Coimbra e, era um cão de casa. Um dia, os donos não puderam continuar a tê-lo e, deram-no a pessoas que sabiam que, o iriam estimar. Quando chegou, era um “cão de água”, clarinho, lindo, que só comia carninha e leite e, procurava a companhia das pessoas e o calor do fogão.
Um dia, olhou pela janela e, viu a Ria. Logo que pôde, esgueirou-se, por uma porta aberta e, foi descobrir o mundo. Tinha pinhais, caminhos, a Ria, as regueiras e, se calhar, alguma cadela jeitosa, por quem se apaixonou.
Andou tudo doido, à procura dele. Já era noite, chegou ele, todo sujo, com um rato na boca e, um ar muito feliz. A cauda dele, parecia um moinho de vento. Deram-lhe banho, trataram alguns arranhões, feitos nas silvas e, ele foi deitar-se ao pé do fogão. O pior, é que o Kiss, provou o sabor da liberdade, respirou o ar dos pinhais, tomou banho na Ria e, gostou. No outro dia voltou à mesma vida. À noite, voltava. Às vezes chegava, com fitas verdes, penduradas. Sabem o que eram as fitas? Moliço, a alga da Ria, tão boa para adubar as terras, mas que dava um trabalhão para tirar do pêlo do Kiss. Gostava de crianças e, nós gostávamos dele. Era muito brincalhão. Se atirassem um pau à água, ele ia buscá-lo. Corria e brincava connosco. Só tinha um defeito: comia ratos. Eu, nessas alturas zangava-me com ele.
Já foi há tantos anos! O Kiss, morreu velhinho, mas foi um cão feliz. Sempre fez o que quis.
Podem ver na foto, como ele era bonito, mesmo quando andava sujo.
Até amanhã, com... Não digo. Amanhã saberão.
Beijinhos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Era uma vez a bicharada da Maria













O primeiro bicho, não é cão nem gato.
Era a Maria pequenina que, já gostava de bichos.
Hoje voltou, para contar as histórias dos seus amigos.

Há dias, prometi a um dos meus amigos mais novos, que no mês do Natal, contaria “Histórias de Bichos”. Como gosto de cumprir o que prometo, vou fazê-lo. Serão histórias verdadeiras, sempre que possível com fotografias verdadeiras, do herói do dia. Vão aparecer, cães, gatos e outros animais.
A todos conheci, melhor ou pior.
Quando aparecer, o título que está em cima, já sabem que é para vocês.
Hoje, só vou explicar o porquê, desta ideia. A Maria, que hoje é uma cota com netos, já foi pequena e, tinha uma Avó que, contava histórias que, a Maria menina, adorava. Essas histórias hoje, já não têm nada a ver com vocês. Por isso, me lembrei dos nossos amigos, os senhores bichos. Todos vocês gostam deles e, eu também.
Eles, sempre fizeram parte da minha vida. Quando vivia em Tomar, só tive gatos. As casa não tinham quintal e, a minha mãe não gostava muito de cães. Só nas férias, via cães e outros animais e, brincava com eles.
O herói de amanhã será um cão, muito especial. Depois... Não vou dizer.
Assim, será surpresa.
Até amanhã. Durmam bem. As férias estão a chegar.
Beijinhos.