segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril



Era Abril, um dia nevoento,
Podia vir El-Rei Sebastião.
Havia alegria, havia cravos,
E havia em cada alma a interrogação:
Será hoje que deixamos de ser escravos?
Ou voltará tudo a ser cinzento?
Vai acabar a guerra de verdade?
Quando saem os presos da prisão?
O sol abriu e, a esperança foi certeza.
Já se ouviam hinos à Santa Liberdade,
Já qualquer um era amigo, irmão.
E eu berrei bem alto a Portuguesa.
Durou pouco a ilusão de Liberdade.
Continuou a haver pobres sem pão.
E hoje resta apenas a saudade
De a todo o mundo se chamar irmão.

Maria
25 de Abril de 2011

19 comentários:

Unknown disse...

Mariamiga

Compreendo-te, mas há que reconhecer que o 25 de Abril continua vivo, ainda que muito deslavado...

Há frases que se tornaram estereótipos, como por exemplo 25 de Abril. Sempre! Não me parece necessário passar a vida a bradá-la. O que para mim é imprescindível é tê-lo no coração e na prática quotidiana. Lá chegaremos? Oxalá.

3abçs, bjs raquelianos e qjs para tu

Alva disse...

Olá Maria,

Nasci bem depois do 25 de Abril, mas na minha casa sempre me relataram "A Revolução dos Cravos" com muita saudade.

Talvez seja por isso que consigo compreender e sentir o teu poema...

E talvez seja por isso que posso te dizer que é lindíssimo e que me serviu de inspiração para escrever outras coisas...
Vamos lá ver se é desta que actualizo o meu blogue!

Muitos beijinhos para ti,
Da tua Pequenina

Maria disse...

Henriquamigo
Ainda agora está um a berrar a tal frase do "25 de Abril. Sempre". Já era tempo de mudar o calendário e andar para a frente.
O meu pai dizia muitas vezes, por causa de se falar muito das glórias passadas, uma quadra que rezava:
"Ser português é ser tarado.
É viver agarrado ao passado que morreu.
É como estar esfomeado
A lembrar um jantar que já comeu"

E com esta me vou.
Que Portugal tenha cura, é o que desejo.
Abs dos homens, beijinhos para a Raquel e queijinhos para tu
Maria

Maria disse...

Pequenina
Saudade é a palavra que melhor define os portugueses. Vivi o 25 de Abril em alegria plena. Tenho saudades desse tempo. Para mim, era o fim da ditadura que detestava, o fim da guerra que me tirou tantos amigos, o fim da pavorosa PIDE.
Não quero voltar ao dia 24, mas também me dói o estado a que chegámos.
Está nas tuas mãos de menina e nas dos outros jovens, tornar reais os sonhos que a minha geração e a seguinte sonharam.
Já não temos força.
Beijinhos
Maria

Je Vois La Vie en Vert disse...

O teu poema é muito bonito, Maria, e exprime bem toda a esperança que os portugueses colocaram nesse dia.
Relatei no KIM porque não gostei do 25 de Abril e hoje penso"eu era visionária?". Não, mas já tinha provado a liberdade e os inconvenientes dos abusos dela e não sabia nada da ditadura.
Pensado bem, o que adianta aos pobres ter a liberdade de dizer que têm fome e aos idosos que trabalharam muito para viver a velhice na miséria ? Ninguém os ouve...
Beijinhos
Verdinha

Laura disse...

É isso aí verdinha, tal e qual, nem preciso de acrescentar mais nada.
Nem todos pensaram que acabariamos assim, os pobres ainda são mais que muitos, os ricos também, enfim a exploração do homem pelo homem, continua...

Beijinho a todos.

laura

Maria disse...

Querida Verdinha
Compreendo perfeitamente o teu ponto de vista. Se estivesse no teu caso, sentiria o mesmo.
Visto do lado de cá, o 25 de Abril foi a libertação de uma tirania estúpida, duma guerra estúpida, nunca explicada, onde muitas mães, mulheres e crianças perderam o filho, o marido, o pai. Foi a guerra que me roubou amigos queridos, que devolveu estropiados física e moralmente muitos outros, que ainda por cima, hoje são tratados abaixo de cão. Além disso, havia a esperança de que a vida melhorasse para muita gente. Isso não aconteceu. Abusou-se da Liberdade, ainda há coisas que estão piores e, que talvez piorem mais.
Tudo tem dois lados, amiga. Ninguém me tirará a alegria desse dia, a união entre todos, no 1º de Maio e os sonhos que tive.
Não me conformo de ver que a miséria aumentou, que muitos aproveitaram a Liberdade para fazer mal.
Vou continuar à espera, que um dia, tudo mude. Não por mim, mas para os novos e as crianças. Gostaria de ver um país com crianças felizes, velhinhos tratados com a dignidade que merecem, cada pessoa com teto, comida e roupa suficiente. Gostaria que não houvesse desemprego. Tudo sonhos.
Já não vou à rua, porque não consigo viver neste mundo tão diferente do que sonhei. Nas noites de frio e chuva, quentinha na minha casa, penso nos que nada têm e lá se vai o sono.
Chega. É só isto que te queria dizer.
Um abraço grande
Maria

Maria disse...

Laurinha querida
Lê o que escrevi à Verdinha.
Tenho familiares que viveram no Ultramar e pensam como tu.
Cada um vê as coisas da maneira que lhe tocaram.
Eu compreendo e aceito.
A minha visão é outra. Mas Liberdade também é cada um ter e estar onde gostaria.
Beijinhos
Maria

Je Vois La Vie en Vert disse...

E os países africanos, Maria, o que o 25 de Abril lhes trouxe ? Miséria, mais miséria e as riquezas, em vez de serem aplicadas, são utilizadas por alguns, para viverem vidas ricas em ostentação mas pobríssimas em humanismo.
"Mas Liberdade também é cada um ter e estar onde gostaria.", dizes, mas achas que muitos tiveram escolha ?
Minha querida, continua a sonhar mas não te fecha ao mundo !
Felizmente, este ano, o 1º de Maio também será o Dia da Mãe.
Não queres sair da tua toca e ir até ao Hospital Santana, às 16h, para ouvir 2 coros (onde canto) que vão homenagear as mães com música variada e poemas ?
Beijinhos
Verdinha

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Lembro-me bem, Maria, de muitos portugueses, aqui no Brasil, a falar do 25 de Abril.
A gente só pode opinar "de cátedra", quando vive no país, com realação às mudanças. É como nós aqui, lá fora, as pessoas "acham" que o Lula, salvou o Brasil, não foi bem assim, a corrupção, a bandalheira foi grande, com a conivência dele...A educação e a saúde está um caos..."bolsa família", é paternalismo e incentiva o não trabalhar....e por aí vai, amiga.
Mesmo assim, viva o 25 de Abril!
Carinhoso abraço

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Lembro-me bem, Maria, de muitos portugueses, aqui no Brasil, a falar do 25 de Abril.
A gente só pode opinar "de cátedra", quando vive no país, com realação às mudanças. É como nós aqui, lá fora, as pessoas "acham" que o Lula, salvou o Brasil, não foi bem assim, a corrupção, a bandalheira foi grande, com a conivência dele...A educação e a saúde está um caos..."bolsa família", é paternalismo e incentiva o não trabalhar....e por aí vai, amiga.
Mesmo assim, viva o 25 de Abril!
Carinhoso abraço

Maria disse...

Verdinha amiga
Os países Africanos tiveram a liberdade a que tinham direito. Se não a souberam aprroveitar, lamento.
Mas porque mandaram para lá tantos rapazes contrariados, quase sem preparação, que não sabiam pelo que estavam a lutar? Alguém lhes pediu a opinião? Alguém perguntou se queriam ir? Alguns sairam de Portugal para o estrangeiro, sujeitaram-se a fazer tudo e mais alguma coisa, para não enfrentarem uma guerra que não queriam.
Os que foram contrariados lutaram para defender o quê?
Repara que a Bélgica também deu a independência ao Congo. O tempo do Colonialismo tinha acabado.
De politíca percebo pouco, mas humanamente sinto, que todos têem direito de poder chamar sua, a uma terra.
Mais uma vez em desacordo, mas a amizade também é isso: poder discordar, sem deixar de ser amigo.
Abraço grande
Maria

Maria disse...

Lucinha amiga
"Quem sabe o que está no convento, é quem lá está dentro", dizia a minha avó.
Nós, aqui, achamos o Lula um tipo porreiro mas, vocês que aí vivem, é que sentem o que se passa de verdade. Mesmo com toda a tecnologia, é impossível julgar o que não se vive.
O mundo está um caos. Isso é a única coisa que todos temos a certeza. Nunca vi tanta guerra, tanta miséria. Até a natureza está zangada. Mudou tudo.
Este já não é o meu mundo.
Queria que houvesse paz, comida, habitação decente para todos. Liga-se a TV e só vemos desgraça. É triste, amiga.
Um beijo grande
Maria

Kim disse...

Apesar do 25 de Abril ter acabado por ser desvirtuado, sei que valeu a pena.
O povo vivia miseravelmente, como também se vivia em países ditos democráticos e era preciso que isto mudasse. Infelizmente não temos sabido aproveitar a liberdade que esse dia nos deu.
Agora resta-nos esperar e pagar o preço bem alto que custam todos os erros.
Beijinho Petite Marie

Je Vois La Vie en Vert disse...

Minha querida,
Em desacordo nós ? Acho que não, porque afinal, no fundo, no fundo, o que nós as duas gostavamos de ver eram as pessoas felizes...
Então não sei que a Bélgica deu a independência ao Congo ? Fugi com a roupa que tinha no corpo, tinha eu 6 anos...
Muitos beijinhos
Verdinha

Green Knight disse...

Maria!... Quem é que não comungou deste sentimento, nesse dia histórico?...
Mas os maus indicadores não tardaram.
Os trabalhadores cediam a qualquer tipo de solidariedade.
Lembro-me de um tal ministro do trabalho usurpar aquilo que os tabalhadores deram voluntáriamente "o que vendiam"
O dinheiro das formações profissionais, que a Europa nos enviava também mereceram destaque nos noticiários da TV.É só um pequeno exemplo do que nos aconteceu.
Com um povo às cegas, no mundo político,fiquei com muitas saudades dos intelectuais, que se foram esbatendo conforme se foram colocando e qual lutadores antifascistas foram desaparecendo.
Como se não bastasse, o meio académico murchou nas garraiadas, besanas e a juventude desinteressou-se.
Mas minha amiga, a vida não permite muitos erros. Não é o cair, que é o mais importante. O modo como nos levantamos, esse sim!...
Vamos acreditar que vai acontecer o melhor.
Desejo, que não seja pelo método irracional.
Um beijinho Maria e um abraço ao Corvo
jrom

Maria disse...

Kim amigo
Cada vez me convenço que o significado de Liberdade nunca foi bem explicado. Foi isso que estragou o nosso 25 de Abril.
O meu pai dizia uma frase de alguém de quem não lembro o nome: "A minha liberdade termina, onde começa, a do meu vizinho".
Ainda iremos a tempo de recomeçar? Como e com quem?
Ainda há uma sementinha pequenina de esperança que me recuso a deixar morrer.
É nestes momentos que sinto, com amo este país lindo. Miserável, degradado mas, tão bonito!
Beijinho amigo
Maria

Maria disse...

Jrom amigo
Levantar, talvez devesse ser a Palavra de Ordem. "Levantar Portugal!"
O pior é saber como.
As ajudas do FMI na Grécia e na Irlanda estão a resultar? Sabemos que não. A Grécia já está com juros de 29/º e na Irlanda a miséria aumentou. Será diferente connosco? Queria muito acreditar que sim, mas não consigo.
Não acredito em milagres. A fome e a miséria estão para ficar e piorar.
Mesmo assim, o 25 de Abril é nosso. Nunca ninguém fará, que quem o viveu com alegria, o esqueça.
Abraço
Maria

Ritinha disse...

O importante é que a esperança não esmoreça. Não podemos baixar os braços depois de tudo aquilo que já lutamos!