
Não sou cigana. Que eu saiba, nem sequer há ciganos na minha ascendência. Nem sequer tenho amigos ciganos. O meu filho tem um desde a escola primeira classe até hoje. Vende em feiras, vive como cigano, mas os dois estimam-se e respeitam-se.
Só lidei com ciganos de perto, há 60 e tal anos, quando por vezes, iam pedir ao meu tio para acampar dentro da Quinta. Eram ciganos muito pobres. Duas carroças desconjuntadas, dois burros, que alem de puxarem as carroças, serviam de alimento a tudo quanto era mosca, mosquito e outros insectos. À noite abrigavam-se sobre e sob a carroça, cobertos com serapilheiras, mantas, jornais. Sabiam que ali haveria sopa quente, pão e leite para as crianças. Não me recordo de alguma vez ter desaparecido alguma coisa. A roupa estendida nos varais ou estendida a corar estava lá toda. No dia seguinte partiam com a barriga cheia, mais pão e leite. Eram escuros, magros, andrajosos. As crianças nuas da cintura para baixo, de monco no nariz, eram engraçadas.
Estes eram os que os que conheci. Fernando Namora, escritor e médico, fala muito deles no seu livro “Retalhos da vida de um médico”. Aí aprendi mais coisas sobre os ciganos. Como em todas as raças e etnias, há bons e maus. Têm defeitos e qualidades. São orgulhosos, vingativos, aldrabões. Tudo coisas que acontecem em todas as raças e etnias. São diferentes? Talvez.
Vem tudo isto a propósito da vergonha que Monsieur Sarkozy está a fazer passar a França, país que sempre foi bandeira da Liberdade, mãe de todas as revoluções.
Monsieur Sarkozy nasceu em França, filho de pai húngaro, descendente de nobres e antigas famílias da Hungria e da Boémia.
Será que sua excelência se esqueceu de que os ciganos já viviam em França antes de o seu ilustre progenitor para lá ir?
Será que não leu “Nossa Senhora de Paris”? A bela Esmeralda era cigana.
Ou alguma cigana não quis fazer parte do seu harém, monsieur le président? Sabe, as ciganas geralmente são fiéis, o que nem sempre acontece com as artistas de variedades, a que o senhor está habituado.
O lema da Revolução Francesa foi traído por si. Liberté, Égalité, Fraternité. Onde, monsieur ?
Até um dia destes.
Só lidei com ciganos de perto, há 60 e tal anos, quando por vezes, iam pedir ao meu tio para acampar dentro da Quinta. Eram ciganos muito pobres. Duas carroças desconjuntadas, dois burros, que alem de puxarem as carroças, serviam de alimento a tudo quanto era mosca, mosquito e outros insectos. À noite abrigavam-se sobre e sob a carroça, cobertos com serapilheiras, mantas, jornais. Sabiam que ali haveria sopa quente, pão e leite para as crianças. Não me recordo de alguma vez ter desaparecido alguma coisa. A roupa estendida nos varais ou estendida a corar estava lá toda. No dia seguinte partiam com a barriga cheia, mais pão e leite. Eram escuros, magros, andrajosos. As crianças nuas da cintura para baixo, de monco no nariz, eram engraçadas.
Estes eram os que os que conheci. Fernando Namora, escritor e médico, fala muito deles no seu livro “Retalhos da vida de um médico”. Aí aprendi mais coisas sobre os ciganos. Como em todas as raças e etnias, há bons e maus. Têm defeitos e qualidades. São orgulhosos, vingativos, aldrabões. Tudo coisas que acontecem em todas as raças e etnias. São diferentes? Talvez.
Vem tudo isto a propósito da vergonha que Monsieur Sarkozy está a fazer passar a França, país que sempre foi bandeira da Liberdade, mãe de todas as revoluções.
Monsieur Sarkozy nasceu em França, filho de pai húngaro, descendente de nobres e antigas famílias da Hungria e da Boémia.
Será que sua excelência se esqueceu de que os ciganos já viviam em França antes de o seu ilustre progenitor para lá ir?
Será que não leu “Nossa Senhora de Paris”? A bela Esmeralda era cigana.
Ou alguma cigana não quis fazer parte do seu harém, monsieur le président? Sabe, as ciganas geralmente são fiéis, o que nem sempre acontece com as artistas de variedades, a que o senhor está habituado.
O lema da Revolução Francesa foi traído por si. Liberté, Égalité, Fraternité. Onde, monsieur ?
Até um dia destes.