sábado, 31 de outubro de 2009

Quentes e Boas, Frescas e Perfumadas


Lembrei-me hoje, que no dia um de Novembro, em casa dos meus pais se comiam as primeiras castanhas assadas, ou cozidas com erva doce. Era dia de Pão por Deus. A campainha da porta tocava o dia todo. Eram os meninos a pedir o Pão por Deus. Nós não sabíamos o que era “o dia das bruxas”, não gastávamos dinheiro em mascaradas, não éramos “civilizados”. Bastava-nos um saquitel de pano, ou um pequeno cesto e ala moços e moças que se faz tarde, lá íamos bater às portas amigas e conhecidas, levantar o nosso quinhão. Era marmelada, frutos secos, bolinhos, rebuçados e castanhas. Voltávamos à noitinha, cansados e contentes.
Os que nos batiam à porta, também iam bem servidos. Eram dias de festa, sem grandes gastos.
Mas falando em castanhas, as lembranças vão para Lisboa, para o Rossio, a Rua do Carmo, o Chiado. Nas nossas andanças por essas paragens, eu e a minha prima, a minha Margarida, habituámo-nos a sentir o cheiro da Lisboa Outonal. Cheirava a castanha assada e violetas, duas coisas que ambas adorávamos.
Três raminhos de violetas, um em cada casaco, o terceiro para levar à avózinha, uma dúzia de castanhas, embrulhadas em papel de jornal e, felizes como passarinhos livres, subíamos e descíamos o Chiado, empoleiradas em saltos de agulha, olhando as montras lindas e sonhando um dia, comprar aquelas roupas, as jóias, os perfumes. Eram tardes felizes. Quando conseguíamos ter algum dinheiro, entrávamos na Bénard ou na Versailles, pedíamos um chá e duas chávenas e uma torrada douradinha, que se derretia na boca. Esses, eram os dias de luxo. Os outros, os das castanhas, também eram bons. Cada uma pegava no cartucho à vez, para aquecermos as mãos mal protegidas pelas luvas. Ficávamos quentinhas, consoladas. O passeio acabava à noitinha, voltávamos a casa e a avózinha nem ralhava, porque lhe levávamos violetas, a sua flor querida.
Agora, as castanhas são poucas, caras, metidas em sacos de plástico e das violeteiras, nem sombra. Ficou tudo no passado. A avózinha, a minha Margarida, a juventude. Só ficaram alguns sonhos de que não abro mão. Quais? Não digo, são sonhos meus.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Meu Rio


Chamaram os romanos, quando por lá andaram, Nabância ou talvez Sellium, à minha terra. Um rio por lá passava e tinha o nome de Tamarara ou Nava. Se foi o rio que deu o nome à terra, ou a terra que deu o nome ao rio, não sei, não tenho certezas a esse respeito. O facto é que a Terra se chama Tomar (de Tamarara?), o Rio se chama Nabão (de Nava ou de Nabância?).
Nasce em Ansião, pequeno regatinho, vai recebendo água pelo caminho, chega ao Agroal e recebe todo o caudal da nascente que lá existe. Aí, sim, torna-se Nabão e deixa de ser Nabinho. Corre até Tomar, ora manso e sereno, apertado entre fragas, ora saltando rápidos, ora espraiando-se pelos campos, onde se encontra a melhor hortaliça e fruta do País. Já moveu fábricas, noras, já lavou toda a roupa suja de Tomar e arredores. É lindo em todo o seu curso. Mas ao chegar a Tomar, torna-se mais bonito ainda. Ele é o espelho dos salgueiros, reflecte partes do Castelo, move a Roda, símbolo de Tomar e meu.
É este o Meu Rio. Bem perto dele nasci. Talvez porque era inverno, se ouvisse o sussurro das suas águas. Era meio-dia em ponto quando vi a luz do dia. O sino de São João batia as horas, a Nabantina tocava em frente à minha casa. Foram os primeiros sons que ouvi. Maior, corri pelas suas margens, molhei os pés no rio, andei de barco, passei vezes sem conta a velhinha ponte de madeira, só montada no verão. Sim. A mesma que alguém de mau gosto, substituiu por aquela coisa que ocupa metade do Mouchão e que é horrível. Por acaso a mesma pessoa que cortou árvores onde não devia, que substituiu as velhas pedras roladas da minha e outras ruas, por um pavimento feio e piroso. Por acaso a mesma pessoa que deixou os lindos jardins ao abandono, por acaso a mesma pessoa, que pouco se importa que a Janela da Sala do Capítulo esteja em perigo, que a Rua pé da Costa de Cima corra o risco de desabar, etc. etc. etc.
Bem. Eu só ia dizer como é lindo o meu rio. Cliquem na foto.
Se não quiserem ler o que escrevi, não leiam. Foi só a revolta da Pata Brava da Maria que me obrigou a mostrar a minha raiva. As patas bravas quando chegam a velhas, ficam rezingonas, dizem mal de tudo.
Até um dia deste e façam o favor de ser felizes.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Regresso


Perto daqui, vivi todas as férias da minha infância e adolescência. A Ria de Ovar, é uma lembrança doce e triste.
Hoje, vi este quadro de Catherine Labey e, tudo me veio à memória: cores, cheiros, ruídos, imagens. Lembrei-me, de pessoas, de bichos, de dias de outono, em que tudo se aquietava, lentamente, até a noite cair. Da Ria, subia uma neblina ténue, das casas pequeninas subia um fuminho, havia no ar um cheiro a resina e lenha a arder. Os homens, as mulheres e as crianças, recolhiam a casa, depois de um dia inteiro nos campos. O gado, já dormia. Os carros de bois, já não chiavam, como durante o dia. O rumor leve, dos Moliceiros, quase não se ouvia.
Dentro de casa, o calor da lareira, o aroma da comida e novamente o cheiro acre da resina, das pinhas, da lenha.
E da janela do meu quarto, olhava a Ria, tranquila, prateada, varada pelos saltos das tainhas. De longe em longe, umas palavras soltas, o som metálico dos tachos no fogão. Depois, uma voz alta que dizia: “a ceia está na mesa!”.
Parava de sonhar e olhar a Ria. Descia a escada escura e, entrava na sala iluminada e quente da lareira.
Foi tudo isto que voltei a ver, olhando este quadro. Hoje tudo é diferente. Mas para mim, é tudo sempre igual. Guardo tudo avidamente, na memória e na saudade imensa, de um tempo em que era fácil ser feliz.
Por mais que faça, é sempre o passado que, volta a dominar-me o pensamento.
Obrigada, Catherine Labey. O seu quadro, deu-me hoje uns momentos felizes.
Não sei viver neste mundo que não entendo.
Este post já foi publicado no meu primeiro Blogue.
Hoje andei todo o dia a pensar na minha Ria.
Como a inspiração não me ajudou, resolvi repeti-lo.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Peregrinação


Isto hoje vai em estilo tragicomédia, ainda não sei em quantos actos.
1º Acto
Marido a caminho do posto do Posto de Saúde, várias sextas feiras às oito da manhã, para conseguir marcar uma consulta para a mulher. A semana passada conseguiu uma, com o nº 1.
2º Acto
Mulher levanta-se às 7 horas, para estar pontualmente no dito posto às oito horas.
3º Acto
Fila que dá volta ao quarteirão, formada por pessoas a bater os dentes com frio.
4º Acto
Afinal o nº1 era de uma lista nº não sei quantos.
5º Acto
Cento e tal pessoas dentro de um corredor e uma sala pequena dividida ao meio por um balcão, atrás do qual estão três amáveis funcionárias que explicam que tem que ser devagarinho, porque o Sistema Informático pifou.
A fila anda lentamente enquanto as pessoas começam a refilar com tudo e todos, a mulher incluída.
6º Acto
10 horas, lá entra a criatura, pede os medicamentos e sai.

Ora agora, que já brinquei com coisas sérias vem o resto.
O dito Posto há anos que não tem condições nem para um quinto dos doentes. Possui uma única casa de banho para homens e mulheres, em condições de higiene mais que lamentáveis. Suja, sem sabão para lavar as mãos, nem papel higiénico, nada.
O engraçado, é que na sala e corredores, as paredes estão decoradas com belos cartazes sobre os cuidados a ter com a famigerada gripe A e outros que explicam minuciosamente com imagens, como lavar as mãos. Pedido sabão, não há. Livro de reclamações, está em parte incerta.
Onde é este Posto? Não vale a pena dizer. Todos conhecem algum igual.
Só vos dou um conselho: se puderem, façam um Seguro de Saúde. Porque se estão à espera do médico da Caixa, é melhor não se darem ao luxo de estar doentes. Garanto que lá não se tratam e ainda trazem de brinde mais doenças e os nervos feitos num feixe.
Se querem animar-se vão ver os nossos belíssimos, caríssimos e cheíssimos, Estádios de futebol. Aí sim, há saúde, alegria, boas acomodações. É outro asseio. E claro, eram a prioridade máxima para o nosso povo. Bem empregados impostos.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Meu Pai


Faz hoje oito anos partiste. Estavas cansado de lutar com a idade e o sofrimento. Tinhas feito noventa e dois anos dia um e achaste que chegava.
Sofro muito ainda. Vou sofrer sempre. A falta que me fazes, é cada vez maior.
Não te quero escrever uma carta triste e magoada.
Quando eu era pequenina, fizeste-me uns versos para a minha mãe me cantar, com a música de uma canção em voga.
Adormeci os meus filhos e netos com ela centenas de vezes.
É esse testemunho de amor que hoje deixo aqui:

Minha filha

Minha filha dorme bem o teu soninho,
No teu berço aconchegado como um ninho.
Sonha só com teus bonecos e teus pais,
Com flores, coisas lindas, nada mais.

Sonha com a avó, com as tias,
É preciso que tu rias
E tenhas vida feliz!
Minha filha,o amor de mãe é sempre assim
E no mundo só tu vales para mim.

Não te enchas de ilusões, querida,
Com os mimos que a mãe te der.
O teu pai dava por ti a vida,
Como ela também te quer.

E afinal eu só queria
Ter uma vida sem fim...
E ter-te muito abraçada, amor
E o teu pai junto de mim.

A última vez que a cantei, foi para ti. No dia em que te levaram para sempre, cantei-a baixinho, como quem reza, junto ao teu ouvido.
Depois, nunca mais a cantei. Ficará para sempre como símbolo do nosso amor.
Lembras-te dos nossos amores-perfeitos da casa do Carvalhido?
Aqui vão, num mau desenho meu, feito para a Mãe há muitos anos. Hoje são para ti. Ela não se ia importar.
Um beijo meu Pai e a saudade imensa da tua fila.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes. Eu hoje não sou capaz.

domingo, 18 de outubro de 2009

O meu primeiro amor


Tínhamos a mesma idade e conheciam-nos desde bebés.
Crescemos juntos até perto dos cinco anos e éramos quase inseparáveis. Chamava-se João (tinha que ser), era loiro, grandes e lindos olhos azuis, meio encobertos por óculos. O João via muito mal. Quando brincávamos, a minha mão tinha a mão do João sempre agarrada. Os nossos pais trabalhavam juntos, as mães eram amigas. Nos jardins da Cerca ou do Mouchão brincávamos, corríamos, andávamos nos baloiços, no escorrega, sempre de mãos dadas. Chamavam-nos namorados e nós acreditávamos. Nada nos separava, só a noite quando íamos dormir e as férias.
E foi nas férias que tudo acabou.
Passaram sessenta anos e lembro tudo com uma precisão enorme.
Nós estávamos de férias no Carregal, perto de Ovar. Ele ficou em Tomar. Uma manhã o telefone tocou, chamaram o meu pai, ele ouviu, ficou lívido e só disse: Vou já para aí. Fechou-se no quarto com a minha mãe, ouvi-a chorar e ouvi o nome do João e o meu. Qualquer coisa me alertou para uma tragédia. O pai partiu, depois de me abraçar com força e a mãe, entre lágrimas e soluços, contou-me, com a delicadeza possível o que acontecera.
O avó do João tinha uma loja de ferragens e vidros na minha rua. O João entrou a correr na loja e foi bater com o pescoço num vidro que estavam a cortar. A minha mão não estava lá para o deter. Era só isso que eu sabia dizer no meio dos gritos de dor.
Foi há tanto tempo! Porque me lembrei disto hoje? Não sei. Não recordo, sequer com precisão, a data em que isto se passou. Mas é Outubro e Tomar, a Feira, as lembranças do tempo de infância, andam constantemente na minha cabeça. Hoje foi esta tragédia que enlutou Tomar e me marcou a mim para sempre, que me veio à memória.
Adeus João, meu amigo, meu primeiro amor tão tristemente acabado.
Houve outros amores, uns rápidos, outros mais compridos que acabaram. Um dia apareceu outro João e foi para toda a vida.
Mas dizem que o primeiro amor nunca se esquece. Comigo foi assim.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não se apagam borrões com pingos de tinta


Maieté Proença, actriz e escritora brasileira fez um vídeo altamente ofensivo para os portugueses.
Sempre embirrei com a senhora, quer como pessoa, quer como actriz. Por essa razão nunca me despertou a atenção ler o que escreve.
Agora que o livro foi lançado em Portugal e depois de alguns milhares de portugueses terem visto a forma deselegante como se portou no dito vídeo, volta à cena para explicar que tudo foi dito num contexto humorístico e que os portugueses não têm senso de humor. Apela para o avozinho português, tentando comover-nos com o grande amor que tem a Portugal e com o facto de ser portuguesa.
A “senhora” não tem um pingo de vergonha ou amor próprio. A melhor maneira de lhe demonstrarmos que não somos assim tão estúpidos, é não comprar o livreco, evitando assim, dar mais uns Euros a quem nos trata mal.
Já está uma petição na net. Eu já assinei.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes, como dizia o nosso Solnado, que tão bem fazia rir, sem ofender.

sábado, 10 de outubro de 2009

E às vezes a tristeza faz-nos rir...


A cena passou-se há quase quarenta anos. Lembrei-me hoje dela, porque após esta época de doenças, sustos ,medos, me deu para pensar noutras épocas parecidas.
A avó do meu marido tinha diabetes, já tinha tido que amputar uma perna e a doença estava a provocar mais estragos. O médico que a tratava, era um senhor já de idade avançada, médico de toda a família. Um dia, vendo-a muito prostrada, as filhas chamaram o Doutor. Quando ele chegou, a casa estava cheia de gente, incluindo uma cunhada da enferma, velhinha ela também. Ele entrou no quarto, onde ficaram as filhas e a cunhada. Os outros ficaram à porta, prontos para ouvir a opinião do nosso “João Semana”.
Examinou-a, sentado na cama ao lado dela e depois de um bocado, começou a fazer perguntas. A partir daqui vai em discurso directo para melhor compreensão:

Doutor para a doente:
Então como te chamas?
Cunhada:
Ó Senhor Doutor, o senhor não sabe o nome da minha cunhada? É Rosalina.
Doutor: Cala-te Rosa.
Doutor para a doente:
Quantos anos tens?
Cunhada:
Ó Doutor, a minha cunhada tem 78 anos.
Doutor:
Cala-te Rosa.
Doutor para a doente:
Como se chamava o teu marido?
Cunhada:
Ó Doutor, então já se esqueceu do nome do meu irmão? Era João.
Doutor:
Cala-te Rosa.
Doutor já irritado, para a doente:
Quantos filhos tens?
Cunhada:
A minha cunhada tem sete filhos, três raparigas e quatro rapazes, mas dois rapazes já morreram. Até foi o Doutor que os tratou!
Doutor completamente transtornado:
Ó Rosa cala-te e vai-te embora!
Cunhada:
Ó Doutor eu só estava a responder, porque a minha cunhada está doente.

Saiu indignada e nem percebeu as explicações das sobrinhas, resmungando entre gengivas: Este Doutor foi sempre muito malcriado e agora depois de velho está pior.
Apesar da aflição em que estávamos, foi gargalhada geral, que incluiu o médico e a doente.
Pobre tia Rosa, tão bem intencionada e tão inconveniente.
Esta foi mais uma história antiga que a Maria viveu.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Para Alguém


Para Alguém que à tua sombra nasceu e à tua sombra repousa.
Para ti que tinhas a grandeza de alma que o Pico tem de altura.
Beijos para a minha irmã, sobrinhos e para teus irmãos.
Para ti, meu cunhado querido, toda a imensa saudade que sinto.

Até um dia destes.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cem anos Pai


Entre estas duas fotografias medeiam 89 anos. Na primeira és um bebé com um ano, na segunda um velhinho com 90.
Em ambas a mesma expressão feliz. Foste, ou tentaste sê-lo sempre.
A vida não foi fácil. Perdeste o teu Pai muito novinho, tiveste que trabalhar cedo, perdeste dois irmãos novos, ficaste sem a nossa mãe, o teu grande amor, uma filha, a Avó e mais irmãos, mas sempre reagiste a tudo.
Nascido em Alcobaça faz hoje cem anos, foi Óbidos a terra da tua infância feliz. Depois as Caldas, de onde vieste para Lisboa, após a morte do Avô. Um dia, em visita a umas primas em Ovar, encontraste aquela que foi o teu grande amor, a nossa Mãe.
Após um namoro longo e quase sempre por carta, veio o casamento, a ida para Tomar, os filhos. Foste muito feliz lá, não foste, Pai? Éramos muito felizes então. A saída de Tomar para o Porto custou-te muito. Deixavas para trás os teus amigos, as paródias, anos de vida. Mas chegaste ao Porto e em pouco tempo, tinhas novos amigos e eras feliz de novo.
Depois os filhos foram vindo para Lisboa e nasceram netos. E tu vieste atrás de nós. Afinal estava cá toda a família. A morte da Mãe desesperou-te, mas mais uma vez, conseguiste refazer a tua vida.
Tínhamos pensado, ou melhor, a ideia foi do meu irmão, fazer hoje uma grande reunião de filhos, netos e bisnetos. Ele adoeceu e ficámos sem pernas para andar.
A tua prenda, Pai, é que o teu filho, o teu orgulho, está a recuperar.
A reunião há-de fazer-se qualquer dia.
Todos beberemos um copo no sítio em que estivermos. Darei aos meus irmãos aquele último beijo que me deste, porque eu estava ao pé de ti, mas que era para os três. Lembraremos as tuas historias, o teu carinho, as tuas fúrias horríveis. Falaremos do amor lindo entre ti e a nossa Mãe. Talvez uma lagriminha teimosa caia dos nossos olhos. Mas faremos os possíveis para nos sentirmos felizes, porque era isso que tu querias, meu Pai, minha Saudade imensa.
Tinha muita coisa para te contar. Mas há coisas tristes que não te direi hoje. Fica para outro dia.
Um beijo da tua “fila”, que te irá amar até ao fim.
Nós, até um dia destes e façam o favor de ser felizes. Ele foi, enquanto pode.