terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Fim" de Mário Sá Carneiro por Luís Represas

Outro poeta meio esquecido e pouco divulgado. Hoje é Luís Represas quem o apresenta.
Em baixo segue o poema por escrito.




Fim
Quando eu morrer batam em latas
Rompam aos saltos e aos pinotes
façam estalar no ar chicotes
Chamem palhaços e acrobatas
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à Andalusa
a um morto nada se recusa,
eu quero por força ir de burro. 
  Mário de Sá Carneiro
Até um dia destes
Maria

domingo, 28 de agosto de 2011

Cesário Verde dito por Mário Viegas

Cesário Verde, o poeta de Lisboa, anda muito esquecido. Morreu novo e foi pena, pois muito havia a esperar dele.
"De tarde", um belo poema com certa malícia, conta a história de um piquenique de burguesas. Com este calor, será bastante refrescante ouvi-lo.



De tarde

Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.


Até um dia destes

Maria





quinta-feira, 25 de agosto de 2011

"Não sei Ama onde era" Fernando Pessoa dito por Mário Viegas

Esta Poesia lembra-me a infância. O tempo em que a menina sonhadora que eu era, pedia à Avó: "Conta uma história Vó" e, a Avó contava.
Fernando Pessoa dispensa palavras. Mário Viegas também. Poesia pouco conhecida do poeta, acho-a linda.



Segue o poema por escrito.

Fernando Pessoa

Não sei, ama, onde era,

Não sei, ama, onde era,

Nunca o saberei...

Sei que era Primavera

E o jardim do rei...

(Filha, quem o soubera!...).

Que azul tão azul tinha

Ali o azul do céu!

Se eu não era a rainha,

Porque era tudo meu?

(Filha, quem o adivinha?).

E o jardim tinha flores

De que não me sei lembrar...

Flores de tantas cores...

Penso e fico a chorar...

(Filha, os sonhos são dores...).

Qualquer dia viria

Qualquer coisa a fazer

Toda aquela alegria

Mais alegria nascer

(Filha, o resto é morrer...).

Conta-me contos, ama...

Todos os contos são

Esse dia, e jardim e a dama

Que eu fui nessa solidão.


Até um dia destes

Maria



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Natália Correia em casa de Amália

Esta é a primeira poetisa a aparecer. Admiro-a como mulher, poetisa, lutadora. De novo em casa de Amália, Natália Correia e "A defesa do poeta". Gosto muito deste poema. Espero que gostem, também.



Até um dia destes
Maria


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

David Mourão Ferreira e de novo Amália

Parece que todos os poetas vão dar a Amália. Quem melhor, para transmitir os seus sentimentos?
Com música de Alan Oulman, o francês que deu volta ao fado e poema de David Mourão Ferreira, o "Abandono" ou "Fado de Peniche", na Voz do Fado.



Como podem ver, trata-se de um ensaio onde há pequenos enganos. Para que leiam o poema em toda a sua beleza, cá vai ele:


Abandono

Amália
(David Mourão-Ferreira / Alan Oulman)

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

Apreciem, vale a pena.

Até um dia destes

Maria



sábado, 20 de agosto de 2011

Retrato de Amália feito por Ary dos Santos

Mais um poeta. Gravação feita em casa da nossa Fadista.


Bom fim de Semana e... Até um dia destes.
Maria

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Manuel Alegre em Nambuangongo

Gosto deste poema. Fala de coisas que todos nós, os do meu tempo, gostaríamos de não ter vivido mas, vivemos. Uns lá, outros aqui, a todos nos marcou. Quem não perdeu alguém, amigo ou familiar? Quem os não viu, voltar marcados no corpo e no espírito? É triste. Também vós, os mais novos, tiveram lá pais ou tios.
Mas é para os que passaram pelas guerras de África, de um ou outro lado, como Alegre diz, que segue esta postagem. Dito pelo poeta, no local onde tudo se passou.



Até um dia destes
Maria

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mãezinha

Mais um poeta. Hoje elegi António Gedeão. Porque gosto especialmente deste poema, porque os meus pais fariam hoje anos de casados, porque quero partilhar convosco, algo que me diz muito. Queria publicar o video do Mário Viegas mas, não encontrei. Dos que vi, escolhi este, dito por Vitor D`Andrade, de que gostei muito.
Deixo-vos com ele e Gedeão.
Eu vou almoçar com o meu irmão. Vamos festejar uma data que nos diz muito, apesar da ausência dos nossos pais.

Até um dia destes
Maria

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Não tenho tempo

Não sou eu que não tenho tempo. É o titulo de um poema do poeta brasileiro, Neymar Barros, adaptado para português de Portugal, antes do acordo ortográfico. Dito por Victor de Sousa.


Às vezes, não temos tempo.
Até um dia destes
Maria

sábado, 6 de agosto de 2011

Um Poeta Esquecido

José Régio dito por João Villaret.
Quem se lembra deles?
Até um dia destes