Nada que eu não esperasse. Tinhas 99 anos, estavas muito
velhinha e cansada. Chegou o teu dia.
Foste, uma das mulheres mais admiraveis que conheci.
Criaste 4 filhos, um dos quais, com o sindroma de Down.
Conseguiste, que lêsse, escrevêsse, fizesse contas. O nosso Henrique, um
cavalheiro muito educado, ainda vive, apesar da esperança de vida deles ser
curta, chegou aos 61 anos. Está mal, não conhece ninguém, mas teve uma vida
feliz. Tu partiste descansada, sabendo que a irmã, continuará a tratar dele.
Dedicaste a tua vida, a pessoas como ele, primeiro em
África, depois em Cascais.
Em África a vida foi dura, com o meu Padrinho doente, mas tu
eras uma lutadora, uma mãe coragem. Aqui, conseguiste comprar a tua casinha,
trabalhaste até conseguires. Os anos passaram, um AVC diminuiu-te muito e,
foste para casa da filha, a minha querida prima, tão valente, tão sofrida, que
te devolveu todo o amor e carinho, que lhe deste.
Dizer que te amei é pouco. Desde pequenina, tinha por ti uma
admiração sem medida, sentia-me orgulhosa de ser tua sobrinha e afilhada,
adorava quando me achavam parecida contigo.
Esta foto, tirada na última vez que te vi, lembra-me que
falámos, rimos, até cantarolámos as
duas. As nossas mãos estiveram sempre apertadas, as nossas mãos tão parecidas.
Sabes? Foste a irmã querida do meu Pai, eras um pedaço dele,
que ainda vivia.
Não sou capaz de escrever mais.
Vera, Zé Manel, Nica, meu querido Quico, a vossa prima é
muito vossa amiga. Um abraço grande e beijinhos para vós, maridos, mulher e
filhos, da vossa Maga.
Madrinha, adeus. Um último beijo, um último pedido: A tua
benção.
Da tua sobrinha e afilhada que nunca te esquecerá e vai
sempre amar-te.
Maga
Amigos: Até qualquer dia.
Maria