terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não coma. Veja o Masterchefe


Num país onde a fome é cada vez mais, onde todos os dias se ouvem previsões catastróficas, sobre o dia de amanhã, onde fecham todos os dias, Restaurantes por falta de clientes e impossibilidade de manter os preços, onde as donas de casa fazem uma tremenda ginástica para por a comidinha na mesa, onde os carros do supermercado saem cada vez menos cheios, vindo a bolsa mais vazia, onde cada vez mais se recorre à sopinha dos pobres, há algo que aumentou nos écrans da TV: os programas de culinária. Sempre os houve, é verdade. Mas não havia comparação possível. Que saudades da Maria de Lurdes Modesto e das suas receitas simples, bem confeccionadas, usando ingredientes que, todos conheciam! Que saudades da Filipa Vacondeus, mais virada para a cozinha regional portuguesa, cozinha rica e saudável! Devo-lhes muito do que sei e, não cozinho mal, dizem. E houve o Mestre Silva, simpático, brincalhão que preparava bons pratos e petiscos.
Uma vez por semana, lá vinha a receita que, era escrita numa qualquer folha de papel, para uma próxima experiência culinária.
Agora tudo mudou. Para a gente não ter a mania de experimentar as “delícias” dos muitos Masterchef, alguns estrangeiros, estes aparecem trajados a rigor, usam linguagens estranhas, ingredientes estranhíssimos, caríssimos, de que nunca ouvimos falar, utilizam máquinas para tudo, numas cozinhas de sonho. Depois de muita correria, idas ao forno e ao fogão, alguns ao microondas, estafados, transpirados, ofegantes, aparecem com três pratinhos, maravilhosamente decorados e coloridos: uma entrada, um prato principal, uma sobremesa. Tudo em pouca quantidade, por causa da austeridade, acho eu. Devem querer mostrar que os olhos é que comem, será?
O facto é que no tempo dos outros, as senhoras corriam para a TV à hora da Teleculinária.
Agora se fossem fazer isso, ninguém comia, porque mal acaba um, num programa, logo começa outro no vizinho.
Será que os senhores da televisão, ouviram a frase da Maria Antonieta: “Não têm pão? Comam brioches”? o que no nosso caso se puderia traduzir para: “Não tens açorda, come Haute-cusine”.
Cada um come o que gosta e pode, mas não chateiem. Já chegam as telenovelas, a bola. Mas isso fica para outro dia.
Até um dia destes
Maria

sábado, 12 de novembro de 2011

Timor, vinte anos


Para que nunca esqueçamos.

Até um dia destes
Maria

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Diálogo de Olhos

- És tu?

Sou eu.

- Quantos anos passados e, eu nunca esqueci os teus olhos.

Não? Porquê se esqueceste o resto?

- Não, não esqueci, lembro-te muitas vezes. E tu esqueceste?

Ás vezes, nem me lembro que exististe. Outras, lembro vagamente, alguns momentos.

- Estás a mentir. Lembra-te que sei ler nos teus olhos.

Não, não soubeste. Se tivesses sabido...

- Que veria, diz!?

Quando importava, não leste nada. Agora não vale a pena.

- Achas que é tarde? Eu não te esqueci. Esqueceste tudo?

Não houve nada para esquecer. Nada se passou.

- Estás a mentir!

Vês? Nunca soubeste ler nos meus olhos.

- Agora não quero ler.

Desvia os olhos.

- Não quero desviar. Quero lembrar.

Eu nada tenho a esquecer. Adeus.

Hoje, viajei pela imaginação.

Até um dia destes,

Maria