terça-feira, 30 de junho de 2009

Estremoz, terra do barro


De Estremoz vi o castelo e o Museu do barro.
Fora dos muros havia uma enorme feira, daquelas onde tudo se compra, tudo se vende, desde chouriços e queijos até velharias e roupas. Muita gente, muito barulho, um trânsito infernal, tudo aquilo de que eu queria fugir.
Subimos ao Castelo e a Paz voltou. Ruas estreitinhas, casas típicas e antigas, o que resta dos Paços onde a Rainha Santa viveu muitos dos seus dias, a Igreja, fechada para variar, um Museu e as muralhas do Castelo. Parte do Paço está transformada em pousada. O que resta está um bocado abandonado, mas ainda é muito bonito.
O Museu tem uma parte dedicada à arqueologia, onde estão pedaços de antigos artefactos de barro e metal, moedas, etc.
No segundo andar é o Museu do barro. Peças antigas e modernas, reconstituição de cenas campestres, domésticas e de diversas artes, procissões completissimas, desde os músicos aos andores dos santos, desde os anjinhos ao povo, presépios, um sem número de figuras populares, que alguns de nós ainda conheceram.
Noutra sala, uma bela cama Alentejana, arcas, lavatório e um grande número de Oratórios, de diversos tamanhos e qualidade. Há os pequeninos e humildes, como há os enormes de madeiras nobres e trabalhados.
No pátio estão as lápides, restos de velhos capiteis, urnas, pedras de armas, um pouco desarrumados, mas resguardados.
Há um outro Museu em Estremoz. Nesse dia estava interdito ao público até às 16 horas, porque era esperado um senhor ministro ou coisa parecida. Não se podia estacionar, não se podia ver o museu, porque era esperado o senhor. Democracia! Pronto.
Restava a feira, mas como já disse, não vou muito a feiras. Ainda se fosse só de velharias, enfim. O barulho, a confusão, o ministro ou lá que era, afastaram-me de Estremoz. Um dia volto.
Até um dia destes.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Anta, Cromeleque e um calor!...


Um dos dias passados no Alentejo foi inteiramente dedicado à arqueologia. É um assunto que interessa ao meu marido e, por sua influência, me agrada também. Saímos bem cedo do hotel, pois o calor já se adivinhava e os campos do Alentejo são quase África.
Munidos de mapas, máquina fotográfica, o meu bloco de notas, uma caneta e água, metemos rodas ao caminho. Rumámos à Anta grande do Zambujeiro, parámos o carro a uns 300 metros, fomos o resto do caminho a pé e, lá estava ela enorme, pedras grandes e pesadas, escorada em alguns pontos. É majestosa de verdade. Parece que é a mais alta do mundo, tem grandes esteios de granito, alguns com 6 metros de altura. Esta, foi monumento funerário colectivo e tem menos de 6 mil anos, pertencendo portanto, ao período final do Neolítico.
Depois de coscuvilhar toda a Anta, voltámos para o carro, para seguir para o Cromeleque dos Almendres. Aí, começou a aventura. Seguimos as setas que indicavam o caminho para lá e para o Castelo de Dom Rodrigo. Pronto. A Maria viu o nome de um castelo e já não pensou mais. Era ali. Deixámos o carro mais ou menos à sombra e vá de palmilhar quilómetros atrás de quilómetros para encontrar o castelo, o recinto megalítico, o Menir. Depois de uma caminhada de mais de três quilómetros a subir, sem ver castelo, nem cromeleque, nada a não ser o sol que escaldava, algumas árvores, lagartixas, nada neolíticas, resolvemos voltar ao carro. Eu já estava vermelha do sol, já via luzinhas à frente dos olhos e estávamos estafados e furiosos. Andámos um pouco para trás e lá estava o caminho para os Almendres. Estrada mázinha, mas chegava mesmo ao recinto. Sendo o maior monumento megalítico da Península, tem a provecta idade de cerca de 7 mil anos, pertencendo assim ao principio do período Neolítico.
Pensa-se que a sua forma original se assemelhava à forma de uma ferradura com abertura a nascente. Posteriormente sofreu modificações, quer nos tempos antigos, quer por alguns actos de vandalismo. Tem cerca de uma centena de monólitos, alguns dos quais com inscrições e desenhos esculpidos.
Ao que parece, a escolha dos locais onde foram erigidos, tem a ver com a estrutura da paisagem, os rios, mas também com fenómenos astronómicos relacionados com o Sol e a Lua.
Já não houve tempo, nem pernas, para encontrar o Menir. Fica para a próxima.
O sol já ia muito alto, as pernas queixavam-se, o estômago também.
Ainda tentámos ir ao Escoural, mas como é costume estava fechado. Parece que se tem que marcar a visita.
Almoçamos e fomos para o Hotel descansar e esperar que o calor passasse. À noitinha fomos ao centro de Évora, à Praça do Geraldo, estivemos por ali um bocadinho e fomos dormir, que no outro dia havia mais Alentejo para ver.
Bom fim de semana para todos.
Até um dia destes.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Travessa do Manuelinho


Quando deambulava por Évora, reparei numa tabuleta dizendo: “Travessa do Manuelinho”. Aquele nome chamou-me à memória algo que tinha a ver com uma revolta em Évora a 21 de Agosto de 1637, conhecida também como “Revolta das Maçarocas”. Ainda se estendeu a uma parte do País, mas só passados três anos, nos livraríamos dos espanhóis.
Lembrei-me de homenagear aqui, num herói do povo, num homem simples que teve a coragem de se revoltar contra um português “vendido” a Espanha, todos aqueles que aqui ou noutros lugares, lutaram por este País que eu adoro com todos os deus defeitos.
Tirei a foto da pequena travessa e pedi ao próprio Manuelinho, que ajudado pela escrita de Manuel Alegre, nos contasse a sua história.
Aqui está, com os meus agradecimentos a ambos os Manueis.

“Carta do Manuelinho de Évora a Miguel de Vasconcelos, ministro do Reino por vontade de Espanha.

Tiraste-me o direito à vida mas eu vivo
Mandaste-me prender mas eu sou livre
Que não pode morrer não pode ser cativo
Quem pela Pátria morre e só por ela vive.

Mandaste-me prender e preso não me prendes
Tu ministro do reino por vontade estranha
Tu que tudo vendeste e só não vendes
Quem luta por seu povo e não por Espanha.

Vi os campos sorrir mas não ouvi
Raparigas cantando em nossas eiras
Nossos frutos eu vi levar e vi
Na minha Pátria as garras estrangeiras.

Vi pesados tributos sobre o pobre
E vi no Paço o oiro da traição
Negros corvos eu vi pairando sobre
Minha Pátria com sombras pelo chão.

E vi velhos e meninos assentados
Nos degraus da tristeza vi meu povo cismando
Vi os campos desertos vi partir soldados
Sobre o meu povo negros corvos vi pairando.

E em cada noite ouvi o silvo do açoite
Em cada noite sempre sempre não se cansam
Os carrascos nos grandes longos turnos
Em que somente as sombras dos chicotes dançam
Como se fossem pássaros nocturnos
A encher de sangue a grande grande noite.

E em cada noite dormes sobre o sangue da cidade
Nenhuma dor te dói. Nenhum grito. Mas dói-te
Saber que se a tristeza tem a nossa idade
Da nossa idade é este sonho: Liberdade
Rosa de sangue flor da grande noite.

Não sei de quantas lágrimas se tece a dor.
Tu saberás as lágrimas choradas
Tu que só dor plantaste tu verás a flor
Da tristeza florir em ódio e espadas.

São estas as notícias que te dou
Na minha Pátria prisioneiro mas de pé.
Vai dizer ao teu rei que o meu preço não é
O baixo preço porque te comprou.

Vai dizer a Filipe quem eu sou.
Alguém que o desafia e que sabe porquê
Alguém que vê o que o teu rei não vê
Que nunca à vossa lei meu povo se curvou.

Tu ministro do Reino por vontade estranha
Vai dizer ao teu rei que viste algo de novo:
Quem luta por seu povo e não por Espanha.

E se a Pátria confundes eu distingo-a:
A Pátria não és tu mas este povo
Que não entende as leis que ditas noutra língua.

E tu que do País fizeste a triste cela
Tu que te fechas em teu próprio cativeiro
Tu saberás que a Pátria não se vende
E em cada peito em cada olhar se acende
Este vento este fogo de lutar por ela.

Tu saberás que o vento não se vende.

E não terás nas tuas mãos de carcereiro
O sol que mora nas canções que nós cantamos
Nem estas uvas penduradas nas palavras
Tu que servis as pretendeste ou escravas
Em silêncios de morte e de convento
Tu ouvirás na língua que traíste
Palavras como um fogo como um vento
Estas palavras com que Portugal resiste.
Tu saberás que há línguas que recusam amos.

Tu saberás que nós não aceitamos
O céu de que nos falas se o teu céu é feito
Do espaço estreito dessa negra cela
Que em vez do coração trazes no peito.
Tu saberás as lágrimas choradas
Quando na Pátria a dor florir em espadas
Em cada peito que sangrou por ela.

Manuel Alegre “A Praça da Canção”


Foi só um pouquinho da nossa história. Às vezes é bom lembrar quem fomos e pensarmos um pouco no que queremos ser.
Até um dia destes.

domingo, 21 de junho de 2009

Basta um gesto


Basta um gesto, uma expressão, uma palavra! E as lembranças surgem em catadupa.
Agora olhei para ti e, em segundos, vi-te bebé a dormir. Depois, a posição em que dormias, lembrou-me o meu pai, teu avô. Não aquele com quem te pareces muito fisicamente, mas o outro. Aquele, que ainda hoje é o teu ídolo, aquele, de quem foste o último confidente e de quem herdaste tantos gestos, manias, convicções.
Porque era assim filho, que depois de almoçar, antes de enfrentar mais uma tarde de trabalho e de calor, ele se sentava no sofá, inclinado tal qual estás, a mão apoiada na testa, pés no chão (pés em cima da mesa? Americanices! Parece-me ouvi-lo ainda), só te falta o jornal sobre os joelhos. Ainda to quis pôr, mas tive medo de te acordar. E queria ver-te assim.
É bom ver um filho dormir sob o meu olhar. Era bom se ainda pudesse ver o meu pai dormir assim.
Fui eu que tirei a foto. Deve estar uma porcaria, mas fui eu que a tirei.
E fica aqui. Quando a vir, vou lembrar dois dos Homens da minha vida. O meu pai e o meu filho mais novo.
E fico feliz, porque vejo no meu filho, o gesto do meu pai. E amo-os tanto aos dois!
Até um dia destes.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Vila Viçosa, Calíope e Florbela


Vila Viçosa, conhecida como “Princesa do Alentejo”, está muito ligada à nossa História. Sede da casa de Bragança da qual saiu o 1o Rei da última dinastia é uma terra rica em monumentos. O Paço Ducal, o Panteão dos Duques, o Museu dos Coches, que desta vez não visitei, porque já os conhecia e tinha pouco tempo para ver o Castelo, parte da Tapada e... já lá chego.
Teve em tempos idos o nome de Caliopolle, sendo dedicada a Calíope, musa da poesia épica, filha de Zeus e Mnemósine. Daqui vem o nome dos seus filhos: Caliopolenses.
Ora bem. Depois de mostrar a minha enorme erudição nestas matérias, é tempo de falar de quem me levou a Vila Viçosa: Florbela Espanca.
Assim depois de ver o berço onde dormiu o primeiro sono, a casa abandonada em que nasceu, fui ver o túmulo dela. Era minha intenção levar-lhe flores. Não havendo floristas abertas devido ao feriado, restou-me “roubar uma flor” (Zeca, meu amigo Zeca, um dia roubarei uma para ti), isto é, roubei vários ramos de aloendros, a flor do Alentejo. O cemitério fica dentro do Castelo. Logo à entrada está Ela. Uma sepultura de pedra branca, pouco trabalhada, tendo um jarrão vazio aos pés e uma floreira na cabeceira cheia de flores de plástico sem cor sequer. Flores de plástico para Florbela! Apesar da vontade não as deitei fora, é proibido. E não é proibido por flores de plástico na sepultura de uma poetisa? Que sentiria ela? Eu sei o que senti. Na jarra vazia dos pés ficou um ramo fresco de aloendros. Por um dia, Florbela teve flores de verdade.
Em poucas linhas conta-se a história dela, aquilo que se sabe da história dela. Os sentimentos, as mágoas, o amor ou desamor, só ela os saberia.
Nasceu a 8/12/1894. Foi criada pelo pai e a madrasta. Teve um irmão, sua maior afeição, que foi aviador e morreu de acidente. Casou a primeira vez muito nova. O casamento falhou. O segundo também não durou muito. Florbela nasceu cedo demais. Era independente, devia ser-lhe difícil tornar-se uma mulher submissa, obediente, capaz de aguentar a vida monótona das damas do seu tempo. Queria viver, queria escrever, queria ser um ser humano de primeira. Casou terceira vez, foi viver para Matosinhos, numa casa sem horizontes, fechada, escura. A poetisa habituada às vastas planícies Alentejanas ou à vida trepidante de Lisboa, deve ter-se sentido muito infeliz naquela casa, naquela terra, então quase deserta. Conheço a casa por fora e não queria morar lá. A morte do irmão, o falhanço quase certo do casamento, a sua tristeza e parece que também doença, levaram-na no mesmo dia em que nascera, a por termo à vida. Fazia 36 anos nesse dia.
As fotos mostram tudo o que de bonito vi.
Só falta um soneto do seu livro “Reliquiae”.

À Morte

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

Florbela Espanca

É triste, não é? Florbela é sempre triste.
Até um dia destes.


segunda-feira, 15 de junho de 2009

As papoilas do Castelo de Montemor é que é...



Os castelos são uma das minhas paixões. Há neles muita História, muito segredo, muita lenda. Geralmente situados no cimo de um monte, deixam-nos ver toda a paisagem em volta. No Alentejo, do alto dos castelos predominam três cores: o verde da vegetação, o oiro das searas, o branco das casas. Depois, há pequenas manchas de vermelho, os telhados e as papoilas, algumas pinceladas de azul, nas portas, janelas e barras das casas. Os animais dão movimento e sons, à mansa quietude da planície alentejana. Ouvem-se no ar parado os chocalhos das ovelhas e vacas, o toque de um sino numa pequena igreja, os trinados dos pássaros. Pelo céu paira uma cegonha em busca do sustento dos filhos que ficaram no ninho esperando.
E de repente, aos meus pés, as minhas papoilas. E volto a ser criança. Com uma flor, três fios de cabelo e um pauzinho, tenho as minhas bailarinas doutro tempo. E elas dançaram nos meus dedos como dantes.


Ai que me esquecia do castelo!... Entra-se por uma porta ao lado da Casa da Guarda, passa-se a Torre do Relógio, entra-se num belo largo com muralhas, um palácio, a Igreja de São Tiago transformada em Museu, com alguns restos de pinturas a fresco.
A vista é deslumbrante.
Mas as papoilas do Castelo de Montemor é que é. Dançam para mim na ponta do pé...
Até um dia destes.

sábado, 6 de junho de 2009

Sei de um Rio


Ao ouvir Camané cantar “Sei de um Rio”, lembro-me doutro Rio que eu sei. O meu Rio, o meu lindo Nabão, às vezes tão mal tratado, tão poucas vezes cantado. O meu Nabão que já fez cantar rodas, mover fábricas, que já lavou tanta roupa suja, regou hortas e pomares. O meu Rio que foi testemunha muda de tantos amores, de tantas lágrimas. Eu também sei de um Rio, Camané. Não sei é cantá-lo como tu. Clique http://www.youtube.com/watch?v=KaWhCGTnvAQ
Bom fim de semana.
Até um dia destes.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ala-arriba!


Pois é. Ontem o coração e a memória fugiram-me para a Póvoa do Varzim. A viagem começou com o filme Ala-arriba, de Leitão de Barros, continuou toda a noite e hoje de manhã, com buscas na Net, nos livros, nos cantinhos da memória.
Primeiro: Leitão de Barros. Nascido em Lisboa em 22 de Outubro de 1896, foi professor, arquitecto, pintor, realizador, dramaturgo, jornalista, cenógrafo etc. Organizou vários cortejos históricos e marchas populares das Festas da Cidade.
A ele se deve, em grande parte, a construção dos estúdios da Tobis.
Foi também secretário-geral da Exposição do mundo Português e grande impulsionador da Feira Popular.
Realizou bastantes filmes, entre os quais: “Nazaré”, “A Severa” (1º filme sonoro português) “Ala-arriba” e muitos outros.
Segundo: “Ala-arriba”. Filmado em 1942 na Póvoa do Varzim, quase todo interpretado por pescadores e gente da terra, foi considerado a primeira “docuficção” portuguesa e a segunda mundial. Quer dizer: o primeiro filme-documentário. A sua antestreia aconteceu no Festival de Veneza, onde ganhou um prémio.
Terceiro: A história do filme. Adaptada por Alfredo Cortez ,de um antigo livro chamado “O Poveiro”, escrito por António Santos Graça, conta a história heróica e trágica dos homens do mar da Póvoa e outros mares. Parece que todas deviam ser iguais. Não são. Claro que o básico, os perigos do mar, o sofrimento, a luta, são parecidos.
Mas o povo da Póvoa era diferente. Havia classes de pescadores.
Os “Lanchões”, donos e tripulantes do barco do mesmo nome e os “Sardinheiros”, mais pobres, com barcos pequenos, pescando em locais diferentes, mais perto de terra. Para os “Lanchões” ficava o mar alto donde vinha entre outros a bela pescada da Póvoa.
Os casamentos eram feitos entre “lanchão” e “lanchã”, ou entre “sardinheiro” e “sardinheira”. Às vezes isso não acontecia e é essa a parte romântica do filme. A filha de um “lanchão” de tronco (várias gerações de lanchões) apaixona-se por um “sardinheiro”. Depois de várias peripécias, com uma cigana atraente, aldrabona e ladra, um naufrágio, extremamente real e muito bem vivido pelos personagens, acaba por dar ao pobre “sardinheiro” a oportunidade de salvar os tripulantes do grande “Lanchão” destruído pelo mar e que, por acaso, era do pai da bela “lanchã”. Tudo acaba bem, com o casamento entre os dois apaixonados, abençoados pelo Prior, por “lanchões” e “sardinheiros”. Isto é um filme. Na vida real, nem sempre as coisas são assim. O mar da Póvoa, da Nazaré, de todas as praias onde se pesca, é cemitério igual, para alguns que o desafiam e dele vivem. Não quer saber de castas, nem diferenças.
O grito Ala-arriba diz muito deste povo. Era o brado deles, quando puxavam à força de braços, o barco para terra.
Pescadores da Póvoa, do Furadouro, da Nazaré, de toda a nossa costa, de todo o mundo, heróis desconhecidos, esquecidos! Houve escritores e poetas que de vós falaram: Alfredo Cortez, Raul Brandão, Miguel Torga, António Nobre e muitos outros.
Eu, que não sou ninguém, mas que vi no Furadouro, a vossa luta com esse Mar, que vós amais e odiais, eu que ontem vendo o “Ala-arriba”, me lembrei de uma cena muito parecida no mar do Furadouro, eu que choro quando há naufrágios, queria saber contar a vossa epopeia. Não foram só Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral, os heróis. Na Póvoa há “O cego do Maio”, na Foz, “O homem do leme”, em Paço de Arcos “O patrão Lopes”, mais alguns monumentos pelo país fora. Mas heróis são todos vós. Todos mereciam um monumento e sobretudo uma vida digna.
Entretanto, meus amigos pescadores ou não: Tentemos levar a bom porto, este barquinho chamado Portugal, se preciso for, gritando como os Poveiros: “Ala-arriba”.
Até um dia destes.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Menina apareceu

Meus amigos:
Ao que parece desta vez tudo acabou bem. A menina apareceu. Para verem mais detalhes, poucos, vão a Destakes.
Agradeço a todos os que viram o meu apelo e corresponderam da forma que eu esperava.
Devia ser para isto mesmo que a Net devia servir. Infelizmente, serve também os interesses de alguns, que por este meio desviam crianças ingénuas, que não sabem no que se estão a meter.
Não é o primeiro nem vai ser o último caso.
Cuidado com os miúdos. Protejam-nos, expliquem-lhes os perigos de ter contactos de qualquer tipo, com desconhecidos.
Mais uma vez, muito obrigada por esta cadeia de ajudas.
Até um dia destes.

Menina Desaparecida

Amigos:

Desapareceu de casa dos pais, perto de Santarém, uma menor, depois de ter estado a usar o hi5.
Para mais informações cliquem aqui: http://cidadaodetomar.blogspot.com/2009/06/desaparecida.html

Se possível, divulguem.
Obrigada
Maria