domingo, 23 de dezembro de 2012

Para ti, minha Margarida

No dia do teu aniversário, com toda a saudade e carinho, a nossa "Carmen"



Até um dia destes
Maria

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Papoilas






Um campo de papoilas sob o brilho,
Da luz dum sol de Primavera,
Lembrava colchas de retalhos muito antigas.
Cada folha cosida a outra folha,
Com ponto pequenino, feito à mão,
Parecia um pequeno coração
Ligado a outros, a muitos mais de mil.
Eram as colchas ricas de noivado,
Tecidas de ternura e ilusão,
Quase mantos de sedas e de brocados.
Agora, o tempo é escuro. Só lembram sangue,
O sangue, que cobre a terra de amargura
E deixa sobre ela, tanto corpo exangue.
Já ninguém faz as colchas de noivado.
Os corações, não batem já de amor.
As bombas caem, não há campo em flor,
Restam só corpos mortos, chacinados.
E é assim, que eu vou entristecendo,
Já não há alegria, nem beleza
Nos campos de papoilas sobre o mundo.
Já não consigo ver as colchas de noivado.
Só dor e um desespero, bem profundo.

Hoje estou como o tempo
Até um dia destes
Maria 

sábado, 8 de dezembro de 2012

A minha tábua de engomar





Ia fazer seis anos. Queria um ferro e uma tábua de passar, iguais aos da mãe.O ferro, em tudo igual ao da mãe, menos no tamanho, estava guardado desde a feira de Santa Iria, sem eu saber. Faltava a tábua. Comprá-la era díficil. As poucas que havia, eram caras demais, para a magra bolsa do meu pai. Ele resolveu fazê-la. Com muito trabalho, alguma arte e muito amor, fez a pequena tábua. Era de noite, quando eu dormia, que ele metia mãos ao trabalho.Quando acordei no dia dos meus anos, aos pés da cama, estava a tábua de engomar, forrada a flanela às florinhas azuis e o ferro, com algumas brazas dentro.Passei lenços, panos da loiça, guardanapos...Da tábua resta apenas a doce recordação. O ferro está aqui acima. Guardei-o todos estes anos.
Até um dia destes
Maria