quinta-feira, 11 de novembro de 2010

São Martinho (carta a um amigo)


Peço perdão aos outros, por dirigir esta “carta” a um de vós. Não o identifico mas ele sabe que é para ele e um pouco para todos. É uma forma de pedir desculpa pela minha ausência e ingratidão para todos os que se têm preocupado comigo. Preguiça, neura, falta de paciência e mais uns quantos problemas de saúde. Ele tem sido o mais assíduo e por tal, a ele escrevo.
Hoje quando me ligaste, disse-te que estava a fazer “rojões à minhota” para o almoço. Estavam bons, os danados. Bem regados, seguidos de castanhas assadas. Foi pena não ter água-pé da “Casa Ratas”, mas o vinhito era bom. Todos, (éramos três) gostaram.
Este era o menu da casa de meu Pai. Lembrei-me disso. Lembrei-me do velho Martinho da minha infância, que todos os sábados ia lá a casa comer uma carcaça com carne, um copo de vinho e fumar um cigarro. Eu, menina de três anos, era a encarregada de fazer a entrega do almoço ao Martinho, sempre com o mesmo discurso: “a Mãe dá o pão, o Pai o vinho e a menina o cigarrinho”. Foi aí que me tornei fumadora. No dia de São Martinho a cena era outra. O Martinho fazia anos, nascera em Alcobaça como o meu Pai e, nesse dia entrava, almoçava com o Pai. Um dia foi embora. Nunca mais se ouviu o cajado do Martinho bater na calçada, nunca mais se ouviu a sua lengalenga: “nesta rua vou entrando p`ra falar ao mê amori”, nunca mais vi a sua figura de negro, alta e esguia, de chapéu na cabeça. Hoje, os rojões e as castanhas lembraram-me o Martinho, a infância feliz. E tu ajudaste. Quem sabe, se não me obrigaste a voltar. Lá convincente és tu. E amigo. Foi por ti que hoje venci a preguiça. Um abraço grande por isso.
Os outros meus amigos que não se zanguem. Tenho lido todos, só não tenho feito comentários porque a preguiça e a ingratidão não deixam. Perdoem as luas da Maria. Vou voltar, prometo. Talvez com menos frequência, mas volto. Beijinhos para todos vós, amigos.
“Tu”, amigo de quem não digo o nome, obrigada por toda a tua amizade, preocupação e ajuda.
Até um dia destes.

21 comentários:

Osvaldo disse...

Cara Maria;

Quantas saudades de te ler!...
Fico feliz pelo teu amigo que vai ler tão bela carta. Foi dedicada a ele e certamente que ele a merece porque "arrancar" tão belos elogios da Maria é porque se trata de um verdadeiro amigo, daqueles que estão sempre presentes, mesmo quando ausente.
Todos os outros amigos, como eu, ficamos também felizes por sentir que a Maria está de volta e que tinhamos razão quando diziamos que a Maria não nos esqueceu, apenas está tomando fôlego pra voltar.
bjs, Maria e acredita que fiquei feliz em te ler.

bjs e abraços para os homens.
da Ana e Osvaldo

Maria disse...

Osvaldo e Anita, meus amigos:
Vamos ver se com a vossa ajuda, a Maria volta.
Preciso da amizade de todos. Sem vocês, a Maria morre de estupidez.
Vou espantar o marasmo que me apanhou com força.
Beijinhos para os dois e obrigada pela força.
Maria

Kim disse...

Às vezes - esta grande Marie, vai-se abaixo e fica Petite Marie.
O milagre de S. Martinho aconteceu ei-la em todo o seu esplendor, disposta a mais uma tentativa para vencer os velhos do Restelo.
A Travessa provoca estes efeitos colaterais.
beijinho petite fille!

Je Vois La Vie en Vert disse...

Querida Maria,

Até estou agradecida a este teu amigo por te ter tirado da tua "toca" onde te escondeste durante um tempo mas os amigos logo que souberam que saíste vieram ter contigo e mais ainda hão de vir !
Eu também comi castanhas hoje, claro ! Ia lá faltar a esta tradição...
Já puseste o primeiro pé na soleira da porta, agora entra de vez para a casa dos amigos porque é lá que te vais sentir bem !
Aqui deixo-te um solo para te acolher de novo nesta blogosfera : clique aqui : na soleira da porta

Beijinhos
Verdinha

Maria disse...

Kim
Apanhaste-me.
As saudades que eu já tinha deste meu cantinho e de todos vós.
A carta no fim, foi para todos como um pedido de perdão pela minha ausência.
Vocês são a minha muralha de aço. Sem o vosso interesse e amizade, os Alcatruzes secavam.
Beijinho amigo
Petite Marie

Maria disse...

Verdinha querida
Obrigada pelo teu interesse, pelo solo, pela oracão do teu blog.
Um abraço grande, minha belguinha doce como chocolate. Gosto muito de ti.
Maria

Unknown disse...

Mariamiga

Mau, está o caldo entornado. Ou me dizes quem é esse sacrista desse amigo, ou vou contar tudo ao Santo & Artista. O homem, mesmo não sendo enganado, abrenúncio, t'arrenego Satanás, não pode ser o último a saber. Donde a contra-fé. Ou dizes, ou...

No meio deste imbróglio telefonicobloguista, ainda não te felicitei pelo ansiado regresso. O talynphonema do tal gabiru parece ter feito e...feito. Saiu-me um bom marmanjo, o catita. Juro que lhe hei-de saber a identidade com Cartão de Cidadão e tudo.

E agora, deixa-te de fitas, balelas, maleitas, sucedâneos, afins & correlativos. O tal manguelas ainda te dá duas nalgadas, que, mesmo sem o conhecer, deve ser gajo para isso.

Prontos, sem s, apesar dos diabretes dos diabetes, hoje já marcharam umas castanhitas e uns copitos de água-pé. Quem quer bons, arranja-os, éoké.

No que respeita ao teu Pai e ao senhor Martinho não faço comentários que podiam ser despiciendos e/ou despropositados. Deixo-te, minha querida, com as tuas recordações, as tuas saudades - e as tuas presenças. Goza a vida e desfruta-as.

A Goesa feiticeira manda-te dois quilos de beijos, cuidado com o Arsénios, perdão, o arsénico... Eu, modestamente, apenas uns triabs e qjs para tu

Alva disse...

Olá Maria,

Todos precisamos de um tempo para nós, para pensar, planear e seguir com a vida em frente! Como te entendo, como te entendo...

...não conheço melhores palavras que o descrevam...

Vou saindo calma e serena, esperando que regresses!
Ficam quatro beijinhos para ti, dois em cada lado!

Da tua Pequenina

Vasco disse...

Apenas a esta hora tive possibilidade de ver se tinhas aqui alguma coisa publicada.
O quadro do grande Malhôa acabou de me inspirar para ir buscar um copo de vinho, para beber pelos presentes e pelos ausentes, como costumamos dizer.
Ao São Martinho!
Os meus vizinhos (de rua) ciganos bem fazem a festa - parece ser uma tradição bem cumprida por eles - cantam, bebem, dançam...


Fugindo ao São Martinho, aqui fica expressa também a minha gratidão a esse teu e nosso amigo que te fez voltar!
Acho que vou beber mais um copo à saúde dele!

Maria disse...

Henriquamigo
Pois não te vou dizer quem é o tal.
Adivinha!
O Santo sabe e não se ralou nada.
Espero que a grande companheira dele também saiba.
Já tenho mais duas estórias em fila para um dia destes.
Só precisava de um empurrão. Além destes comentários recebi um Email que ajudou bastante. E o Santo João também andava farto de picar.
Trabalho de equipa éké.
Triabraços dos homens, toneladas de beijinhos para a Raquel e queijinho de Serpa para tu.
Maria

Maria disse...

Pequenina
Retribuo os 4 beijinhos e agradeço o teu carinho. Como te está a correr a vida? Espero que bem.
+ 1 beijinho da
Maria

Maria disse...

Meu Corvo
O teu avô gostava do São Martinho.
Ia à Golegã à feira, almoçava com o Martinho, bebia uns copitos no Albano (canal 7).
Aposto que os teus vizinhos não festejem o São Nicolau, que não tem ajudado nada os seus amigos franceses.
Comeste castanhas? Vinho já sei que sim.
Voltei. Vamos ver o que dá. Tinha saudades do meu cantinho.
Beijinhos
Mãe

Alva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alva disse...

Olá Maria,

A vida? Diria que anda ao som da Manuela Bravo: "Sobe sobe balão sobe, vai pedir àquela estrela, que me deixe lá viver... e sonhar! Leva o meu amor comigo, pois eu sei que encontrei, o lugar ideal... para Amar!!"

Fica bem,
Beijinhos, muitos,
Da tua Pequenina que te quer ver animada! =)

laura disse...

Ena pai, um grande abraço ao rapaz (rapaz) não importa se já for cota) que pôs a nossa Maria a assar castanhas e a beber geropiga... as minhas estão por assar, compramos e deram também, logo, é só assar...eu? mais que fazer..a geropiga espera sentada que a abram, somos só os dois, o Nuno foi jantar com um amigo e o manel se quiser castanhas que as arranje, estive a costurar e com muito gosto... e só gosto das castanhas assadas no carvão, no forno ficam mais secas e por isso; vai mais um copo...

Beijinhos querida Maria e gostei da histórinha do teu amigo e do que tu dizias, a mãe dá o pão o pai dá o vinho e a menina o cigarrinho, ai foi??? podes ter moléstias mas não deitas o tal do cigarrinho fora...

Força. ala arriba como diziam os homens do mar... puxa a corda e sente-te de novo como antes.

Beijinhos da tua flor de linho, laura

Andre Moa disse...

Só hoje vim ao cantinho
da minha querida Maria,
milagre de São Martinho,
ler-te é sempre uma alegria.

Não comi castanha assada,
nem sequer provei o vinho.
Isto é lá festa, é lá nada!
Foi seco o meru São Martinho.

Mas se estivesse contigo,
ó minha querida Maria,
penso que este teu amigo,
contigo, até bebia.

Mas como não preciso de beber, para sentir alegria,
continua a escrever,
embriaga-me, Maria.
Beijinhos
André Moa

Maria disse...

Pequenina
Obrigada pela canção. É gira e alegre.
Beijocas e bom fim de semana.
Maria

Maria disse...

Laurinha
Felizmente estou um pouco melhor. A cabeça ainda está um pouco vazia, não consigo ouvir barulho, o estômago tem dias, o resto mais ou menos.
Já consigo alinhavar umas linhas.
Melhores dias virão.
Beijinho
Maria

Maria disse...

Querido André
Adorei a tua poesia. Não te respondo em verso porque estou como o Bocage: "Meu estro desfeito em vento".
Quando ele voltar, respondo à altura.
Milhões de beijinhos
Maria

Andre Moa disse...

Querida Maria,

Que respondes à altura sei eu, por conhecimento de experiência feito.
Mas tu és insuperável, seja em prosa seja em verso. Por isso, o que precisamos é que escrevas para continuarmos a ler-te com o prazer a que já nos habituaste.
Beijinhos
André Moa

laura disse...

Olaré.
Biso o Moa, tal e qual, nem preciso de acrescentar que te esperamos renovada, melhor e com mais fé na vida.

Aquele abraço domingueiro, dia de ir à missa e ficar no adro da Igreja a conversar com os vizinhos lá da aldeia.

Beijinhos e aquele abraço apertadinho da laura