sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Papoilas






Um campo de papoilas sob o brilho,
Da luz dum sol de Primavera,
Lembrava colchas de retalhos muito antigas.
Cada folha cosida a outra folha,
Com ponto pequenino, feito à mão,
Parecia um pequeno coração
Ligado a outros, a muitos mais de mil.
Eram as colchas ricas de noivado,
Tecidas de ternura e ilusão,
Quase mantos de sedas e de brocados.
Agora, o tempo é escuro. Só lembram sangue,
O sangue, que cobre a terra de amargura
E deixa sobre ela, tanto corpo exangue.
Já ninguém faz as colchas de noivado.
Os corações, não batem já de amor.
As bombas caem, não há campo em flor,
Restam só corpos mortos, chacinados.
E é assim, que eu vou entristecendo,
Já não há alegria, nem beleza
Nos campos de papoilas sobre o mundo.
Já não consigo ver as colchas de noivado.
Só dor e um desespero, bem profundo.

Hoje estou como o tempo
Até um dia destes
Maria 

18 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Gostei do poema. Gosto muito de papoilas.
Minha querida amiga, a história lá no Sexta não tem importância. O que realmente importa é a sua saúde. Eu sei que há anos aziagos. Passei por uns muito difícieis. Mas não se pode deixar ir abaixo. Cuide da tensão, mas cuide também de si, pois muitas vezes a tensão tem mais a ver com o nosso estado de espirito do que com qualquer problema cardiaco.
Um abraço e por favor cuide-se.
Um abraço e um Santo Natal.

Maria disse...

Elvirinha:
Ando há dias a sonhar com os campos de papoilas da minha terra. Adorava deitar-me no meio delas a sonhar.
Ainda hoje as adoro. Gosto de flores do campo.
Quanto ao resto: "não há bem que sempre dure, nem mal que não acabe".
Já tive fases más na vida. Esta, além de longa, apanha-me velha, doente, fragilizada. Passará? Por enquanto, não vejo melhoras. vou esperar.
Um beijinho e um Natal com paz e saúde para si e os seus.
Maria

Kim disse...

Ma petite MARIE!
Tenta lá esquecer a chacina e lembra só as papoilas vermelhas, que até me parecem SALTITANTES.
Afinal elas são o sangue da terra.
Beijinhos minha querida amiga!

Emília Pinto disse...

Também já não vejo colchas de noivado...nem noivados...e casamentos poucos. Tudo mudou, amiga e só nos resta consolarmo-nos com aquilo que ainda temos de bom, como a família que criamos com muito amor . Vejo que não estás miito bem de saúde. Fico triste, pois ela é o que de mais importante temos. Mas estou certa de que melhorarás e brevemente virei aqui para te ver mais optimista. Os dias de Inverno, tristes e chuvosos não ajudam em nada; a mim deixam-me abalada e nostalgica. Preciso de sol, de dias claros. Penso que virei aqui outra vez, mas, de qualquer modo deixo-te um beijinho muito especial e os votos sinceros de que recuperes para estares alegre no Natal junto dos teus familiares mais queridos. Cuida-te, AMIGA! Beijos carinhosos
Emília

Um Jeito Manso disse...

Oh Mary,

Então que é isso? Sonhe com as papoilas, com os campos de Van Gogh sonhe com o calor. Não pense no que a preocupa.

Estou à espera do mail, conte-me.

Anime-se, Mary, ouça música, distraia-se, não se deixe desanimar.

Um abraço, Mary!

Olinda Melo disse...


Querida Maria

Adorei ver aqui a sua verve poética, mostrando a beleza de um campo de papoilas e, ao mesmo tempo, fazendo uma profunda crítica aos desmandos que afectam a sociedade global.

Também eu gosto muito de papoilas e fazem realmente o efeito com que as descreve no seu poema.A imagem é lindíssima!

Bom fim de semana. O tempo, parece, compôs-se um pouco...esperemos que dure.

Bom fim de semana.

Bjs

Olinda

Maria disse...

Mon grand Alan!
Linda a tua frase: "Afinal elas são o sangue da terra". Estás a ficar poeta, amigo.
Também me lembrei das Saltitantes. Grande hino, cantado por Luís Piçarra.
O meu irmão cantava-o a toda a hora e eu, decorei-a.Obrigada pela tua amizade.
Beijinhos meu amigo
Petite Marie.

Maria disse...

Emília amiga:
Estou muito em baixo, física e moralmente. Este mundo não é o meu e não o entendo.
Quase não tenho passeado pelos blogues. Malvada depressão!
Obrigada pelo teu comentário, tão amigo.
Este tempo não ajuda, tens razão. Talvez quando voltarem as papoilas, eu arrebite.
Um bom Natal, com Paz e saúde.
Beijinhos minha boa amiga
Maria

Maria disse...

Amiga:
Ainda não mandei o mail, porque não me sinto no direito de a preocupar, com os meus inúmeros problemas.
Quase que não tenho viajado nos blogues.
Logo que melhore, mando-lhe o mail, sim?
Beijinhos da
Mary

Maria disse...

Querida Olinda:
Tenho sido muito ingrata com todas vós. Falta-me a disposição e a calma, para passear pelos blogues das minhas amigas.
Obrigada pelo seu lindo comentário e beijinho grande da
Maria

Um Jeito Manso disse...

Mary,

O que me preocupa é a sua ausência. Pode escrever quando tiver disposição para isso que eu cá estou para a compreender, tentando descobrir a palavra certa para a animar.

Um beijinho.

Maria disse...

Amiga:
Vou tentar logo. Não esteja preocupada. A Mary é dura na queda.
Beijinho.
Mary

MCP disse...

Amiga,
Só hoje li o seu poema.
Acho lindo apesar de triste.
Gosto sempre da sua forma de escrever, quer em verso, quer em prosa.
As papoilas voltarão na Primavera e verá que encherão de alegria os nossos corações.
Beijinho Grande.
MCP

Maria Rodrigues disse...

Minha amiga quanta dor e tristeza. Lamento sinceramente que não se encontre bem, espero que brevemente consiga ultrapassar este periodo menos bom da sua vida. Como na proxima semana vou ter uma semana terrivel na area profissional, aproveito para lhe desejar um Natal tanto quanto possivel feliz, com harmonia e esperança no dia de amanhã.
Beijinhos
Maria

Maria disse...

Querida MCP.
Eu sou naturalmente pouco alegre. Vivo mais no passado do que no presente.
Estou a passar uma fase má. Quando nos encontramos, falamos.
Obrigada pelas suas palavras amigas
Beijinho
Maria

Maria disse...

Maria,
Esta é uma altura má para mim. Tudo se junta. Problemas de saúde, problemas de outros géneros, ver o estado a que o mundo chegou, a loucura que parece ter tomado o mundo de assalto, tudo isto me deprime muito.
Um Natal feliz, com saúde e Paz.
Obrigada e um beijinho
Maria

Tété disse...

Querida Maria,
Então vamos lá sair desse estado físico e espiritual.
Se a nossa cabeça mandar o corpo obedece e a Mary precisa de dizer ao corpo que levante bem a cabeça, respire fundo e siga em frente. Todos temos momentos menos bons e olhe que eu sei, não são palavras de circunstância, mas acredite que a nossa força supera na maior parte das vezes aquilo que julgamos inultrapassável.
Força, muita força, porque quando a pomos em cima dos problemas eles ficam com uma menor dimensão e é muito mais fácil encontrar a solução.
Quanto à saúde faça por se cuidar convenientemente e aceite bem todas as ajudas sinceras. Por mim pode ser contar com o que lhe puder ser util. Às vezes um ombro amigo vale mais que a medicina.
Vamos abrir bem esses olhos à vida e tentar fechá-los às desgraças que acontecem pelo mundo. Todos nós temos os nossos dias, piores, melhores, mas a cruz que nos foi destinada tem de ser levada em conta.
E como me preocupei consigo, deixei para trás o elogio merecido à sua poesia. Alma grande é assim quando põe no papel o que sente.
Grande beijinho para si e tente sentir-se mais feliz com as coisas boas que a rodeiam.
Boa semana.

Maria disse...

Querida Tété:
Tem toda a razão. Há que levantar a cabeça e seguir em frente.
Nem sabe, o que vocês me têm ajudado!
É bom contar com amigas, virtuais é certo, mas sinceras e que me ajudam muito.
Sinto-me bem acompanhada por vós. O resto, terei que ser eu a resolver.
Sempre me aguentei, mas desta vez, talvez pela idade e a saúde não ajudarem, fui-me mesmo abaixo.
Espero melhorar breve. A pouco e pouco, voltarei a visitá-las, como fazia. Só preciso de um pouco de tempo.
Obrigada, querida Tété.
Bom Natal e beijinhos da
Maria