
Era Tomar e ao abrir a janela, havia um cheiro a flores no ar.
Nas floreiras do meu quarto havia sardinheiras de todas as cores.
A minha mãe gostava delas, eu não. Nem do cheiro, nem delas.
Em frente havia jardins cheios de flores, que não aquelas. Rosas, amores perfeitos, cravinas, cravos e violetas, violetas roxas, pequeninas, perfumadas. Tentava não sentir o cheiro das sardinheiras e, sentir só os outros. Saía de casa e, na Estrada da Serra havia maias amarelas, com um cheiro adocicado, havia papoilas sem cheiro, mas daquele vermelho que aquece a alma, havia margaridas, malmequeres, erva. E o cheiro da terra quente e húmida do orvalho. Descia a rua até à ponte, o rio corria, os salgueiros faziam um ruído manso, abanando ao de leve. Os patos do Nabão preparavam o ninho, os barbos saltavam. Dos cafés saía o cheiro de meias-de-leite e torradas. Das padarias vinha o inconfundível cheiro a pão acabado de cozer. Os cheiros da minha infância, os cheiros da minha terra.
Vasco, vê se me trazes uma flor. Uma maia ou outra, tanto faz. Não compres. Apanha numa rua, num jardim. Rouba uma flor para mim, uma flor, que mesmo murcha, traga um pouco do cheirinho de Tomar.
Até um dia destes.
Nas floreiras do meu quarto havia sardinheiras de todas as cores.
A minha mãe gostava delas, eu não. Nem do cheiro, nem delas.
Em frente havia jardins cheios de flores, que não aquelas. Rosas, amores perfeitos, cravinas, cravos e violetas, violetas roxas, pequeninas, perfumadas. Tentava não sentir o cheiro das sardinheiras e, sentir só os outros. Saía de casa e, na Estrada da Serra havia maias amarelas, com um cheiro adocicado, havia papoilas sem cheiro, mas daquele vermelho que aquece a alma, havia margaridas, malmequeres, erva. E o cheiro da terra quente e húmida do orvalho. Descia a rua até à ponte, o rio corria, os salgueiros faziam um ruído manso, abanando ao de leve. Os patos do Nabão preparavam o ninho, os barbos saltavam. Dos cafés saía o cheiro de meias-de-leite e torradas. Das padarias vinha o inconfundível cheiro a pão acabado de cozer. Os cheiros da minha infância, os cheiros da minha terra.
Vasco, vê se me trazes uma flor. Uma maia ou outra, tanto faz. Não compres. Apanha numa rua, num jardim. Rouba uma flor para mim, uma flor, que mesmo murcha, traga um pouco do cheirinho de Tomar.
Até um dia destes.