quinta-feira, 10 de setembro de 2009

História de um par de meias


Há coisas em que as mulheres não mudam. Vi isso hoje no Post da Ritinha. Ela, menina ainda, conta a história de uma camisola. Fiquei um tanto perplexa por ver tanta sensibilidade e romantismo numa mocinha. Depois, dei comigo comovida, porque me lembrei que há 41 anos, guardo dentro de uma caixa umas velhas meias de vidro.
Meias mesmo. Daquelas que se usavam com tiras de elástico (ligas), ou as mais sofisticadas prendiam com os elegantes cintos de ligas.
Houve um Natal, em que tínhamos pouco dinheiro e o meu marido me ofereceu um par de meias de vidro. Fiquei contente pela lembrança, usei as meias e, quando, já bem usadas tinha pensado deitá-las fora, não fui capaz. Guardei-as até hoje. Quando as encontro no meio de arrumações, dobro-as com ternura e volto a guardá-las.
E sabes Ritinha? No fim de tantos anos, também lembro o dia em que as recebi e quem mas deu. Não podia esquecer porque ele é ainda hoje o meu marido, o meu amor, o pai dos meus filhos e avô dos meus netos.
Como eu desejo, que daqui a muitos anos, olhes para esse camisola com o mesmo amor! Beijinhos querida.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

22 comentários:

Unknown disse...

Marizizizita

A meias, nada, só as dos pés. No caso também das pernas. Havia, quando eu era puto, a maldade de um anúncio revisteiro parquemayeriano. Era o Augusto Costa, o Costinha, que recitava para a sua Luisa Durão, actriz e esposa:

«Ó menina que tu és
compra as meias Corona
que vão da ponta dos pés
até pertinho da co...xa»

Juro-te, querida Amiga, que não foi o teu excelente texto que me fez entrar por este campo obnóxio e maldizente. Foram, tão-só recordações da meninice ressuscitadas pelas meias de vidro.

Não as que citas, oferta do teu amantíssimo esposo, que acumula com pai dos teus filhos e - vejam lá - avô dos teus netos. A vida tem cada uma...

Se eu fosse o João, depois do que escreves, comprava-te, a meias, um Rolls Royce com puxadores em diamante e parachoques em platina pura. A meais - com quem? Comigo, não.

Abs para o ofertante e qjs para tu

Maria disse...

Henriquamigo:

Não preciso de Rolls Royce, nem diamantes.
Contento-me com o que tenho e não me dou mal com isso.
Lembro-me dos versos e da marca de meias.
Sabes o que eu queria agora? Ver o meu irmão bom, longe daquela cama de hospital. Fugirmos daqui uns dias para a Tomar da nossa infância, comos respectivos conjuges, claro. Lá, junto ao rio e mais perto das lembranças dos nossos pais, ele iria melhorar e engordar um bocadito. Nunca o vi tão magro e parecido com o pai.
Aquela cabeça não para, está cheia de sonhos e projectos, como sempre e isso anima-me.
Abraço dele e do João, beijinhos para a Raquel e queijinhos para ti.

Unknown disse...

Mariazitamiguita

Concordo e subscrevo no que respeita ao nosso Apio. E no que concerne ao resto. Como (quase) sempre...

Abs para os três mininos, as melhoras do mano e qjs para tu

Laura disse...

Ainda não fui ver o post da Ritinha, mas, fica a caminho...

linda historia real, o presente de um amor que aind ahoje eprdura até à eternidade...Como lamento não ter tido um amor assim, um amor que pudesse lembrar com carinho...Podes considerar-te uma mulher de sorte, pelo homem, pelo amor, por tudo...Beijinhos d alaura..e lá vai um cházinho que é tempo de acalmar as dores que tens passado, mas, eu nem tenho estado muito melhor...laura.

mariabesuga disse...

Ó Maria muito me emocionam normalmente estas tuas estórias da tua vida. 41 anos guardando um par de meias por ter sido dado pelo teu Amor. Certamente se ele te tivesse dado o Rolls Royce que o AFerreira alvitra não guardarias essa memória tão ternurenta.

Feliz tu que ele continua sendo o teu Amor. Logo, o pai dos teus filhos e por tal consequência que não coincidência, o avô dos teus netos...

Beijinhos a ti Maria e aquele nosso abraço e beijinho para o teu João.
Que a felicidade reine por aí e a serenidade assente arraiais.

Maria disse...

Laurinha querida?
Que se passa? Conta. Faz bem desabafar. Eu sou boa a ouvir e ler desabafos.
Toda a gente tem problemas. Uns maiores, outros mais pequenos, mas a vida não é um mar de rosas. Há alturas que parece que tudo desaba à nossa volta. E é aí que se conhecem os amigos.
Estou aqui, flor de linho, sempre!
Beijinhos

Maria disse...

Henriquamigo:
Os mininos retribuem o abraço. Eu os queijinhos e a ternura da tua compreenção.

Maria disse...

Girassol:

A melhor coisa que a vida me deu, foi este amor. Tem altos e baixos como tudo na vida, mas nunca me desiludiu.
Se fores à "Seta de Cupido" da Ritinha, verás porque me lembrei das meias.
Aquele nosso abraço e beijinhos de cá para aí.

antonior disse...

Maria,

Desde a minha última visita, chego aqui e vejo Roma, Florença e um par de meias.

Poucos segundos bastaram para lhe atribuir uma coerência feita da tua sensibilidade enleada em tempo e memória. Contemplo o que assim mostras.

Que o tempo que agora se abre, realize rapidamente o que desejas que se cumpra.

Beijinhos

Maria disse...

Antonior:

A verdade amigo, é que a memória da Maria, não tem cronologia. Ás vezes basta uma imagem, um cheiro, uma palavra, para despoletar um pedaço de vida. Por isso, nunca seria capaz de escrever um livro de memórias. Sou completamente caótica. Dependo dos sentimentos, do passado, do presente´, até do estado atmosférico. Tudo tem influência em mim. Posso sentir-me feliz com tudo, posso ser infeliz por nada.
Acho que sou institiva, intuitiva como os animais.
O pobre do meu marido, acorda com uma mulher e nunca sabe se ao longo do dia, ficará com a mesma ou se de um momento para o outro, não mudo.
Eu sei que sou um pouco estranha.
Há coisas em que sou sempre igual: no amor, na amizade, na lealdade, na sinceridade. No resto, não.
Lutei, durante anos para mudar e desisti. Aceitei-me e pronto.
Beijinhos de cá para aí.

Kim disse...

Sabes Maria, as meias de vidro exerceram sobre mim uma forte pressão sexual. Pode ser que um dia eu me organize e escreva essa "estória".
Havia uma senhora, talvez quarentona, que me provocava calçando e descalçando as ditas meias que eu não percebia porque é que lhe chamavam de vidro.
Trabalhava a meu lado e eu tinha quinze anos.
Tal como tu, cada palavra que o vento me traz é o início duma qualquer "estóia".
Sáo as "estórias" da Petite Marie, do Kim e do Zé do Cão!

Pascoalita disse...

Bem me lembro dessas meias! Havia uma pequena retroseiraria perto do meu trabalho, onde à entrada da porta, atrás do balcão que tinha um pequeno alçapão, uma "apanhadeira de malhas" trabalhava o dia todo.

As minhas colegas "chiquérrimas" mandavam ali arranjar as suas meias de vidro que ficavam como novas eheheh

Um gesto muito bonito esse

jinho

Maria disse...

Kim, meu amigo:
Dá-me ideia que as chamadas meias de vidro eram mesmo um fetiche para os homens do meu tempo.
Quanto à coincidência das tuas, minhas e Zé, já tinha dado por isso.
Somos os saudosistas do grupo.
Vou agora ver o mano.
Beijinhos

Maria disse...

Pascoalita:
Lembraste bem as apanhadeiras de meias. O trabalhão que aqueles dedos e olhos tinham, para apanhar as malhas das meias.
E pensar que hoje, quando uma malha ou buraco aparecem nos collants, vão para o lixo, ou quando muito, servem para por cera na casa.
Outros tempos, outras meias.
Beijinhos

Je Vois La Vie en Vert disse...

Olá querida Maria,

Voltei....

Espero que te encontras melhor bem como o teu mano ! Obrigada pelas tuas visitas, palavras, poemas e conselhos durante a minha ausência ! Vou guardá-los como guardaste as meias ! Todos nós temos guardado alguma coisa que não nos decidimos a oferecer ou deitar fora e sou uma pessoa muito conservadora, não consigo desfazer-me das coisas e vou amontoando...
Nunca usei ligas deste estilo. Por acaso, tenho umas deste estilo mas com renda elástica (já contemporãneas) mas ainda não me decidi a calçá-las com medo de perdê-las... e como ando quase sempre de calças, não me são de muito utilidade...
Sem falsa modestia, tenho umas pernas bonitas mas não as mostro, porquê ?
Provavelmente por comodidade, por gostar (e ter que) de usar sapatos rasos e porque não preciso nem tenciono "seduzir" ninguém... :D

Beijinhos

Verdinha

Maria disse...

Querida Verdinha:

Espero que as férias tenham corrido bem.
Por cá tudo na mesma. O meu irmão continua no hospital, foi operado, mas há complicações. Estamos à espera de análises, para depois o tratarem a sério. Continua com dores fortes. Há uma ligeira melhora, mas nada muito concrecto.
Eu estou feita um trapo. Com os nervos à flor da pele, não durmo e como pouco. Adoro o meu irmão e dava tudo para o ver bom.
Beijinhos querida e obrigada pelo teu interesse.

Je Vois La Vie en Vert disse...

Querida Maria,

Entendo a tua aflição ! É terrível ver as pessoas sofrer e ainda mais quando se trata das pessoas que amamos. Também voltei um pouco triste por ver os meus pais a envelhecer muito e sem saber se os verei de novo mas por enquanto tento aceitar as coisas calmemente.

Toma qualquer coisa para dormir e te acalmar se for possível porque o corpo precisa de calma e de descanso e não é tomando esporadicamente que uma pessoa se torna dependente.

Faz-te bemm distrair-te um pouco vindo na blogosfera.

Desejo tudo de bom para todos !

Agarra-te à tua Fé com toda a tua força !
O cardiologista que operou o meu pai há 6 anos e toda a equipa ficaram surpreendidos e agradados por ver a Fé e a união da nossa família que rezava à volta do meu pai que estava inconsciente, intubado e com 4 graves complicações com 84 anos.

Beijinhos verdinhos de esperança

Maria disse...

Querida Verdinha:

Obrigada pelas doces palavras de esperança.
A esperança e a fé têm sido as minhas companheiras. Mas tem custado muito. Se ao menos o visse melhor e os médicos começassem a tratá-lo! Mas tem análises e exames que demoram dias para dar os resultados. Se Deus quiser tudo passará, mas está a ser muito doloroso para ele e para nós.
Ainda bem que estiveste com os teus pais. E vais voltar a estar, verás. Os velhinhos são mais resistentes do que pensamos.
Daqui a pouco vou vê-lo de novo. Vamos a ver como está. Fica muito moído e cansado de cada vez que o mudam da cama para a maca.
Obrigada de novo e muitos beijinhos.

Laura disse...

Meias de vidro a seduzir, meias de vidro para a sedução, pobre do cachopo só com 15 anos e ..que ganda aflição...meu querido nino Kim, meu querido rapazinho, ai a quarentona era atrevida, se era...
beijinhos, Maria, a sminahs tristezas sabes muito bem d eonde vêm e para onde vão, deixa-as lá, elas acabarão por s eir, simplesmente..beijinhos e melhoras do mano.laura, e o casal osvaldo Ana, mas que maravilha, mas que lindas pessoas, lindas como nós, de alma amorosa...beijinhos. laura.

Maria disse...

Laurinha querida:

E quando a meia tinha risca atrás, o trabalhão que dava para as deixar direitinha! Mas que eram bonitas, eram. Os rapazes embasbacavam com uma perninha bem feita, metida na meia com risquinha. Outros tempos, outras modas. As saias rodadas, as cinturinhas de vespa, ou as saias travadinhas com ou sem racha, que eram um problema para subir para os transpotes. Problema para nós, porque os ninos desse tempo, bem gostavam do espetáculo, de um palminho de coxa à mostra.
Hoje já vêem tudo.
Ainda bem que o passeio correu como esperavas.
Beijinhos

Je Vois La Vie en Vert disse...

E os jovens de agora já não têm nada para descobrir....
Será por isso que casam e descansam logo a seguir ????

Beijinhos

Verdinha

Maria disse...

Querida Verdinha:

Acertaste. Não têm nada para descobrir, porque tudo está à vista. Isto, por fora. Por dentro, as mais das vezes, não há nada.
Mas não generalizemos. Ainda há grandes mulheres e, procurando bem, alguns homenzinhos.
Beijinhos,