quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Torga e o Douro


Falar em Torga é dizer Douro.
Lê-lo, é conhecer a luta dura
Do homem contra o xisto.
É ver transformada a terra pura
Em terra mãe de vinha.
São socalcos esculpidos com enxada
Talhados como quem faz uma escada
Direita ao céu.
Terra dura regada e adubada
Pelo suor e o sangue
Que o homem lá verteu.
E lá no fundo o rio
Dourado e belo e frio,
Ora correndo em saltos
Ora espreguiçando-se cansado
De vir de longe do berço onde nasceu.
E o rabelo passa carregado
A caminho de Gaia, o seu porto
Com pipas desse vinho consagrado
Que sendo do Douro, vai ser rebaptizado
Como vinho do Porto.

Maria 03-09-2009

Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.

19 comentários:

Kim disse...

A quem o dizes Maria! Mas, só agora!
Felizmente que em breve vou voltar a sentir-lhe o cheiro.
Pena que não estejas lá. Com um pouco de tolerânica consh«gues ir até lá.
Beijinhos Petite

Pascoalita disse...

O Douro, tal e qual assim.

Não me canso de ver estas imagens e tentarei ir até lá mais vezes.

Um beijo

mariabesuga disse...

Só tu Maria sentidos à flor da pele para nos escreveres Torga assim desta maneira.

Foi ele que te inspirou
certamente
mulher amante das suas obras e do seu jeito
assim
aqui nos ofereces
o que dele sentes dentro do peito.

Obrigada Maria por estes sentidos.

Beijinho e abraço meus

Laura disse...

Lindo, emociona ot eus entir, e, como diz o Kim, esforça-te Maria..Beijinhos meus, laura.

Maria disse...

Kim, meu amigo:

Foi um pouco o teu post que me levou a escrever esta coisinha. Torga e o Douro mereciam mais, mas como diz o nosso povo, sempre verdadeiro, "quem dá o que tem a mais não é obrigado".
Desta vez não dará. Mas se procurarem numa urze, num verso de Torga, estará lá a vossa amiga, longe e perto.
É que "Outros valaores mais altos se alevantam".
Neste momento é aqui que sinto necessidade de estar.
Beijinhos e toda a amizade da
Petite

Maria disse...

Pascoalita:

Não nasci lá. Mas amo o Douro como amo Torga. São ambos maravilhosos e verdadeiros, doces e rudes.
Beijinhos amiga

Maria disse...

Girassol:

A tua opinião é smpre muito importante para mim. Obrigada, minha amiga.
Torga é a minha grande paixão literária. Absorvo tudo quanto escreveu, revejo-o em toda a sua simplicidade, na casa, no túmulo, na modéstia das primeiras edições dos seus livros.

Beijinho de cá para aí

Maria disse...

Laurinha querida:

Não é questão de esforço. Nada me impede de sair daqui, a não ser a minha vontade.
Tenho uma pena muito grande de não estar lá. Mas mesmo que fosse, metade de mim, ficaria aqui, junto do meu irmão. Só perto dele me sinto em paz, nesta altura.
Um dia será. Tenho a certeza.
Beijinhos, flor de linho

antonior disse...

Olá, Maria!

Olhamos para essas escarpas, lembramos as escritas do Torga e temos matéria para reflexão. A ascensão para um ponto que desconhecemos, mas que um impulso nos leva a procurar só se consegue com uma luta dificil de entender. Quando se combina uma sensibilidade desperta com o confronto com os elementos, sendo como que um confronto de amor, neste caso com a terra-mãe que se talha numa escadaria, rota de ascensão para o alto, onde por fim se pode contemplar o vale onde corre o rio de ouro, seja ele qual for, só pode resultar em luz. A luz com que Torga escrevia e a que alguns chamam tinta, afinal tão parecida com o produto da uva que a terra dá...

Que a luz te vá amaciando as dores.

Um beijinho com amizade.

Maria disse...

Antonior:

Há muitos escritos de Torga que quase parecem escritos com sangue, tal a dor que neles transparece.
A tal luz, a luz que todos buscamos de uma ou outra forma, é dificil de achar e só os escolhidos a vislumbram.
Obrigada pelo teu comentário e pelo teu voto.

Beijinho

Laura disse...

Eu sei, Maria, eus ei que é isso... , mas, se os entires a melhorar, bem podes dar lá um saltinho...mas, entendo..Beijinhos e sempre melhoras para ele, laura.

Laura disse...

Já não sei se é do Torga, um verso que está no Hospital dos Covões onde fala de que todos devem trabalhar para comerem do que ganham, quando lá voltar, vou ver isso...
Beijinhos e como diz o Kim (arranja lá um cadinho de tolerância ó Maria, só uma pitada...beijinhos meus, laura.

Osvaldo disse...

Maria;

Falar Torga, é falar tudo isso e muito mais que a história se ocupou de esconder debaixo de muros xistosos que embelezam aquelas maravilhosas terrassas de vinhedos talhados nos vales como diamantes lapidados pelos grandes artistas.

bjs e um abraço para o João e melhoras para o mano,

da Ana e Osvaldo

Maria disse...

Caro Osvaldo:

Falar de Torga e do Douro é muito mais do que isto, amigo.
Só o meu grande atrevimento me levou a fazê-lo. Falta-me engenho e arte para mais.
É apenas a pobre homenagem da Maria, a um Homem e uma terra que admira e ama.
Contar-lhes a história, só eles o poderiam fazer.
Abraços do João e beijinhos para ti e Anita.

Maria disse...

Laurinha querida:

Será que os versos não serão de António Aleixo, poeta popular algarvio? Ele esteve internado nos Covões muito tempo. As dicas que dás, fazem-me lembrar quadras dele.
Não sabendo escrever, foi um médico que o tratava, que escreveu aquilo que ele ditava.
Aleixo, pobre, analfabeto e doente, foi um grande poeta. Se conseguires arranjar o livro dele: "Este livro que vos deixo", vais ler coisas maravilhosas, de uma filosofia enorme, de revolta, de ternura. Considero-o um dos Grandes poetas portugueses.

Deixo-te com uma amostra:

Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que conheço
que sem parecer o que são
são aquilo que pareço.

Crês que ser pobre é não ter
Pão alvo ou carne na mesa?
Mas é pior não saber
Suportar essa pobreza!

O luxo valor não tem
Nos que nascem p’ra pequenos:
Os pobres sentem-se bem
Com mais pão luxo a menos!

A esmola não cura a chaga;
Mas quem a dá não percebe
Ou ela avilta, que ela esmaga
O infeliz que a recebe.

A ninguém faltava o pão,
Se este dever se cumprisse:
- Ganharmos em relação
Com o que se produzisse.

O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!

Quantas, quantas infelizes
Deixam de ser virtuosas…
E depois são seus juízes
Os que as fazem criminosas!...

António Aleixo.

Isto é só uma amostra como te digo.
Era um grande poeta com uma história triste.

Beijinhos minha flor de linho.

Alva disse...

Maria,

Já lá estive... =)

Beijinhos,
Estrela d'Alva

Maria disse...

Estrelinha querida:

Portugal é lindo de lés a lés.
Quase todos os portugueses trazem no sangue a poesia.
O que nos falta, é amor pelo país e pelos poetas.
Conhemos mal o que é nosso. Só vimos os defeitos. E temos tanto para dar.
Vocês os mais novos deviam corrigir
as asneiradas que nós fizémos.
Afinal, é a vossa herança.
Beijinho grande, pequenina.

Osvaldo disse...

Maria;

Passei para te dizer que tudo faremos para passar por aí.

bjs, abraço para o João e que o teu mano possa voltar a Paris... Seria uma boa nova.

da Ana e Osvaldo

Maria disse...

Caro Osvaldo:
Terei o maior prazer em vos ver.
O meu irmão dá entrada amanhã no Hospital e provavelmente será operado terça-feira.
Podes crer, que se tudo correr bem, logo que possa, voltará a Paris. Ele ama aquela cidade com um amor louco. Tão louco, que já estava bastante mal quando foi e, nada o fez desistir. Só que piorou muito (no dia seguinte a voltar já nem se conseguia sentar) e teve de voltar. Mas para o ano se tudo correr bem, será novamente o seu destino. Quem sabe se comigo? Foi com ele que conheci Paris, a dele e a minha e de muita gente. Adoro-a como ele. No entanto a minha Paris tem uma séria rival: Florença.
Até breve meu amigo.
Um abraço do João e beijinhos para a Anita e para ti.