Pois é, amigos. No meu tempo, (pareço a minha avó), não havia E-mails, nem muitos telefones, os comboios eram lentos, os carros poucos. Quando a família estava dispersa, os amigos longe, escreviam-se cartas, postais ou, em caso de notícia impotante como, nascimento, morte, doença grave, ia-se ao posto de telegrafo mais próximo e, enviava-se um telegrama. Estes, eram pagos conforme o número de palavras ou sílabas, não me lembro bem. Eram curtos. Tipo: “Menino nasceu stop Mãe e filho bem stop. Beijos stop.” Ou: “Tia Hermengarda morreu stop Funeral amanhã stop.” Também havia alguns que davam felicitações pelo nascimento do Bebé, ou “As sinceras condolências”, pela morte da tia Hermengarda.
Os postais eram de dois tipos: Lisos, onde se mandavam recados breves, ou ilustrados, que eram enviados nos aniversários, sobretudo às crianças. Estes, eram muito giros.
Agora as cartas. Havia muitos tipos de cartas. E até havia livros, que ensinavam a escrevê-las. Assim, havia as Cartas Comerciais, as familiares, as dos amigos e... as mais célebres de todas: “Cartas de Amor”. Estas até tiveram direito a canção romântica e frase de poeta célebre: “Todas as cartas de amor são ridículas. Se não fossem ridículas, não seriam cartas de amor”. Opinião de Fernando Pessoa, como todos sabem.
Esperavam-se cartas, dias e dias, liam-se com emoção e ternura, guardavam-se numa gaveta, religiosamente. Tenho cartas com mais de cem anos. Vindas de longe, de perto, com envelopes enfeitados e estampilhas (selos) lindas. Tenho cartas de amor, atadas com fitinhas de seda, azuis, as que recebi do meu marido, rosas, as que eu lhe mandei. Em quatro meses, escrevemos cada um, cento e tal cartas. É ainda com a mesma ternura que as leio.
E não as acho ridículas. Talvez porque são nossas, talvez porque não sou o Fernando Pessoa.
Agora digam lá, que romantismo há num maill ou num SMS, cheios de palavras cortadas, inventadas, sem alma?
Quando recebo uma carta, é sempre uma emoção.
Há dias recebi uma de um amigo. Abri-a, li-a, tornei a ler e está guardada.
Só aí, eu vi as saudades que tinha, de receber uma carta de papel, escrita para mim, só para mim.
Não era do banco, nem da SMAS, nem da EDP, nem da Lisboagás. Não eram promessas da cura radical de todos os meus males. Não era o reclame daquelas máquinas que fazem tudo.
Era uma carta escrita só para mim, com o meu nome no endereço, o nome do amigo, no remetente.
Começava:
Lisboa, 2009...
O resto? Não queriam mais nada! A carta é minha.
Até um dia destes.
domingo, 19 de abril de 2009
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27 comentários:
Que memória. Que verdes estão escritas neste post. Como recordo tudo isso, tal e quel sem tirar um ponto ou uma virgula. E a chegada do correio? Que emoção, que alegria, que tristeza quando não vinha a cartinha desejada.Ontem, dia ranhoso, chuva todo o dia de miúda, da molha tolos, foi assim o dia em TOMAR, que almoço deliciosa na "Quinta da Gracinda", finalmente alguém me explicou muito bem os, mistérios do Convento de Cristo, desde os Templários, às janelas entaipadas, ao túmulo do abade e o seu espasmo nos músculos.
Por lapso (Coisas de velhos) esqueci ee carregar a pilha da maquina fotográfica, não ficando assim recordações em imagens.
beijocas
Queria dizer "que verdades"
Ahhh, agora que já me estava a instalar melhor para ler a dita! Pimba, mas que coisa...Tenho cartas guardadas dos meus tempos de menina, e nem sei para que as guardo... Quando fiz 15 anos um tio meu mandou-me para Luand aum postal e aind ame lembro de cor do que ele escreveu, era uma moça e um moço a tocarem guitarra; Anos felizes tocando guitarra, deseja o teu tio ismael...assim mesmo...
pois acho o máximo que alguém escreva para nós, porque hoje em dia são só contas na caiza do correio..o Nino Alves do Brasil, meu amigo, quando vai para fora, envia-me um postal, gesto muito lindo que aprecio..
Um beijinho querida maria e dorme bem..laura.
O que me viste recordar!!!
Uma carta é uma carta e também não concordo com Pessoa. Uma carta de amor, nunca é rídicula. É uma esperança, um conforto, um respirar fundo e acima de tudo uma saudade que se mitiga.
E se a carta não for de amor, é igual!
Beijinho Petite Marie
Zé do Cão:
Tomar, Quinta da Gracinda, Convento de Cristo, Templários.
Isto não é uma carta, mas quase.
São sinos que tocam na minha cabeça, recordando-me tanta coisa.
A minha terra, o Restaurante, onde tantas festas de Antigos Alunos do velho Nun'Àlvares, me juntaram com velhos amigos, o meu adorado Convento, onde meu pai me ensinou grande parte da História de Portugal.
Hoje não foi o carteiro quem me deu uma carta. Ela chegou, via Net, com a chuva, os cheiros, as pedras de Tomar.
Zé, obrigada. Você nunca vai imaginar, o que o seu comentário foi para mim.
Beijo
Laurinha:
Dizia-se antigamente que: "Palavras leva-as o vento, cartas de amor são papéis". São, é verdade, mas guardam dentro delas, qualquer coisa mágica. Sei parte da história da minha familia, através de velhas cartas, amarelecidas pelo tempo, escritas com uma tinta de cor indefinida, numa letra desenhada e perfeita. Por elas, soube coisas que nem imaginas.
Adoro cartas, nina. Um dia, escrevo-te uma.
Um beijo de boas noites, amiga.
As minhas LUAS... ás vezes, muitas vezes, são cartas (de AMOR, claro está!)... ;)
Maria, tens um mimo nas minhas LUAS!
Beijinhos :)
Kim:
O que eu fui fazer! Fiz toda a malta, lembrar-se das cartas, dos amores, das amizades.
Pessoa não tinha razão. As cartas nunca são ridículas. São recordacções, lembranças, pedaços de alma, que guardamos, ou ficaram pelo caminho.
Há dias, peguei numa carta da minha avó e, chorei. Começava: "Minha querida neta..."
Acabava, como sempre com: "Muitas saudades e beijinhos, da avó que te abençoa".
Senti a sua benção, naquele momento. Lembrei-me, de quando estávamos juntas, à noite, antes de dormir, dizer beijando-lhe a mão: "A sua benção, minha avó", seguida de um beijo na testa e as palavras: "Deus te abençoe, minha neta".
Vocês hoje, fazem-me chorar. É um choro bom, daqueles que lavam a alma.
Um beijo, meu amigo
Carlinha:
As cartas, são às vezes, lembranças boas, que nos ajudam a passar horas amargas.
Beijos para os 4.
Oh Maria... Quanta ternura nos seus comentários. Quanta verdade que quase ninguém se atreve a pensar, nos seus posts. Eu por mim, gostava de escrever-lhe um e-mail. Envia-me o seu e-mail para o meu, Maria? O meu é: serradetomar@gmail.com
Olá Maria;
Claro que eu posso compreender porque como diz o povo "sou desse tempo", também recebi cartas, postais e afins, e é bem verdade que uma carta, esse pedaço de papel, sempre teve um certo encanto e mistério...
Nunca escrevi ou recebi "Cartas de Amor" porque nós era mais a troca
escondida de "bilhetinhos" e frases tímidas nos caderninhos da escola, do colégio e mesmo da Faculdade e esses bilhetinhos, quantos não estarão ainda hoje guardados por quem os recebeu?!...
bjs, Maria.
Osvaldo
Osvaldo:
Já reparou na quantidade de gente que se lembrou das velhas cartas?
É bom saber que, não sou só eu a sentir falta delas.
O nosso tempo, amigo! Tempo de românticos sonhadores, utopicos. Alguns, são capazes de negar tudo isto. Mas vêm, uma coisinha a falar de cartas e, lá vem o nosso tempo, com lembranças, sonhos, utopias. Saudade! Essa palavra tão nossa, que todos, queiramos ou não, sentimos todos os dias.
Beijo
Serra de Tomar:
As coisas que este nome me lembra!
Passeios longos, a pé, pela antiga estrada da Serra, riachos, onde se podia beber água, papoilas e outras flores do campo. Era sempre aí, que iamos apanhar a espiga, na Quinta-feira da Ascenção. Molhos e molhos delas. Que saudades que tudo isso me faz!
Já lhe mandei o meu maill.
Gosto do seu blog. Estes últimos do 25 de Abril, estão lindos.
Querida Maria,
Quando era menina, forrei uma caixa de sapatos com um papel bonito, e lá guardava todas as minhas cartas. As mais preciosas são as que o meu pai escrevu para mim. Ainda a tenho.
Para mim, o que é escrito à mão transmite uma emoção e um sentimento que não é possível numa escrita à máquina ou no computador.
Um dia destes escrevo-te uma carta em papel e com caneta de tinta permanente.
Saudades e um beijinho
Nemy
Ó Maria, Maria e Maria (à 3ª é de vez) tão eu deixei aqui um comentário, ontem e nem aparece, escafedeu-se? ora , é o que parece...Mas deixa lá..
Eu nemt enho a certeza, ams se fores ao meu blogue informas-te melhor no post do carrito do pic nic, que a Lisa quer ir a Lisboa e se a posso acompanhar, claro que tamos tesas e queremos ir na mesma, à boleia, eghhhhhhh, de autocarro com mais pessoal a dividir o custo da viagem, de comboio, de carro? da melhor forma que arranjarmos e acho que é dia 3, que calha, por ela ter a filha em casa que pode tomar conta do bruno...eu adoraria e claro, já escrevi às ninas, a algumas para irem ter ao parque Eduardo Vll nos livros da Ana, mãe de um Autista.adorariamos conseguir e tudo vaid epender, ams sei que ELE ajuda os corações puros e há-de dar-nos pistas a nós e a vós, para quem tiver uma melhor ideia, um conhecimento,sei lá...Mas que bom que seria vermo-nos, olhos nos olhos...Fala com a sninas Paula raposo, a Clarinda, maria Clarinda, a Angel ligth, pois ficariamos felizes de as ver a todoas as que mais proximas estão de nós, (alma)e a verdinha, ora claro, ams já não a vejo há dias, vou ao blogue dela agora deixar a noticia...Um xi de mim...devias ver-me a vestir, a despir, a calçar,descalçar a ver o que vou levar, ehhhhhhh...
Olha Maria eu só posso prometer-te uma coisa. Tivesse a tua direcção (era assim que se dizia, hoje é que se diz morada) e escrevia-te uma carta, à mão, como deve ser. Escrevia-te sim senhora. E dizia-te de como fiquei feliz que tivesses aparecido para apreciar a exposição. Melhor ainda que fosse coicidente com o momento de lá estarmos. Foi fantástico é o que te digo. Diria por carta mas assim digo aqui nesta maquineta que através deste meio que é a net nos faz comunicar de longe para fazer o perto que o coração precisa. Muito obrigada por terem vindo naquele momento preciso. Espero que o resto do dia tenha sido valioso e que tenham voltado a casa de dia cheio de coisas bonitas no dia bonito que estava hoje.
Beijinhos nossos daqui que o pintor também ficou contente com a visita. Obrigada!
Nemy, minha amiga:
Só te respondo agora, por que cheguei há pouquinho.
Fomos às Caldas, Gaeiras e Óbidos.
Fui ver as exposições da Maria das Caldas, nas Caldas. Depois fomos ver as exposição do marido da Girassol às Gaeiras. Está muito bonita, com quadros que tu irias gostar. Encontrei-a e, estivemos a conversar algum tempo. São uma simpatia os dois. Ainda nas Gaeiras, vi o atelier de cerâmica, de uma menina muito nova, que tem peças lindas em barro. Falarei dela um dia destes.
Só tenho pena, de não ter visto a Maria das Caldas, que já não vejo há anos.
Depois, ainda demos uma voltinha em Óbidos, a terra que meu pai tanto amou.
Estou cansada, mas foi um dia bom.
Fico ansiosa à espera da tua carta.
beijinho
Laurinha:
Ontem, só recebi um comentário teu, a que respondi.
Hoje andei todo o dia a passear.
Fui às Caldas, Óbidos e Gaeiras.
Estive com a Girassol e o Pintor dela. A exposição está uma maravilha e, eles são uma simpatia.
Passei o dia a ver coisas bonitas.
Quanto ao encontro, por mim tudo bem. Temos de combinar bem. Era muito giro vermo-nos.
Acho que vai ser como hoje com a Girassol. Parecia que já nos conheciamos há séculos.
Estivemos a falar um bocado.
Depois, ainda fui a Óbidos, que continua linda.
Amanhã, conto mais.
Fartei-me de andar e, não tarda, vou dormir.
Beijinhos minha flor de linho
Querida Girassol:
Não calculas como gostei de vos conhecer, além de ter gostado muito da exposição.
Queria perguntar-te, se poderei usar algumas imagens do livrinho, para mostrar no blog, a ver se abro o apetite a esta gente, para irem aí.
Se te escrevesse uma carta, diria que, me deu muita alegria encontrar-te. Não foi uma pessoa que conheci, mas uma amiga que reencontrei. Foi essa a sensação que senti.
Adorei as pinturas, gostei da tua peça de cerâmica. Toda a exposição está linda e digna de muitas visitas.
Espero voltar a ver-te breve.
Beijinhos, amiga.
Girassol:
Um abraço do Motorista para o Pintor e beijinho meu, para ele.
Mais uma vez te digo, foi muito bom, ter-vos conhecido.
Tou verde de invejinha da boa...e feliz porque foste lá e ainda por cima gostaste da minha nina girassol...O Nuno já chega amanhã e quem sabe, pode levar-me lá como me prometeu...mas, rapazes trocam as ideias como o vento...
Pois, gostei de saber que tudo correu pelo melhor, e eu bem te disse que a chuva não ia aparecer..Mil beijinhos a ti..laura..é essa asensação que tenho de que conheço o casal maria e Pintor, de há muitso anos atrás...que giro... laura.
Laurinha:
Deves estar radiante com a chegada do Nuno.
Filhos, nossos amores, nossas esperanças, nossas aflições.
Vinicius de Morais, disse um dia uma frase, que eu uso muito: "Filhos, melhor não tê-los. Mas se não tê-los, como sabê-los?"
Isto diz tudo. Que seria de nós sem eles?
Olha, volto a dizer-te: A Maria e o seu Pintor são fora de série.
Vais gostar deles.
Hoje estou cansada. Sou mesmo um animal doméstico. O estranho, é que a minha cabeça e o meu espirito, pedem-me: passeios, viajens, mas o corpo nunca ajudou nada. Ontem, parecia-me que era capaz de andar, até ao fim do mundo. Deitei-me cansada, mas estava tão contente, que não conseguia dormir. Hoje só de ir às compras, estou morta.
O meu pai dizia que, o meu corpo era frágil demais, para tudo o que eu queria fazer. Mais uma vez, ele tinha razão.
Põe-te bonita, para a chegada do Nuno.
Beijinhos
Maria, claro que podes usar do livrinho o que quiseres como apoio para falares da exposição. Está certo aguçar o apetite para motivar a visitar esta ou quaisquer exposição de arte. É sempre bom, enriquecedor...
Repito: foi muito bom a vossa visita exactamente no momento em que lá estávamos. Duplamente bom. Por terem vindo e por nos encontrarmos.
Um beijo a ti e ao "motorista" e abraço e beijo do pintor.
Laurinha
Atã a menina tá com inbeja?!... pois nã tenha que tamém dá pra si. Há-de vir com o sê Nuno...
Bjinho nina Laurinha
Agora vou ao teu espaço falar contigo
Obrigada Girassol e Pintor.
Amanhã, falarei na exposição.
Afinal, daqui a aí, não é assim tão longe.
Espero que haja bastante divulgação.
Vocês merecem.
Beijinhos meus para ti e Pintor. Beijinho para ti e abraço para ele, do motorista
Sim Maria uma carta é só nosso, é como um tesouro guardado no nosso coração.Beijinho
Vim cá ter, porque fiz uma busca específica. Estava com saudades da escrita à antiga.
Uso os blogs, o correio electrónico, telemóvel. Sou como toda a gente. Mas como ainda me lembro das cartas que recebia, nos primeiros dias de Dezembro de 2009 escrevi cartas a três amigas. Anigas? Será? É que nenhuma delas se deu ao trabalho de me responder. É triste.
Sinto falta de alguém com quem partilhar alegrias e tristezas. Sinto falta de alguém em quem confie. Sinto falta da privacidade.
Uma coisa onde ninguém me apanha é no facebook, ou similares, a debitar texto inócuo, para amigos conhecidos e desconhecidos, irem consumir se quiserem. Não presta.
Não sabe a nada.
Somos uma estranha mescla de velho e novo, e o pessoal de fabrico recente nem nos entende. Falamos latim.
Margarida Daniel
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