Na Cascais dos anos 60, havia uma loja de modas.
Ficava à entrada da vila, junto ao belo café “Boca do Inferno”.
Pertencia a um tio de meu marido, alentejano de boa cepa, que veio cedo para Cascais. Aí casou, com uma irmã da minha sogra, teve filhos, estabeleceu-se e fez a sua vida. A loja, chamava-se “Casa Princesa”.
Ficava mal comigo, se não fala-se um pouco deste tio. Era alentejano, como já disse. Sem nunca esquecer a sua família de origem, nem o seu Alentejo natal, adoptou por sua, a família da mulher. Além de tio era padrinho do meu marido, a quem queria como filho e, ele adorava o tio Calado. A mim, adoptou-me também e, quando morreu, chorei-o como se fosse do meu sangue.
Era uma família unida, grande, num Cascais pequenino, diferente do de hoje, onde todos eram primos ou amigos.
Mas vamos à história.
A “Casa Princesa” era uma “Loja de Modas” à antiga, tinha tudo. Do botão à roupa feita, do tecido a metro a artigos de retrosaria, tudo.
Quando os turistas começaram a aparecer, o tio Calado, bom comerciante, juntou à mercadoria habitual, uma quantidade de artigos de artesanato, muito procurados pelos turistas. Toalhas bordadas, mantas, loiças regionais, chapéus, bandarilhas, objectos que os estrangeiros compravam como recordação.
A loja é hoje um banco, o tio foi embora, o “Boca do Inferno” é um pequeno Centro Comercial.
Há dias, o Vasco, que gosta de ir ao Ebay, ver e às vezes, comprar coisas, viu um curioso chapéu, que mostrava no interior, o seguinte: “Casa Princesa” J.M.Calado, Cascais. Telefonou alvoraçado, ao pai.
Resumindo: a Maria, maluca como sempre, nem pensou duas vezes, mandou vir o chapéu.
Hoje de manhã, o carteiro tocou, disse que tinha uma encomenda.
Vinha da Bulgária e, era o meu lindo chapéu de cavaleira, ou melhor, um chapéu do tio Calado, vendido, sabe-se-lá quando e a quem, que ao fim de muitos anos, voltou a Portugal, depois de ter corrido por aí, qual emigrante que um dia volta à terra.
Está em bom estado, como podem ver nas fotos.
Já tem lugar marcado na minha sala das recordações. É bom ter nas mãos, uma coisa que foi tocada, um dia, pelo meu padrinho de casamento.
Acho que o chapéu está contente, como eu. Voltou à sua terra, para as mãos de quem ao tocar-lhe, sentirá carinho, saudade, de quem um dia o vendeu.
Àquele que o conservou em bom estado, agradeço por isso.
Ao meu filho, agradeço por ter a mania de ir ao Ebay.
Ao meu marido, agradeço, por mais uma vez, ter ido atrás das maluquices em que me meto.
Tio Calado: A Maria, nunca o esquecerá. Não precisava do chapéu, para me lembrar de si. Tenho saudades suas e da tia. Mas agora, quando olhar para o chapéu, pensarei nele, como uma prenda, que os dois me tivessem dado.
João, Maria, meus queridos primos: o chapéu, será para mim, uma recordação muito querida. Venham cá vê-lo.
Agora, vou namorar um bocadinho o meu lindo chapéu preto. Depois, irá descansar da longa viajem que fez.
Até um dia destes.
Ficava à entrada da vila, junto ao belo café “Boca do Inferno”.
Pertencia a um tio de meu marido, alentejano de boa cepa, que veio cedo para Cascais. Aí casou, com uma irmã da minha sogra, teve filhos, estabeleceu-se e fez a sua vida. A loja, chamava-se “Casa Princesa”.
Ficava mal comigo, se não fala-se um pouco deste tio. Era alentejano, como já disse. Sem nunca esquecer a sua família de origem, nem o seu Alentejo natal, adoptou por sua, a família da mulher. Além de tio era padrinho do meu marido, a quem queria como filho e, ele adorava o tio Calado. A mim, adoptou-me também e, quando morreu, chorei-o como se fosse do meu sangue.
Era uma família unida, grande, num Cascais pequenino, diferente do de hoje, onde todos eram primos ou amigos.
Mas vamos à história.
A “Casa Princesa” era uma “Loja de Modas” à antiga, tinha tudo. Do botão à roupa feita, do tecido a metro a artigos de retrosaria, tudo.
Quando os turistas começaram a aparecer, o tio Calado, bom comerciante, juntou à mercadoria habitual, uma quantidade de artigos de artesanato, muito procurados pelos turistas. Toalhas bordadas, mantas, loiças regionais, chapéus, bandarilhas, objectos que os estrangeiros compravam como recordação.
A loja é hoje um banco, o tio foi embora, o “Boca do Inferno” é um pequeno Centro Comercial.
Há dias, o Vasco, que gosta de ir ao Ebay, ver e às vezes, comprar coisas, viu um curioso chapéu, que mostrava no interior, o seguinte: “Casa Princesa” J.M.Calado, Cascais. Telefonou alvoraçado, ao pai.
Resumindo: a Maria, maluca como sempre, nem pensou duas vezes, mandou vir o chapéu.
Hoje de manhã, o carteiro tocou, disse que tinha uma encomenda.
Vinha da Bulgária e, era o meu lindo chapéu de cavaleira, ou melhor, um chapéu do tio Calado, vendido, sabe-se-lá quando e a quem, que ao fim de muitos anos, voltou a Portugal, depois de ter corrido por aí, qual emigrante que um dia volta à terra.
Está em bom estado, como podem ver nas fotos.
Já tem lugar marcado na minha sala das recordações. É bom ter nas mãos, uma coisa que foi tocada, um dia, pelo meu padrinho de casamento.
Acho que o chapéu está contente, como eu. Voltou à sua terra, para as mãos de quem ao tocar-lhe, sentirá carinho, saudade, de quem um dia o vendeu.
Àquele que o conservou em bom estado, agradeço por isso.
Ao meu filho, agradeço por ter a mania de ir ao Ebay.
Ao meu marido, agradeço, por mais uma vez, ter ido atrás das maluquices em que me meto.
Tio Calado: A Maria, nunca o esquecerá. Não precisava do chapéu, para me lembrar de si. Tenho saudades suas e da tia. Mas agora, quando olhar para o chapéu, pensarei nele, como uma prenda, que os dois me tivessem dado.
João, Maria, meus queridos primos: o chapéu, será para mim, uma recordação muito querida. Venham cá vê-lo.
Agora, vou namorar um bocadinho o meu lindo chapéu preto. Depois, irá descansar da longa viajem que fez.
Até um dia destes.
20 comentários:
Pois Maria já dizia o outro que chapéus há muitos mas o certo é que este é "o chapéu!"
Incrível ou nem tanto neste mundo evolutivo em que já nada admira e teres encontrado à venda num qualquer ponto do mundo um chapéu que da loja do teu tio havia saído é só uma situação fantástica pelo que sentiste/sentiram ao conseguir comprá-lo, reavê-lo portanto. É fantástico!!!...
Beijinhos para vocês, Maria. Andamos aqui numa azáfama com trabalhos a preparar que nos fazem andar de um lado para o outro... Mas é bom. Cumprem-se os nossos objectivos.
Amiga:
Às vezes há coisas que parecem mentira. Esta do chapéu deixou-me parva.
Ainda bem que têm tido trabalho. É bom sinal
Beijinhos para os dois e que tudo continue a correr bem.
Maria..na Alcatruzeira
O meu chapéu
tem três bicos;
tem três bicos
o meu chapéu.
Se não tivesse
três bicos
o chapéu
era com certeza o mesmo e realmente o teu...
Olha, minina, não o emprestes ao João - que pode gastar-se. E põe-lhe muitas bolas de naftalina, por mor das traças...
Sem brincadeiras: muitos parabéns!
Os habituais qjs & abs
Estou mortinho por ir aí ver o chapéu! Pena é que ele não possa falar, para contar por onde passou e aquem pertenceu...
Beijos do teu filho.
Querida amiga,
Sou das que pensam que nada acontece por acaso.
Fico feliz por saber que o chapéu encontrou o seu lugar, junto de Vós.
Saudades
Nemy
Quem me dera encontrar no EBay as recordações dum dia.
Às vezes - os sonhos tornam-se realidade! Pode ser que um dia ...
Assim se realizam os sonhos das pequenas princesas e das pequenas Marias.
Beijinhos Petite Sonhadora
Henrique:
Lembraste-me a velha canção, que tantas vezes cantei em miúda.
Este não tem três bicos. É mais à Mazzantini.
Obrigada pelo comentário.
Não lhe vou por naftalina, mas um daqueles pacotinhos que se usam agora e cheiram bem.
Quanto ao João usá-lo, o sonho dele, é um chapéu de coco, daqueles dos músicos de Jazz, uma das suas paixões. Estou farta de pprocurar um. Talvez um dia destes, o meu filho, descubra um no Ebay.
Queijinhos de Tomar, como sempre.
Filho:
Vem vê-lo quando quiseres. Ele não conta por onde andou, mas vai lembrar-te pessoas e locais, por onde andaste.
Se encontrares no EBay, um chapéu de coco, agarra-o. É uma mania do teu pai.
Beijos e obrigada por seres cusco.
O relógio já funcemina?
Mãe
Querida Nemy:
Como diz aquela senhora, que nós não gostamos, (M.R.P.) não há coincidencias. O chapeu andou por aí, mas por qualquer razão, veio parar ao sítio certo.
Saudades e beijinhos.
Kim:
Há coisas na vida que não se explicam, aceitam-se. Esta do chapéu foi uma delas. Um chapéu vendido em Cascais há anos, aparece agora na Bulgária.
Só a mim é que acontecem estas coisas.
Quem me dera encontrar outras coisas no EBay!
A minha sorte, é a memória de cavalo que herdei do meu pai e que me ajuda, a ter armazenados todos os sonhos e coisas que perdi.
Este chapéu, além desta história, tem outra. Desde garota, desejei, aprender a andar a cavalo. Sonháva-me, vestida de cavaleira ribatejana, saia comprida, jaleca, blusa de folhos, botas, chapéu, um pequeno pingalim, (não, para bater no cavalo, só para dar estilo). Nunca realizei esse sonho. Agora, pelo menos, tenho o chapéu.
Os sonhos que tive, amigo!
Alguns, realizam-se em parte e, eu já fico feliz.
Beijinhos.
Vou procurar o chapéu de coco, mas tenho é de saber a medida da cabeça do pai, para lhe ficar mesmo bem!
Sim, o relógio já funcemina, mas faz muito barulho!
Beijos.
Bolas, e isso fez-me lembrar a canção que foi cantada e tocada quando eu ia em viagem, d eprimeira classe no paquete Principe Perfeito, tinha eu 10 anos..
ò que lindo chapéu preto
nauela cabeça vai
o que lindo rapazinho
pra ser genro de meu pai...
uma passageira tocava ao piano e os outros cantavam e eu a ver de pertinho, pela primeira vez alguém a cantar assim e a tocar...linda recordação, porque o meu pai me cantou a letra toda, nesse aspecto ele era um amor,explicava-me tudinho...
Tadinho do teu querido tio, e que bom que o teu chapéu às tuas mãos voltou...
Quem dera que o amor também atravessasse oceanos e viessa cá ter, pra mim, ehhhhhhhh, fosse em forma de chapéu ou lá o que fosse..
Es uma sortuda, sabias? Beijinhos.
Corvo:
O teu pai tem a cabeça do tamanho da tua, ou mais pequena. Nem sei onde ele armazena tanta inteligência e saber. De qualquer maneira, o chapéu não é para usar.
É o Jazz, filho. É para fazer companhia aos trombones e os outros instrumentos que ele tem.
Beijo.
Mãe
Laurinha:
Se tudo fosse sempre tão simples!
Como era bom ir ao Ebay e recuperar tudo o que perdemos!
Tu ainda vais encontrar o teu sonho de amor, querida. "Nunca é tarde para amar", viste o filme?
Se o encontrar, mando-to.
Beijinho e obrigada pelo teu comentário.
Beijinho a ti.
Peço desculpa: oké o Ebay?????? A pdi é uma chatice...
Qjs
Henrique:
A bem dizer também não sei. O Vasco é que compra lá coisas e tem-se dado bem. O chapéu foi ele que o mandou vir.
Eu acho que é uma espécie de loja virtual, mas como também não sei muito bem, o que é isso, ficamos na mesma.
Queijinhos
Antunes Ferreira,
o Ebay é um espaço na internet, onde se pode encontrar das mais variadas coisas e a preços muito convidativos. Como eu tenho a mania das antiguidades, velharias e coisas que já não se usam, procuro no Ebay, e já tenho encontrado coisas que não encontro em Portugal. Para ter uma ideia, pode consultar através deste endereço:
http://www.ebay.es/clasico/
Corvo, pena não estarmos neste momento na África do Sul, por lá viveram milhares de Ingleses, Americanos nos anos 40 50 60 e por lá deixaram coisa sincriveis que tive o prazer de ver e comprar algumas, só que não ligava antiguidades, gosto de as ver, mas não de encher a casa com elas, e ali nessas casas onde já ia amiude com um amigo, havia coisas incrivelmente lindas e já fora de contexto, porque nem sequer conheciamos a maioria...e o dono da casa,(ah, que rico ele era, rico em rands!) pacientemente explicava funcionamento disto ou daquilo ..maravilhosos, ali podiamos sentir as coisas, e cheirava a passado!...
Beijinhos, muitos, da laura para a querida maria e o corvo...
Laura:
Como o Vasco não deve ver o teu comentário, visto ir passar o fim de semana a Tomar, respondo-te eu.
Quando ele voltar, falará contigo.
Estou roídinha de inveja. Ele vai à minha terra e, eu vou ficar aqui, porque não posso deixar o canito só. Ele não se dá bem em canis. Fica triste, não come e ladra o tempo todo.
Adoro-o, mas é um chato. Se eu vou à rua sem ele, quando chego a casa, quase que me come. Chora, salta, faz-me cair, de tantas saudades. É um rafeiro metido a cão de luxo. Ainda por cima, não gosta de andar de carro. Quando o levo a qualquer lado, ladra, salta-me em cima. Resultado: fico moída, cheia de nódoas negras e com os nervos em franja. É muito querido, mas prende-me. Quando outro dia fui à Girassol, cheguei a casa e, ele nem tinha comido, nem bebido, estava à entrada da porta, com um ar tão infeliz, que fiquei cheia de remorsos.
Diz-me a que horas é, a sessão de autógrfos da Ana. Queria lá ir.
Quanto às antiguidades do Vasco, acho que a irmã, é que tem razão, quando diz, que ele só casa com uma velha, com perna de pau, para lhe tratar dos carunchos.
Até os móveis são antigos e muito bonitos.
É um rapazinho muito especial, em tudo. Ias gostar dele.
Calculo que deves estar cansada.
Beijinho, minha flor de linho.
Laura,
Tenho alguns amigos e família que estiveram em África e que trouxeram de lá do bom e do melhor!
Ao ler o teu comentário, imaginei ver as coisas que esse senhor tinha em casa. Verdadeiras raridades! Um astrolábio, um contador, um microscópio, uma grafonola que é preciso dar à manivela e, sem ser preciso ligar a uma ficha, dá música! Coisas para lá da nossa imaginação!
A minha mãe temeu que não respondesse ainda hoje - pensou que eu não viesse aqui. Mas o Alcatruzes da Roda tonou-se o meu ópio, e não posso passar sem ele!
Um Beijo de amizade!
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