Comecei a tarde triste. O espectáculo que vi, foi triste. Uma moça pouco mais nova do que os meus filhos, que vestiu à nascença roupas deles, que dormiu no berço que fora deles, mais uma vez, drogada ou bêbeda, insultou toda a gente, mesmo quem já tentou ajudá-la. As pessoas riam, eu quase chorei. Lembrei-a pequenina, doce, bonita, estendendo os bracitos para mim. Esses mesmo braços que hoje são um mapa de cicatrizes, de nódoas negras.
Tem um filho, ela. Descobrimos que estava grávida por acaso, eu e outra vizinha. Quem é o pai? Nem ela sabe. O filho foi entregue a um irmão dela. E ela continua a jogar às escondidas com a morte todos os dias. Entretanto faz rir alguns, faz-me sofrer a mim.
Saí da varanda, tentei esquecer, queria ir aos fados feliz.
Foi muito bom. Como eu gosto de Fado ao vivo! Joaquim Campos, Nuno de Aguiar, uma Senhora já entradota, com uma voz linda, um naipe de jovensinhos muito prometedores, belíssimo acompanhamento, fados antigos, boa companhia, foi muito bom.
Saímos e o pesadelo voltou. A caminho do carro, num local bastante frequentado, perto de uma esquadra de polícia, outro jovem tentava desesperadamente, arrombar um parquímetro.
Droga de droga. Eu vinha feliz, muito feliz. A noite tinha sido perfeita. Caldo verde, bacalhau, sangria, arroz doce, fado, boa companhia. Ver o meu puto Vasco, tratado com respeito, com amizade pelos colegas, ouvir dizer bem dele. Que mais quer uma mãe? Estava feliz, orgulhosa da minha cria, contente de ouvir o Fado.
Porquê tiveste que aparecer puto loiro de caracóis? Porque estavas a arrombar o parquímetro? Porque te drogas? Porque existe droga? Porque não acabam com os, passadores de droga?
Porque é que tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é Fado?
Até um dia destes.
Tem um filho, ela. Descobrimos que estava grávida por acaso, eu e outra vizinha. Quem é o pai? Nem ela sabe. O filho foi entregue a um irmão dela. E ela continua a jogar às escondidas com a morte todos os dias. Entretanto faz rir alguns, faz-me sofrer a mim.
Saí da varanda, tentei esquecer, queria ir aos fados feliz.
Foi muito bom. Como eu gosto de Fado ao vivo! Joaquim Campos, Nuno de Aguiar, uma Senhora já entradota, com uma voz linda, um naipe de jovensinhos muito prometedores, belíssimo acompanhamento, fados antigos, boa companhia, foi muito bom.
Saímos e o pesadelo voltou. A caminho do carro, num local bastante frequentado, perto de uma esquadra de polícia, outro jovem tentava desesperadamente, arrombar um parquímetro.
Droga de droga. Eu vinha feliz, muito feliz. A noite tinha sido perfeita. Caldo verde, bacalhau, sangria, arroz doce, fado, boa companhia. Ver o meu puto Vasco, tratado com respeito, com amizade pelos colegas, ouvir dizer bem dele. Que mais quer uma mãe? Estava feliz, orgulhosa da minha cria, contente de ouvir o Fado.
Porquê tiveste que aparecer puto loiro de caracóis? Porque estavas a arrombar o parquímetro? Porque te drogas? Porque existe droga? Porque não acabam com os, passadores de droga?
Porque é que tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é Fado?
Até um dia destes.
35 comentários:
Mariazinhamiga
A droga deve ser hoje em dia o maior negócio do Mundo. Mais do que o petróleo, mais do que os diamantes, mais do que o armamento, mais do que as mafias, as triades, a prostituição.
Donde - quem se atreve a acabar com ela? Diz-se que sim, que as intenções são as melhores, que as iniciativas são as mais reforçadas. Juram-se as boas intenções. Mas, quem mais jura, mais mente.
E não se ostentem hipocrisias: há demasiados milhões de milhões de cifrões em jogo. Ninguém é capaz de dizer acabou-se a papa doce - e fazer. O dinheiro é a mola real deste desgraçado Mundo. Infelizmente. Mas é assim.
Qjs para tu (???)& abs para o Cristiano João
PS (ainda) No htpp://sorumbatico.blogspot.com tenho uma «coisa» intitulada À espera da gripe A... Se lá quiseres ir, ou outros amigos, pode ser que...
Mas que pena minha querida Maria,s e não é droga é alcool, os jovens prendem-se a tudo através dos sentidos, que pena que existe esse maldito vicio na vida de tantos jovens e menos jovens, mas... como lamento essa jovem nina, como sinto um aperto na alma quando os vejo sem quererem ser ajudados, porque o vicio não deixa...Mas que vida d euns e outros e temos os nossos tão bem cuidadinhos e amados e eles correspondem na mesma, mas, é a vida...beijinhos meus..laura.
Henriquamigo:
Tudo o que tu dizes é verdade. Já o repeti mil vezes a mim e aos outros. Mas ontem foi demais. Prmeiro a rapariga que conheço desde que nasceu, depois o aspecto de uma Lisboa que conheci calma e segura e que ontem, depois de não ir para os lados do Bairro Alto há muito tempo vi, amigo fiquei com medo. Já dentro do carro, tranquei as portas. Senti medo, horror, nojo, pena, sei lá, todos os sentimentos que imaginar consigas.
No sítio onde vivo, há drogados aos centos. Vejo da varanda da minha casa, chegarem carrões que descaradamente fazem o negócio. Vejo antigos colegas dos meus filhos comprar e vender droga. Vejo o estado em que ficam. Mas o aspecto de Lisboa às 2 horas da manhã é surreal. Eles metem-se à frente dos carros, dançam, caem, levantam-se, bulham, abraçam-se. A minha Lisboa não era assim. Eu ia ao cinema à noite com as minhas primas, sós e sem medo. Passavamos a Avenida, o Marquês, o Saldanha a Estefânia, o Chile, fosse onde fosse, sem medo.
É essa diferença que me choca. É ver garotos de 13 ou 14 anos, tentarem arrombar um parquimetro em frente de gente que passa indifrente (ou medrosa), sem nada fazer. É pensar que tenho dois netos quase na adolescência e vão viver neste mundo. É sentir, por momentos, que prefiro morrer a ver isto, porque este mundo já não é o meu.
E no entanto, sei que há lugares piores. Mas isso eu não vejo. Ontem vi. E fico com medo. Com medo pelos meus netos, pelos teus, por todos estes meninos que têm tudo e não têm nada. Meninos que não têm a segurança, a confiança, a felicidade da nossa infância e adolescência. E tenho pena deles, de nós que nada podemos fazer e vemos impotentes, a droga a tomar conta dos "homens e mulheres de amanhã", se houver amanhã para alguns deles.
Hoje estou uma chata. Desculpa, mas precisava desabafar.
Abraço do João, beijinho à Raquel e queijinhos para ti.
Vou agora ao "Sorumbático".
Laurinha:
Esta doi mesmo. Até quando o filho estava para nascer, fizemos tudo. Remédios, comida, roupa. Houve uma altura que lhe disse tantas que a fiz chorar. Fiquei com esperança. Depois de o bebé nascer, andou um tempo bem, arranjou emprego e tudo. De repente voltou ao mesmo. Volta e meia vai parar ao hospital. Mal volta, a primeira coisa que faz é beber, a segunda é ir à procura da droga.
Olha que não foi só ontem que me fez chorar. Sempre que a vejo assim, fico completamente arrasada.
E são tantos, miga!
Beijinhos
Sim amiga pode crer que desconheço muita coisa.Só no ano passado fui ver as lagoas e estive no sopé da montanha.Por aqui era só trabalho e mais trabalho e nada de viver.Vi muito no ano passado(não pode ver mais, que a minha avó e tio, Deus chamou para ele) e perdi a vontade, este ano se Deus quiser conto ver muito mais.A vida é só um momento e esse quero vivê-lo bem.Não saí, a chuva não deixou.Acho que temos de procurar o anti-ciclone aqui dos Açores, pois não sei onde pára.Ainda bem que gostou, o pior é vermos quem gostamos se deixar afundar, nem sei como o podem fazer e ainda mais com filhos, que vêem esses espelhos.Beijinho grande Maria, um abraço para seu marido João
Minha amiga:
Quando aí estive, o Pico era um Paraíso onde até as portas se deixavam abertas. Parece que já não é assim e tenho pena. Apesar disso, ainda deve ser um lugar mais seguro para as tuas meninas.
O pior é que o flagelo da droga é como a gripe: chega a todo o lado, sem se saber como.
Tirando a parte feia que contei, a noite foi boa. Gosto de fados ao vivo.
Tenta passear. Se eu souber onde anda o anticiclone, mando-o para aí, para não teres chuva nestes dias.
Diverte-te amiga.
Um abraço do João, outro para o teu Manuel e beijinhos para ti.
Minha Querida Maria: "Belo" texto! Pena que não seja lido por quem à custa dessa malfadada droga continua a enriquecer!!!Já ouvi uma resposta por um "passador" ou ex-passador, para mim tanto dá:"Se não fosse eu sería outro, qual é a diferença"???!!!A partir desta resposta, e, como já deves ter percebido eu tenho o pavio curto, imagina a discussão que se gerou!!
Se não existisse essa máfia maldita,não havia tantos jovens a caminharem lentamente para a morte, mas, o raio do vil metal fala mais alto e pouco importa se tens um Mercedes(conhecimento de causa), top de gama, o que interessa isso sim,é que vivas desafogadamente e em sumptuoso luxo
sem que para isso tenhas o trabalho honesto como pano de fundo!
Há já vários meses postei um poema relacionado com a droga"Prisioneira da Droga"um dos trabalhos íncluídos nos 27 que perdi!!Tratava-se de um caso real de uma menina(21Anos), que eu conheci, tal como tu, desde bebé, uma excelente aluna da faculdade e lindíssima!!Morreu às mãos da besta do namorado que a incitivou a experimentar até que um dia...a dose excessiva a matou!!
Por isso, sei o que deves ter sentido com esse horrendo espectáculo...
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Um quadro de Malhoa(já o pintei)que tão bem retrata o fado...
Aínda bem que tiveste horas de diversão minha querida.Eu sou uma apaixonada do fado e então ao vivo e a cores...Deus Meu!!!!
Fica bem minha Linda
Jinhos gandes
Soledade amiga:
Esta história da droga é uma história sem fim. Todos a conhecemos, todos sabemos que nunca terá solução. O dinheiro, sempre o dinheiro e a ambição desmedida de alguns, a fraqueza e a vontade de experimentar de outros, o abandono a que estão entregues a maioria dos nossos jovens, levam a este estado degradante e sem remédio. Eu conheço, tu conheces, todos conhecem alguém que caiu na rede dela. É mais fácil ignorar, mas eu não consigo. Felizmente nunca me bateu à porta. Os meus filhos nunca me deram esse problema. Mas vejo-a tão perto! Já aqui disse, que só tenho que chegar à varanda para ver o estado degradante de uns, outros que não têm emprego em grandes carrões virem aqui a horas certas, fazer o seu nojento negócio. Já cheguei a avisar a polícia. Chegaram, viram os carros por dentro, revistaram-nos e nada encontraram. "Esqueceram-se" de ver debaixo dos carros. Tive vontade de lhes dizer onde estava. Mas e depois? que me iriam fazer? Se eles sonhassem que eu tinha chamado a polícia, não estava aqui. E algumas mães desses monstros, passam por mim, com ar orgulhoso porque os seus belos rebentos ganham bem a vida.
Este mundo mete-me nojo. Por isso me escondo em casa, não falo com ninguém, porque elas só reparam na boa vida dos filhos delas e são capazes de rir das tristes figuras dos drogados, como aconteceu nesse dia.
Fado, foi bom ir aos fados assim ao vivo. Mas Lisboa à noite é um caos. Mete medo ao susto.
Obrigada pela tua visita, minha querida.
Beijinhos
Os amigos dos meus amigos são meus amigos e não é por acaso que existe transmissão de pensammentos !
Também não entendo porque é que a juventude continua a procurar não sei o que na droga, no alcool e nos cigarros (Sei que és fumadora mas no teu tempo não se sabia o mal que isto fazia, enquanto que agora quem começa sabe qual é o caminho)...
Mas como diz o nosso amigo Henrique o serviço de Marketing destes produtos é muito bom !
Ontém passei uma linda noite a ouvir Rão Kyão e as suas flautas, um pianista, uma harpista e uma soprano que tinha uma belíssima voz. Também cantou fado mas confesso que numa voz desta prefiro música clássica. Também sou suspeita visto cantar como soprano num coro e a música sacra ser a minha preferida... Não houve nada a estragar toda esta beleza, a não ser o assento ser de pedra e não ter ajudado as minhas dores de coluna mas é só um detalhe no meio de muita beleza.
Ante-ontém, tive o prazer de ouvir o marido da Angel of Light tocar gaita de fole. Que lindo !
Também não foi fácil vir até ti, andas escondida....
Beijinhos verdinhos
Olá Maria, cara amiga.
Estou demasiado macambúzio para comentar seja o que for.
Um beijinho.
Olá Verdinha:
Também gosto de música clássica.
Ontem passei parte da tarde a ver e ouvir no Mezzo, a "Traviata", transmitida da Ópera de Lyon. Como de costume, chorei. Depois da noite de fado, tarde de Ópera.
Eu fumo sim. Desde os 15 anos. Só parei quando estava grávida dos meus filhos. Não me sinto nada orgulhosa disso, mas nesta idade já não vale de nada tentar parar. Geralmente até fumo pouco, mas se estiver nervosa passo das marcas.
Não fumo dentro de casa, nem ao pé de crianças. Tento não fumar ao pé de ninguém que eu saiba que não gosta. Deixar, não deixo. É um companheiro de 50 anos, amiga.
Gostei que me respondesses tão depressa e tão simpáticamente.
Beijinhos e obrigada.
Alfredo amigo:
Obrigada por teres passado por cá, mesmo macambúzio.
Que se passa? Diz se posso ajudar.
Beijinhos e espero que melhores.
"E tu não viste Nabuangongo"! Àquela hora, se tivesses entrado dentro do Bairro Alto, não sei o que dirias. Bares abertos com gente às portas e com copos na mão; Bebem "shots", fazem misturas, drogam-se, fazem barulho, sujam de várias maneiras as ruas, gritam, roubam, batem-se e magoam-se... É melhor não dizer mais nada.
Mas, pôçaras! Pões em primeiro plano a parte má do dia?! Foi tão boa a noite de fadunchos...
Haja mais!
Beijos
Meu Corvo:
Tens toda a razão. Os fados foram muito bons, a companhia também, mas tu, talvez melhor que ninguém, sabes que eu reajo muito mal a certas coisas.
Acho que os anos de juventude são os melhores de qualquer vida. Ver a quantidade de jovens que transformam esses anos maravilhosos num perpétuo pesadelo, é completamente incompreensivel para mim. Estragar toda uma vida, por algumas horas de falsa euforia e felicidade falsa, não me peças para aceitar ou entender.
Beijinhos da
Mãe
Olá Petite Marie!
às vezes fico com a impressão que não existe nenhuma família no mundo onde não tenha entrado este maldito vício.
Droga de vida!
Passaram poucos dias mas tenho impressão que houve aqui algumas mudanças. Vou tentar perceber.
Beijinhos Marie
Kim, meu amigo:
Então já de volta? Que tal passaste estes dias? Espero que tudo tenha corrido bem.
É amigo, a droga parece não poupar ninguém. Os meus filhos, felizmente, nunca tiveram problemas desses. Espero que os netos se safem também.
Mas, eu que pensava que isto aqui onde moro, era mau, depois do pouco que vi em Lisboa, fiquei horrorizada. É medonho. O Vasco diz que até de dia há assaltos e vandalismo naquela zona.
Depois de uma noite muito boa a ouvir fados ao vivo, como eu gosto, à saída aquela cena do puto e outras, deixaram-me arrasada.
Sabes o meu mal, amigo? Fui demasiado protegida do lado mau da vida. Talvez porque sabem que sou demasiado sensível a desgraças, tanto o meu pai, como o meu marido e até os filhos, sempre tentaram proteger-me. Mas eu vejo televisão, cinema, leio muito, sei que as coisas existem. Mas ver ao vivo, nunca tinha visto nada assim.
Tenho tentado esquecer e não consigo. E depois esta malfadada garota, que vejo todos os dias, sempre com as mesmas cenas tristes.
Benvindo amigo. Já estavas a fazer falta.
Beijinhos
Olá Maria, tive visitas amadas, lindas e foram pela meia noite e estou a fazer serão aqui...bem disposta, embora magoada com umas coisas que já sabes, enfim, a vida continua..beijinhos meus..laura.adorei que conhecesses a Soledadade e a verdinha, tão bom, devagarinho chegamo-nos todas...e eu com inveja porque vós morais mais perto e eu estou to longeeee...laura
Laurinha:
Um dia vamos juntar-nos todas ao vivo e a cores, nina. Tu só estás longe fisicamente, porque a nossa amizade junta-nos aqui todos os dias.
Ainda bem que tiveste visitas e te destraiste.
Ontem havia festa aqui ao pé. Foi dia de barulho e confusões, gente à bulha. Este sitio está a tormar-se um inferno.
Só me apetece fugir daqui.
Já etás melhor da visicula?
Beijinhos e até logo
Maria;
Aqui está uma pergunta para a qual não tenho resposta,... e eu que sempre pensei que não haveria pergunta à qual eu não soubesse responder...
Já participei em colóquios, conferências, visitas guiadas com as respectivas perguntas e sempre houve respostas para tudo, porém para esta!!!!!
Mas acho que o Ferreira resnpondeu, não há solução, mas ao problema que a situação acarreta não só aos jovens mas também às familias que se sentem impotentes perante a imagem de um parente que se transforma em fantoche derivado a essa calamidade que é a droga.
bjs, Maria e um abra4o para o João;
da Anita e Osvaldo
Caro Osvaldo:
Tu não tens resposta, eu também não e, ao que parece, ninguém a tem. Mas o facto é que ela cresce, apanha cada vez mais miúdos nas suas malhas. E eu, que aqui vejo todos os dias cenas tristes, julgava que já tinha visto tudo. Quando vi o estado de Lisboa à noite, cheguei à triste conclusão, que ainda não tinha visto nada. Foi o espectáculo mais aberrante que alguma vez vi. E segundo o meu filho, que trabalha naquela zona, o que eu vi, não é tudo. Há pior e à luz do dia.
Meu Deus, que mundo vamos deixar aos jovens? Como vão sobreviver?
Eu posso-me fechar, ver só o que quero, mas eles têm de viver neste Inferno em que o Mundo se tranformou.
Soluções? Como diz o Henrique, não há nada a fazer.
Só penso no que a minha mãe sentiria se visse isto.
Estou triste e magoada com o Mundo.
Quantos sonhos de Liberdade e Felicidade nós sonhámos. A gerção de 60, foi um sonho que virou pesadelo.
Pobres jovens!
Abraço do João e beijinhos para a Anita e para ti.
Maria; já não há volta a dar-lhe a não ser que nos juntemos todos e trabalhemos no duro para isso... Há quem tenha boa vontade, mas com poucos nunca chegaremos lá...
Conheço pessoas que têm filhos, netos, enfim, metidos nesse mundo e é triste, realmente, muito triste... Beijinhos da laura.
Laurinha:
É quase impossível que esta situação tenha remédio. Há interesses e muito dinheiro em jogo.
Pobre de quem é apanhado por este flagelo horrivel. Muito poucos se conseguem libertar.
A quantidade de famílias afectada pela droga é impressionante.
E não para de crescer.
Só peço a Deus que não me volte a mostrar o que vi naquele dia. Fez-me muito mal. Ver vidas ainda mal começadas, com o passaporte tirado para o outro mundo, é horroroso.
Beijinhos, nina.
Sempre que saio, passo por alguém nessas condições, claro que começo logo a elevar uma prece ao Pai para que ampare quem for, mas, é triste, muito triste.v fazer novo post se tiver pachorra, estou molinha..beijinhos de boa noite e nana bem, e vai um cházinho?
Tendo 50 primos direitos, é normal que tenha acontecido um caso ou outro na família mas felizmente são poucos !
Os meus filhos, felizmente, passaram através das redes destes horrores mas tenho medo para a geração dos meus netos...que ainda não tenho mas a esperança é a última a morrer, não é ?
No outro dia, em pleno dia, fui abordada por 2 jovens que faziam um peditório para uma casa de reabilitação de drogados, não tinham documentos nenhuns de prova e diziam que ninguém dava nada. Muito calmamente e suavemente, expliquei-lhe que era normal se eles não tinha comprovativos que as pessoas tinham mais dificuldades em acreditarem neles, que eu era voluntária na Cruz Vermelha, falei-lhe dum sítio na paróquia onde também havia ajuda e perguntei como se sentiam, se estavam a aguentar bem e dei-lhes os parabéns e os meus desejos de força para continuar. Agradeceram-me sorrindo e foram-se embora e nunca mais os vi na rua. Deus estava comigo como sempre !
Venho te desejar uma boa noite, querida Maria e não pensa mais nisso !
beijinhos
Verdinha
Muitas perguntas sem respostas não é Maria?
Há respostas que nós sabemos.
Há perguntas que já nem fazemos, por isso mesmo.
Há interesses de que sabemos a existência.
Há prometimentos bem intencionados de que está o inferno a abarrotar.
Há esta merda de vida em que se vêm os "filhos" morrer de morte anunciada porque não vêm eles próprios outra saída e não há, tantas vezes, quem consiga ajudá-los a (re)encontrar caminho.
...
Mas olha que tem toda a razão o teu Corvo, Maria. O melhor do dia foi a parte boa. É preciso agarrá-la para que se consiga suportar o outro lado. Ou é-se engolido.
Beijinhos Maria
Dias Felizes.
Não deixes que estas nuvens negras te tapel o sol dos dias.
Verdinha:
Pois é mesmo por causa dos meus netos e de todos os netos do mundo, que eu temo.
Sem soluções à vista, tudo o que se pense tentar é impraticável.
Esta miúda que eu falo, tentamos várias vezes ajudá-la. Uma das vezes, a senhora que a foi levar ao Norte, a um centro, deixou-a lá, veio para baixo e horas depois chegou ela. Tudo tentamos sem qualquer efeito.
Um dia descobrimos que estava grávida. fizémo-la ir à maternidade, fez exames, foi seguida, tinha comida, medicamentos.
Nessa altura tivemos alguma esperança. Andou bem, trabalhou. Quando viu que o filho ia ser entregue ao irmão, voltou ao mesmo.
Agora é droga, alcool, tem um aspecto pavoroso. Faz cenas medonhas, insulta e agride verbalmente toda a gente, risca os carros. De vez em quando vai para o hospital. Umas vezes com infecçõs provocadas pelas agulhas, que espeta onde calha, pois já nem veias encontra, outras de bebedeiras que a deixam em coma. Isto dura há mais de 20 anos.
Sei que já não há volta a dar-lhe, mas tenho muita pena dela.
Beijinhos
Girassol:
São muitas perguntas sem resposta, sim.
Passei uma noite muito boa, mas eu nunca consigo deixar de pensar naquilo que vejo e me impressiona.
Fico totalmente obcecada pelo que vi. A droga é para mim um monstro com mais cabeças do que a hidra mitológica. Tomou conta de tudo. Desgraça novos e alguns já menos novos.
Mas a noite dos fados até foi boa. Eu gosto de fado ao vivo e já há anos que não ia.
Foi o que salvou o dia.
Beijinhos de cá para aí.
Nemy, querida:
Recebi agora o teu postal.
Que lindo teres visto golfinhos em liberdade.
Quando estive nos Açores, fui de barco da Terceira para o Pico. Foram cerca de seis horas de viagem.
Houve grandes partes do percurso, em que eles nos seguiam, saltando e dando aqueles gritos deles, que parecem querer dizer alguma coisa. Foi uma maravilha.
No Cabo Espichel também se avistam alguns.
É o animal que mais gosto, a seguir aos cães.
Quando vou com os netos ao Zoo, acho que me divirto mais do que eles. São tão inteligentes. E parece que são muito bons para ajudar algumas doenças infantis, tal como o cavalo e o cão.
Obrigada pelos teus postais. Nem sabes como gosto de os receber.
Beijinhos para as meninas, para a tua irmã e para ti
Andar de barco é comigo, ver o mar e tudo o que ele nos deixa ver, maravilha... Golfinhos já estive pertinho deles, mas os seus gritos nunca os ouvi.
Beijinhos a ti e à Nemy..laura.
Laurinha:
Agora já vais poder ouvi-los. São estridentes, às vezes quase parecem dizer palavras, outras parece que se riem. É um animal bem disposto e simpático, além de muito inteligente e bonito.
Beijinhos e até logo.
Sei que são tudo isso Maria, além de belissimos seres que habitam nos mares, e que nos salvam, ajudam, entendem, pena estarmos tão centrados na vida do dia a dia porque se nos dessemos ao trabalho, veriamos que eles nos querem dizer tanta coisa, só que não sabemos escutar...Beijinhos.
Laurinha:
É isso mesmo.
O meu nabão percebe tudo o que nós dizemos e eu, pela maneira como ladra, ou até pelo olhar, sei o que ele quer.
Temos uma caixa com biscoitos, aqui na sala. Quando ele quer um, vem ter connosco, olha para a caixa e faz uns ruídos baixinhos. Conhece palavras: comer, papa, bolo, água, rua etc... Conhece os nomes das pessoas de quem gosta mais.
É muito esperto e brincalhão, mas já está velhote. Agora tem cataratas num dos olhos, tem de pôr pingos.
É um grande companheiro.
Beijinhos, flor de linho.
Ah, se der tempo podias ir espreitar o post que fiz para a Soledadinha, ela é tão queridinha e ao ler que nunca lhe fizeram uma serenata...não pode, e, lá está uma surpresinha para ela...
até me fizeram uma canção o moço tocava guitarra e cantava, claro que era a ver se me engatava ehhhh estava lá a fazer a tropa,em Luanda tadinho dele, foi gravar cassetes das antigas de rebobinar, mas diziam que a canção estava linda...enfim, semrpe tive a minha serenata..dorme bem e a minha vesicula voltou a chatear, o Guronsan ajudou imenso, fiz cházinho de alecrim para as duas..laura,
Maria. Como me soube bem ler este texto. A realidade da Vida. Durante alguns anos fiz campismo e dos antigos parques conheço todos desde Portugal desconhecido. Em Caminha no Parque da Orbitur, conheci uma famíia, com um filho da idade dos meus. Talvez 8 anos. Por sinal essa família, vivia a 100 metros da minha porta e eu não os conhecia. Talvez fosse bom nunca os ter conhecido. Dez, doze anos depois, junto ao Mercado da Cidade, um drogado, rapaz já com cicatrizes da vida, pediu-me ajuda monetária e diz-me.:- Eu conheço-o, é pai do Tó e do Nando.
Despejei os bolsos de tudo quanto tinha,notas e até os cêntimos.
Aquele menino que eu vi correr com os meus, brincar na sua inocência, era um farrapo. As lágrimas foram mais fortes do que eu e correram-me pela cara, quando me mandou dar-lhes um abraço.
Bj
Amigo Zé do Cão:
É triste ver qualquer drogado, mas quando são putos que conhecemos pequenos, a sensação é terrível. Esta vejo-a todos os dias. Tão depressa me insulta como me faz os maiores elogios. Já chegou a riscar os carros do meu marido e do meu filho e eu não consigo virar-lhe a cara. Fico doente quando me lembro dela a brincar com os meus filhos. Enquanto os outros se riem das figuras que faz, já tenho chorado de pena e de raiva, por não ter conseguido fazer nada.
Compreendo bem a sua reação. Eu digo que não volto a dar-lhe nada e no dia seguinte, estou a pagar-lhe o pequeno almoço.
Eles são muitos, eu sei. Mas esta está sempre debaixo dos meus olhos. E o pior amigo, é que o passador que lhe vende a droga, também andou com ela e os meus filhos em miúdos. As voltas que a vida dá.
Beijinho
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