Meus sogros viviam em Cascais numa casa enorme.
Nesse tempo, muitas pessoas alugavam a casa à época a veraneantes. Eles também o faziam. Antes disso, a minha sogra limpava toda a casa, guardava num quarto fechado tudo o que não queria que servisse para os inquilinos. Vários anos a ajudei nesse trabalho, mas houve um que nunca esquecerei.
Um dia depois do almoço, mandámos homens e crianças para a praia e decidimos dar volta à enorme e alta despensa. Tira daqui, arruma dali, encontrámos um enorme frasco, onde ela fazia a ginjinha. No frasco só restavam as ginjas. Deitar fora, não deitar fora, resolvemos deitá-las numa tigela, até ver. Uma de nós lembrou-se de meter uma ginja na boca. “Prova que é bom.” Provámos, comemos e ao fim de pouco tempo, já nada restava na tigela. Continuámos as arrumações, no meio de bocejos e brincadeira. De repente, ela queixou-se de sono. Eu confessei que estava na mesma. Mais esperta, a minha sogra disse-me: “Isto é das ginjas, o melhor é sentarmo-nos um bocadinho”. Eram umas três horas. Esparralhadas no sofá, adormecemos. Acordámos com o barulho da chave na porta. Era a malta à procura do jantar. Sete da tarde e as madames a dormir. Nem arrumações, nem jantar, nada. Apenas duas belas adormecidas, que tinham apanhado uma grande carraspana. Numa explicação dada entre gargalhadas, contámos o que tinha acontecido.
Fomos fazer o jantar, ouvindo as piadinhas dos maridos e dos putos. Nós não podíamos olhar uma para a outra sem rir.
O pior é que não soubemos como ficávamos bêbedas, só dormimos.
Ai saudades, saudades. Saudades dos meus sogros. Ele fazia hoje anos. Ela morreu há oito, no mesmo dia. Daí a história.
Beijos meus, dos filhos, dos netos, dos bisnetos, queridos pais.
Até um dia destes.
Nesse tempo, muitas pessoas alugavam a casa à época a veraneantes. Eles também o faziam. Antes disso, a minha sogra limpava toda a casa, guardava num quarto fechado tudo o que não queria que servisse para os inquilinos. Vários anos a ajudei nesse trabalho, mas houve um que nunca esquecerei.
Um dia depois do almoço, mandámos homens e crianças para a praia e decidimos dar volta à enorme e alta despensa. Tira daqui, arruma dali, encontrámos um enorme frasco, onde ela fazia a ginjinha. No frasco só restavam as ginjas. Deitar fora, não deitar fora, resolvemos deitá-las numa tigela, até ver. Uma de nós lembrou-se de meter uma ginja na boca. “Prova que é bom.” Provámos, comemos e ao fim de pouco tempo, já nada restava na tigela. Continuámos as arrumações, no meio de bocejos e brincadeira. De repente, ela queixou-se de sono. Eu confessei que estava na mesma. Mais esperta, a minha sogra disse-me: “Isto é das ginjas, o melhor é sentarmo-nos um bocadinho”. Eram umas três horas. Esparralhadas no sofá, adormecemos. Acordámos com o barulho da chave na porta. Era a malta à procura do jantar. Sete da tarde e as madames a dormir. Nem arrumações, nem jantar, nada. Apenas duas belas adormecidas, que tinham apanhado uma grande carraspana. Numa explicação dada entre gargalhadas, contámos o que tinha acontecido.
Fomos fazer o jantar, ouvindo as piadinhas dos maridos e dos putos. Nós não podíamos olhar uma para a outra sem rir.
O pior é que não soubemos como ficávamos bêbedas, só dormimos.
Ai saudades, saudades. Saudades dos meus sogros. Ele fazia hoje anos. Ela morreu há oito, no mesmo dia. Daí a história.
Beijos meus, dos filhos, dos netos, dos bisnetos, queridos pais.
Até um dia destes.
28 comentários:
Querida Maria,
Daqui, se me permites, acompanho-te numa ginjinha com um beijo de ternura.
Nemy
Querida Nemy:
Se nesse dia estivesses ao pé, talvez a carraspana não nos desse para dormir. A dividir por três, sempre tinha sido mais leve.
Beijinho, amiga.
Olá Maria;
Ainda bem que me lembras-te disso. É que a Anita há uns bons dez anos levou um montão de abrunhos da Ermida de São Pedro das Águias em Tabuaço lá para casa e meteu-os num frasco com águardente da brava.
E nunca mais lembramos disso. Deve cá estar um xarope pra tosse que mata todos os vírus da gripe...
Queres ver que ainda nos vai pôr todos a dormir?!...
bjs e abraços p'ro João.
da Anita e Osvaldo
Olá Osvaldo:
Os abrunhos na aguardente devem estar uma pomada das boas. Devem pôr a dormir, como as ginjas.
Mas olha que estavam mesmo boas.
Abraço do João, beijinhos para a Anita e para ti.
Olá Maria. Com pouco tempo para visitar,venho agora deixar uma palavra,que se chama amizade e o que fartei de rir com o post? a vida tem coisas que jamais esquecem.
Beijinho
É verdade amiga. Esta e muitas outras, passadas comigo e a minha sogra, nunca me esquecerão. Nem isso, nem a enorme cumplicidade que existiu entre nós.
Beijinho, amigada e obrigada pela visita.
Ai as meninas cairam que nem ginjas... e logo sogra e nora e o pessoal pronto para se sentar à mesa, ah, gostava de ter visto a festa a seguir ao acordar,sem saberem porque dormiram naquelas horas, ahhh maria, tu sabes mais que a conta mas nem contas, atã na sabiam que isso emborrachava? ou pensavam que eram apenas ginjinhas? e bora lá, deitemo-nos a dormir...
Que linda história, emmso a tua sogra não estando cá, acredita que ela se lembrou disto...e veio dar-te um beijinho...laura.
Já sabia que iria encontrar neste espaço uma crónica dedicada aos meus avós paternos.
Passei o dia com a neura e, à hora de almoço, fui dar uma volta até à Feira da Ladra, para tentar não me lembrar do dia, pois só me vinham à cabeça as coisas más. Finalmente, ao ler este "post", comecei a lembrar-me de coisas engraçadas, passadas até, entre os dois.
Obrigado por relembrares esta história, e parabéns pela fotografia a condizer em tudo, e um beijo do "João Florindo".
Quando ele chegava a casa, dizia: "Então, oh patrão? Como foi o dia?" Lá ia eu a correr para junto da porta, e vínhamos os dois pelo longo corredor, lado a lado, ter à cozinha onde habitualmente estavam tu e a avó, nas lides culinárias.
P.P.M. (Sou): Afinal, sempre encontraste a garrafa...
Laurinha querida:
É caso para dizer que souberam que nem ginjas. Nunca nos passou pela cabeça que aquelas bolinhas tão gostosas dessem um tal resultado.
Foi um gozo pegado. Os homis não se calavam, os putos riam-se e nós, ainda meia zonzas a fazer o jantar.
Mas há mais. Sempre que podiamos, fazíamos cada uma, que eles só descobriam muito tempo depois.
Bons tempos que não voltam.
Nunca tive uma parcceira de partidas como ela. Inventávamos coisas, que nem ao diabo lembram. E sempre com ares de santas.
Tenho saudades das nossas brincadeiras.
As aulas já começaram?
Amanhã chegam as minhas meninas.
Vou ter pouco tempo para andar por aqui, mas sempre que puder, dou um saltinho.
Beijinhos, flor de linho.
Meu Corvo:
Fomos a Cascais pôr flores aos dois.
O frasco estava na despensa, mesmo à frente do meu nariz. Lá consegui fazer a foto.
Tens razão em lembrá-los. Eles merecem.
Tu e eles davam-se bem.
As flores dele são amarelas, à Estoril, como sempre.
As dela, brancas e amarelas, corôas imperiais, que ela gostava.
Pensa neles com alegria. Eles não gostariam de te ver triste.
Beijinhos da
Mãe
Ó Maria... hip!... só vim dar um... hip!... beijinho... hip!...
;)
Fantásticas as tuas memórias, Maria. Gosto disso!...
Beijinhos agora já mais sóbrios.
As pessoas de quem gostámos e que sabemos terem gostado de nós são para lembrar com alegria apesar de sem querer nos chegar alguma tristeza por já não tê-los aqui.
Mariamiguinhazinha
É o que se pode chamar com elas sem nada.... Não me refiro a um setripetize qualquer: trata-se do carburante sólido da estória. Que devia ser bué da fixe. Pelos resultados.
Ora bem. Esta bebidela lembra-me o seguinte.
Dávamos uma festa de anos dum cunhado, o Luís, gajo que era bué da fixe, na nossa falecida casa na Lapa. Entre família e amigos, práí uns 40 bicos, mais coisa, menos coisa.
O meu filho n.º 2, o Paulo, que então tinha os seus sete anitos, andou por ali e foi escorropichando uns resíduos no fundo dos copos que os convidados iam deixando pela sala.
Claro que, passados momentos, fomos dar com ele sentado na sanita, com um ar absolutamente off. Averiguado o que se passara, foi deliberado pô-lo a dormir e pronto. Ponto.
Só que o Miguel, o primogénito, sempre o mais ingénuo dos três, nos seus nove anos, voltou-se para a Raquel:
- Ó Mãe, o mano vai ficar para o resto da vida assim?
- Assim, como?
- Assim... Mãe.
E ponto, pronto
Qjs
Aproveito a deixa: ó CC nunca mais apareceste pela Travessa. Tás zangadinho comigo, tás, meu mininininho? Ou a mamãzinha interditou-te o acesso ao blogue? Não te desalembres kêlé de todos para todos...
Abs
Johnny
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Abs q.b.
Eu adoro ginjas. E sempre que é possivel, lá encho umas garrafitas com aguardente e toca a ficar seis meses à espera do resultado.
Normalmente é bom!
Não estou a ver a Petite Marie a cambalear!
Bj amiga
Querida Girassol,
Olha, foi tão grande que nem soluços tivemos. Só sono. Ressaca? Nem isso. Fizemos o jantar e ainda fomos passear. Ai mas as ginjas eram tão boas! Que saudades das ginjas e da minha querida companheira!
Beijinhos daqui para aì.
Henriquamigo:
A ginja da sogra era quase tão boa como ela.
A minha irmã mais nova apanhou um pifo aos dois anos, da mesma maneira que o teu filho. Primeiro deu-lhe para cantar, depois adormeceu.
Amanhã já cá tenho as minhas duas meninas: a filha e a neta. O tempo vai ser pouco para lamber as crias.
Abraço do João, beijinho para a Raquel e queijinhos para ti.
PS: Sou, sim senhor. Mas a propósito de queijos, um dia destes, tenho outra aventura minha e da minha sogra, para contar.
Kim:
Eu não cambaleei. Caí mesmo no sofá e quando aterrei, já estava a dormir. Ela idem.
Que ricas ginjas!
Tenho que ir acabar os preparativos, para receber as minhas meninas. Chegam ao meio-dia.
Se as apanho, como-as como às ginjas.
Beijinhos
Dias Feliz Maria!!!...
Ou melhor... dias felizes!...
e já te disse, Maria, não comas as tuas meninas...
Beijinhos muitos daqui nossos.
Beijinhos (ternurentos!), daqui ;)
Girassol:
Eu não as como, mas tenho vontade.
Beijinhos e obrigada.
Beijinhos amigos daqui, para os 4.
Estou um bocadinho à pressa, porque quero aproveitar até os segundos.
Foi uma história engraçada e as cerejas foram a desculpa para não trabalhar...não foi ?
Adoro cerejas mas é sem alccol.
Eu também tinha uma sogra muito querida que me deu bons conselhos do tipo feministas : "não faça como eu, como é estrangeira, habitue o seu marido a ajudá-la em casa" mas infelizmente foi-se embora muito cedo, tinha ela a minha idade actual mas ainda teve o prazer de conhecer a primeira neta (a minha filha) durante um ano.
Tenho saudade dela. Eramos muito amigas. Eu a chamava Mãe porque era a minha mãe portuguesa. A minha Maman estava muito longe de mim. Oh Maria, ela já foi embora há mais de 30 anos e ainda me vieram lágrimas aos olhos a pensar nela.
Beijinhos
Querida Verdinha:
Como te entendo! A minha mãe morreu muito cedo. A partir daí a minha sogra foi a minha mãe. Quando ela morreu há 8 anos, a dor foi muito próxima da que senti quando a minha mãe partiu.
Dávamo-nos muito bem e gostávamos muito uma da outra.
Ontem quis falar dela sem tristeza, mas a saudade queimou-me o peito todo o dia.
Onde quer que esteja, ela sabe como eu ainda a amo.
A vida rouba-nos aqueles que amamos. Mas custa muito. Parece que um pouco de nós, morre também.
Saudade, Verdinha, esta palavra tão nossa e que no fundo, inspira todos os meus posts.
Limpa os olhos, eu vou fazer o mesmo e gozar a presença das minhas meninas, filha e neta.
Beijinhos amigos.
Sogras, ai jasus, a primeira nem o diabo queria nada com ela, a segunda, era boa, linda, amorosa, mas não a conheci, já tinha ido...foi pena, é sempre assim comigo; os afectos voam para longe de mim...
Laurinha querida:
Há sogras sogras e sogras mães. A minha foi das segundas. Ambas amávamos o mesmo homem, cada uma à sua maneira e não havia ciumeiras tolas. Deu-lhe para gostar de mim, como filha. Tanto ela como o marido queriam ter uma filha. Tiveram dois rapazes. Eu fui para ambos, a filha que não tiveram.
Éramos amigas, confidentes, cúmplices. Uma amizade tão grande, que os próprios filhos aceitaaram ao ponto de quando ela morreu, me terem deixado tratar de tudo, desde o funeral às partilhas. Só eu e uma irmã dela, sabíamos o que ela queria que fosse feito. E tudo se fez como ela queria.
Eu também me dou bem com a minha nora.
Sogra só de nome, porque eu amei-a como mãe.
Beijinhos flor de linho.
Então pode dizer-se que; Tiveste Mãe, tiveste Sogra e foste feliz com elas... Eu? a felicidade com isso pouco quis comigo... a primeira so queria a apanhar o que pudesse, a segunda não a conheci, a minha mãe nem é mais os er diferente, é aquela falta de amor, aquela falta de carinho que tem para comigo desde que nasci!... mas não faz mal, o Pai suriu todas essas falhas... e, continua a suprir..beijinhos.laura.
Menina Maria, e como estão a smeninas? amais velha e a mais nova? Beijinhos a elas...e o tio vasco? ui, mortinho por ver as ninas do seu coração..Faço ideia..laura.
Laurinha:
As meninas estão bem. A mais velha está muito magrinha, mas já é costume. A neta está com quase 1,70, 13 anos e linda como uma flor.
Tenho que subir a um banco para lhe chegar.
Hoje foram ao Aquário Vasco da Gama com o João. Eu não fui porque é dia de Santa Limpeza e sinto-me mal no aquário. Aquilo é muito fechado, escuro e abafado e eu começo a ficar mal disposta. No Oceanário nada disso acontece.
Daqui a nada estão aí.
Amanhã vamos passear todo o dia.
Beijinhos e até logo.
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