Havia em casa de meus pais quatro malas dessas, chamadas de Porão. Eram enormes. Tinham servido para o enxoval da minha mãe, serviam na altura para guardar roupas antigas, cobertores, velhos jornais, que meu pai se negava a deitar fora. Uma, estava quase sempre vazia. Só nas férias grandes, quando íamos para a Quinta do Carregal, por três meses, ela servia. Era lá que ia toda a roupa da família.
Ora, nesses tempos, a viagem de Tomar para Ovar era complicada.
Ou apanhávamos o comboio em Tomar, descíamos em Chão de Maçãs (hoje Fátima) e apanhávamos o comboio da linha do Norte, ou íamos de carro, ou charrette até ao Entroncamento, onde apanhávamos o dito combóio. Quase sempre era esta última a viagem escolhida. Viagem longa, chata, cansativa, a desse tempo.
Do Entroncamento a Ovar levava quase um dia, com farnel a meio do caminho, arrufadas em Coimbra e vários sonos embalados pelo andar do combóio e interrompidos pelo som estridente do apito. Enfim, viagens à moda antiga.
Mas não é de viagens que vou falar hoje.
No meu tempo de menina, ainda havia escassez de alguns bens de primeira necessidade. O azeite, por exemplo. Ora, o meu pai sempre teve azeite com fartura. Tinha amigos produtores do mesmo, que lho arranjavam. Já na Quinta, era coisa rara e cara. O meu pai resolveu levar uma enorme lata, para as cunhadas. Havia um problema. No Entrocamento estavam os fiscais. Um deles era terrível. Nada lhe escapava, dizia ele.
A lata foi metida na mala da roupa, a roupa distribuída por outras malas e, toca para o Entroncamento. A minha mãe estava pálida e trémula. O meu pai, como sempre, contava histórias e falava com toda a gente, calmo e sereno. Chega a hora de carregar as bagagens, e o dito fiscal, muito amável, ajudou a carregar a mala para a carruagem das mercadorias e malas grandes. Deita-lhe a mão e pergunta: “Que é que você leva hoje na mala, que pesa tanto?” O meu pai respondeu-lhe calmamente: “Azeite”. O outro fartou-se de rir, comentando que o meu pai estava sempre a brincar.
Passados anos, em pleno Café Paraíso, gabava-se de nunca ter sido enganado. “Nem um chouriço me escapava”. O meu pai perguntou-lhe: “Tem a certeza?” “Claro que tenho a certeza, ninguém me enganou.” Agora imaginem lá, a cara do tipo, quando o meu pai lhe perguntou: “Lembra-se de um dia me ter ajudado a carregar uma mala e me ter perguntado o que era?” “Claro. Você até me disse que era azeite! Está sempre a brincar!” “Pois olhe que nesse dia não estava. Era mesmo azeite.” O homem mudou de cor.
Todo o café se ria. Ele, o que nunca tinha sido enganado, até pegara na asa da mala.
Histórias de meu pai, histórias da minha Tomar velhinha, histórias da minha saudade.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.
Ora, nesses tempos, a viagem de Tomar para Ovar era complicada.
Ou apanhávamos o comboio em Tomar, descíamos em Chão de Maçãs (hoje Fátima) e apanhávamos o comboio da linha do Norte, ou íamos de carro, ou charrette até ao Entroncamento, onde apanhávamos o dito combóio. Quase sempre era esta última a viagem escolhida. Viagem longa, chata, cansativa, a desse tempo.
Do Entroncamento a Ovar levava quase um dia, com farnel a meio do caminho, arrufadas em Coimbra e vários sonos embalados pelo andar do combóio e interrompidos pelo som estridente do apito. Enfim, viagens à moda antiga.
Mas não é de viagens que vou falar hoje.
No meu tempo de menina, ainda havia escassez de alguns bens de primeira necessidade. O azeite, por exemplo. Ora, o meu pai sempre teve azeite com fartura. Tinha amigos produtores do mesmo, que lho arranjavam. Já na Quinta, era coisa rara e cara. O meu pai resolveu levar uma enorme lata, para as cunhadas. Havia um problema. No Entrocamento estavam os fiscais. Um deles era terrível. Nada lhe escapava, dizia ele.
A lata foi metida na mala da roupa, a roupa distribuída por outras malas e, toca para o Entroncamento. A minha mãe estava pálida e trémula. O meu pai, como sempre, contava histórias e falava com toda a gente, calmo e sereno. Chega a hora de carregar as bagagens, e o dito fiscal, muito amável, ajudou a carregar a mala para a carruagem das mercadorias e malas grandes. Deita-lhe a mão e pergunta: “Que é que você leva hoje na mala, que pesa tanto?” O meu pai respondeu-lhe calmamente: “Azeite”. O outro fartou-se de rir, comentando que o meu pai estava sempre a brincar.
Passados anos, em pleno Café Paraíso, gabava-se de nunca ter sido enganado. “Nem um chouriço me escapava”. O meu pai perguntou-lhe: “Tem a certeza?” “Claro que tenho a certeza, ninguém me enganou.” Agora imaginem lá, a cara do tipo, quando o meu pai lhe perguntou: “Lembra-se de um dia me ter ajudado a carregar uma mala e me ter perguntado o que era?” “Claro. Você até me disse que era azeite! Está sempre a brincar!” “Pois olhe que nesse dia não estava. Era mesmo azeite.” O homem mudou de cor.
Todo o café se ria. Ele, o que nunca tinha sido enganado, até pegara na asa da mala.
Histórias de meu pai, histórias da minha Tomar velhinha, histórias da minha saudade.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.
26 comentários:
Olá Maria,
Histórias lindas, que valem a pena contar aqui à pequenada!
Sou toda ouvidos...
Beijinhos,
Estrela d'Alva
Obrigada, Estrelinha. São histórias do passado da Maria, que já foi criança há muito tempo.
Beijinhos, pequenina.
É mesmo Maria e que recordares tão teus,estes, imagino quando passavas no Entroncamento, terra onde vivi uns anitos antes de abalarmos para África..., caramba, que férias, mas lá ia tudo, o pai mãe, manos o azeite emalado, ehhhh que linda lembrança desenterraste...
As nossas malas d eporão eram siso memso e foi lá que levamos tudo no porão dos navios, o Principe Perfeito, para Luanda, e trouxemos de lá cachos de bananas sacas de açúcar, eram precisos dois homens para os carregar e a minha avó nunca tinha visto tanto açúcar na vida dela e na casa dela...
Ah, que bom ler-te..Beijinhos e abraços e ja faltou mais para?...laura
Se tu visses hoje o Entroncamento, não irias reconhecer a terrinha onde viveste e eu tantas vezes passei. Nesse tempo, era uma humilde terreola, que vivia à volta da estação. Hoje, é uma terra grande e desenvolvida, até bonitinha. Passaram muitos anos, Laurinha. Tudo mudou. A terra, os comboios, as malas e nós.
Eram tempos felizes, amiga. Tinha os meus pais, os meus irmãos, íamos ter umas belas férias. Foi bom enquanto durou. Só ficaram as lembranças, para matar saudades.
Beijinhos, nina.
Nina, já lá voltei há anos com o manel, fui almoaçr numa escola local mas ja nada tinha da minha, voltei á casa linda onde nasceu o meu mano, já falecido, o Olival era do outro lado, agora já tem estrada mas eu soube o caminho direitinho, pois passava-se na Igreja maior depois da estação e era a Rua da esperança numero 23...Lindo,a doraria lá ir um dia e até vou..sozinha para me embrulhar nas recordações..Beijinhos.
Laurinha
Ás vezes, quando tentamos recuperar o passado, encontramos os locais que conhecemos bem, tão diferentes, que nos causa uma certa tristeza. Mas há sempre um cantinho, que permanece igual ao que era. É tão bom, quando isso acontece!
Estou cansada. Fui ao médico e ver o meu irmão. Agora só posso comer, comida esmagada. A hortaliça e a fruta, que eram o que mais gostava, só cozidas e trituradas. Ele diz que com isso e o medicamento, melhoro. Espero que sim, porque estou farta de dores e papinhas. Tenho que comer muito pouco e várias vezes, para ver se a úlcera fecha.
Não gosto de comer, mas isto é um suplício.
A Neide está melhor?
Beijinhos
Querida Maria,
São histórias muito interessantes e não só para a pequenada, também para a estrangeirada... que só nos filmes é que vê estas histórias. Aprendo muito do tempo antigo contigo.
Não me lembro de ter viajado assim com os meus pais porque acho que sempre tiveram carro e foi de carro que veio de férias para Portugal toda a família (pais + 3 filhos) e que a Verdinha encontrou o homem da sua vida !
Não gostas de comer porque fumas e eu, como não fumo, gosto de comer ! E é por isso que às vezes, quando a balança e as minhas roupas me avisam que tenho 2 ou 3 quilinhos a mais, lá faço uma dietazinha e custa-me imenso !
Não fumo, não bebo café (a não ser ao pequeno almoço em casa), não bebo álcool, não ando a seduzir os homens, tenho que ter um viciozinho, não é? GOSTO de comer !
Uma sugestão : faz puré de batatas com legumes : é saboroso.
Mais um truque para ti : vende-se no Jumbo puré de cenoura+batata ou puré de brócolus+batata congelados em cubinhos, é muito fácil aquecer, junto um pouco de leite e um pouco de manteiga.
Quem não gosta de passar muito tempo nas lidas da casa nem na cozinha, procura as facilidades...
Beijinhos
Verdinha
Verdinha querida
Eu não gosto de comer, nunca gostei. Adoro cozinhar para os outros, mas comer, não.
Então agora, que me pribiram frutas e legumes crus e inteiros, é um sarilho. Detesto papinhas e fruta cozida. Tem que ser tudo triturado, para não obrigar o estômago a trabalhar muito, a ver se a úlcera me dá paz. Eu só queria que não doesse.
Obrigada pelas dicas.
Hoje,o meu marido, comprou-me papas dos bebés. Aqui há anos, foi assim que melhorei. Vamos a ver no que dá.
Fui ao médico, fui ver o meu irmão e estou morta por me deitar. Parece que me fartei de trabalhar o dia todo.
Beijinho
Querida Maria,
Uma coisa boa também é beber água de argila branca. Sabes como se faz ?
Coloca uma colher de chá de pau (NUNCA DE METAL) de argila branca num copo e juntas água e deixa decantar algumas horas. Depois é só beber a água e deixar a argila no fundo do copo. A minha filha faz isto e foi-lhe recomendado por um médico.
A minha irmã que tem uma esofagite toma o medicamento RIOPAN e faz-lhe bem.
Não gosto de saber que sofras e que não estás bem ! Trata bem de ti, querida amiga !
Um doce beijinho
Verdinha
Nina Maria, as papas dos bebés o melhor que há, cerelac e pera, pessego sabem bem e fazem bem, papa disso, ou tritura um bifinho, legumes, tens de papar...ora vá lá vai mais uma colherinha de sopinha da laurinha com feijão castanho, nham que delicia, mais outra colher...enfim..dorme bem, pode ser que amanhã estejas melhor, olha a nossa festa, não te deixes ir abaixo, foi por ti que se fez para nos podermos abraçar..beijinhos sem fim, muitos..laura
Querida Verdinha,
Obrigada pelas receitas. Vou tomar nota.
Depois de ir ao médico, fiquei mais descansada, embora as dores não tenham passado.
Estou muito nervosa. Têem sido meses muito díficeis. Problemas, doenças etc. É uma daquelas alturas, em que parece que tudo corre mal. Mas vai passar.
Daqui a pouco, já nem me lembro dela.
Não te aflijas por minha causa.
A vida de vez em quando, dá-nos estas coisas, para nos ensinar a apreciar as coisas boas.
Obrigada pela tua preocupação.
Bisous mon ange.
Laurinha querida,
Cá estou eu a comer papinhas, para ficar boa depressa. Pelo menos vou comendo alguma coisa. Há quem não tenha nada para comer.
Mas vou melhorar rápido, prometo.
Beijinhos, nina.
Bom fim de semana.
Ai isso é que prometes, ah, nem sei que te fazia se naquele dia simplesmente, estivesses doente ah, menina, corro a cidade em busca de ti, e, nem que te faça o cházinho a sério, hei-de abraçar-te...Força na paparoca faz por comer coisinhas que gostes, mesmo poucas...Abraços da tua flor de linho que quando a vires vais dizer, ah, nem é flor que se cheire ehhhhhh.laura
Laurinha, minha flor de linho:
Quando prometo, geralmente, cumpro.
Estou a comer as papinhas dos bebés, com muito juízo. Só te digo que se fosse bebé, matava quem inventou aquela droga. É enjoativo que se farta. Mas como o estômago está a moer-me menos, lá as vou gramando, até ser preciso.
Está descansada que fico boa a tempo.
Beijinho, nina e vou deitar-me, porque não estou para ver a bola.Pego num livro e vou ler, no quentinho.
Ehh, Maria, o manel já estava a nanar quando cheguei, fui a uma amiga e ficamos na treta na casa dela, vive só, falamos falamos e cheguei plas 22.40, por aí, ele que se deita sempre tardissimo, assim, para não incomodar, já que quero ver tv, trouxe a minha almofadinha e fiz a cama no quarto do Nuno que não está, e fico aqui até apetecer e a ver tv...deve ser gripe, acabou a neide, começou ele...vamos a ver amanhã...
Olha, não tenho visto a besuguinha, nem respondeu a um email, estará doentinha? amanhã mando-lhe sms...é que não a vejo por aqui nem arredores... Beijinhos e as papinahs são boas, especialmente as de pera e pessego, as melhores.
Maria;
Ao ver esta mala, lembrei-me, e já lá vão quase 50 anos, quando os meus pais e nós, os filhos, "embarcamos", era assim que se dizia, não era?... para o Brasil. Tinha-mos três ou quatro malas dessas e dentro delas só faltou meter a casa, mas foram "pequenos nadas" de Portugal que com os anos nos ajudaram a conter as saudades. Desses pequenos nadas, ainda hoje guardo alguns, que me acompanham como lembrança da primeira grande viagem à qual, e como bom lusitano, sabia que outras grandes se seguiriam...
Mais uma bela história, Maria, daquelas em que todos nos sentimos em alguns detalhes, pertencer.
É por isso que sempre digo, que adoro a palavra "saudade".
bjs, Maria e um abraço ao João.
da Anita e Osvaldo
Laurinha:
Também não sei nada da Maria Girassol. Estou farta de lhe mandar Emails e nada. Não comenta, não tem nada nem no blog dela, nem do pintor. Também estou preocupada com eles.
Beijinhos
Maria
Caros Anita e Osvaldo
As minhas lembranças são sempre de saudade. Saudade de um mundo já distante, bem diferente deste. Tudo era bem mais calmo e a ideia de família era tão outra!
Aquelas viagens de Verão eram uma epopeia. Duravam horas infindáveis.
Chegávamos ao fim, cansados, sujos da fuligem das máquinas a carvão, amarrotados. Mas eramos tão felizes!
Abraços e beijinhos dos dois para os dois.
Com papas e bolos se enganam os tolos.
E ... com a verdade me enganas.
De facto parece que já vivemos há mil anos. Uma viagem de poucos quilómetros implicava quase sempre uma logística de géneros a transportar que não era brincadeira.
Ficam-nos estas deliciosas "estórias" que nos lembrarm como mudaram os tempos.
Beijinhos Petite Marie
Petitámariá
Tenho a certeza: o dito fiscal ficou com com os azêtes. E era caso para ficar... E nunca mais deve ter afirmado - como presumo que o tenha feito inúmeras vezes - mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo...
A basófia e a arrogância pagam-se, nem que seja através de uma mala de porão. Tive uma em que levei umas coisas de vestuário e pouco mais para Angola quando fui mobilizado.
Essa viagem - que um dia tentarei contar... - motivou uma cena caricata, entre muitas outras. Dei-me ao luxo de carregar em três caixotes grandes a pequena herança que recebera de meu pai: 386 garrafas de bebidas diversas desde aguardentes velhas até uisques velhíssimos. O que era raro, na altura. E caro.
Estavamos em 1966. Naquele tempo, eram uns belos contos de réis, resguardados cuidadosamente pelas «camisas de palha» normais.
Chegado a Luanda, colocado na CCS/QG, dois dias depois pedi ao comandante da Companhia, o então capitão Mário César Teixeira, a utilização de uma camioneta para ir buscar as bagagens. Que sim, naturalmente.
A mala de porão lá etava, intacta. Os três caixotes lá estavam, aparentemente intactos. Quando, porem, os içávamos para a caixa do camião - estavam levíssimos.
Abri-os. Vazios? Nada. Com as palhas das garrafósias dentro. E só. Lá se foi a parca herança!!!...
Era a Celeste Rodrigues que cantava «olhá mala, olhá mala...». Mas era de mão e caíra de um hidrovião. Pois.
Abs e continuação das melhoras do maninho - com bacalhau e tudo, regado com belo azête - e qjs para tu, apesar de seres uma... traidoramiga - hahahahahaha
Kim
Quando me lembro que 1944, a iluminação em Tomar era fornecida por uma empresa particular! A luz era tão fraquinha, ainda era 110, as lâmpadas davam uma luz bruxeleante como velas.
O nosso tempo foi de descobertas.
Não havia frígorificos, nem televisões, até os rádios eram poucos. Uma carta ou postal, levava dias a chegar ao destino. Isso aliás ainda acontece. Agora, basta carregar numas teclas e botões e, fica a carta entregue.
Tudo mudou. As comodidades são outras. Mas às vezes tenho saudades da vida simples de outros tempos, em que tudo era menos complicado.
Beijinho
Henriquamigo
Tu ficaste sem herança do teu pai, bebida por quem, se calhar, nem apreciou o que bebeu.
A minha herança do meu pai, uma Camiliana, muito completa, "Nem já sei onde ela pára, que a madrasta de tudo avara, com ela se abotou".
Ainda por cima, nem sabe ler. Talvez os tenha vendido a peso, juntamente com a vasta biblioteca do meu pai. Cruzes canhoto, que me faz brotoeja, falar na criatura.
Abraços, beijinhos e queijinhos.
Olá, Maria :)
Bemm me lembro desse tipo de mala sim, mas não tenho ideia de na minha terra se chamar "mala de porão". Suponho que se deva ao facto de ser nelas que as pessoas levavam os haveres nas longas viagens, como por exemplo para África e Brasil e logicamente serem transportadas no porão dos barcos. Em casa dos meus pais também havia pelo menos 2 ou 3.
Engraçada essa tua história, a fazer-nos lembrar as dificuldades de outros tempos
jinho
Olá Pascoalita
Antigamente, rara era a casa, omde não houvisse uma ou mais malas destas. Passavam de mãe a filha.
Esta ainda serviu, para uma parte do meu enxoval.
Durante um tempo, após a segunda Guerra, havia dificuldade para encontrar diversos produtos essenciais. Daí, um pouco de manha e arte, para os conseguir.
Obrigada e beijinhos.
Maria, um bom dia que já boa tarde...
E na verdade a minha mala do enxoval foi uma dessas, mas, mais pequena coberta a folha avermelhada e xadrês, mas aqui a je, só com 15 anitos,lembrou-se de a forrar com papel lindo, ah, ainda não era autocolante... a cola seria eu a por, xi, que trabalheira, e sabes a primeira coisa que lá pus? duas daqueles cestinhas de plástico que tinham morangos, ahhh para por na minha cozinha, ehhh, ainda me lembro que quem mas ofereceu foi a d. Mimi, uma vizinha querida, a mãe da Gi, a menina que me cantava as canções do Adamo, em Português!...Isso já em Luanda, depois foi fehcada e metida numa caixa d emadeira, feita por soldados amigos, e levada por camião para aÁfrica do Sul,s e tantos perderam os seus haveres, a tua flor d elinho não perdeu nada, nem um copo, se mataram tantos camionistas, o nosso ainda nos foi visitar muitas vezes lá a casa em pretória, e ainda voltaram para cá, no contentor d aminha mãe, enfim,a quelas malas (3) tinham o destino de ir conhecer África, e voltar!... e lá está na casa da mãe, só uma, as outras deitou-as fora, estavam velhas...
E asism me lembrei do meu já escrito e cantado enxoval...que muitos lençóis de renda, lindos, nunca foram usados, ainda estão á espera!...de aconchegar o amor!... beijinhos e miminhos da tua laura.
Laurinha
Ainda tenho muita coisa do meu enxoval. Era grande. Desde os meus onze anos, que a minha mãe e a minha avó, faziam rendas lindas para os lençois e toalhas. Depois, comecei eu a bordar, (que saudades tenho de o fazer! Estas mãos já não servem para nada). Gostava de despejar a mala, de vez em quando, mudar os saquinhos de alfazema, ver as coisas lindas, guardadas para a minha casinha.
As meninas hoje, não ligam muito a isso. Quanto menos trabalho der, melhor. É tudo comprado feito. Ainda tenho peças de linho das minhas avós (lençóis, toalhas de rosto e de mesa), já foram da minha mãe, hoje são minhas. Um dia, serão de quem? Já ninguém tem paciência para as passar a ferro. Mas são tão lindas, tão macias! Vou olhando para elas, enquanto cá ando. Depois...
Beijinho, nina.
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