quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Rio Douro


Olhar um rio e achá-lo belo, é fácil. Amar um rio, conhecer-lhe os recantos, as margens, as cheias, é relativamente fácil.
O que é difícil, é conhecer, amar, entender, a alma de um Rio.
Só Torga o conseguiu. Só ele conseguiu conhecer e dar a conhecer, o abrupto, louco, terno e maravilhoso Rio, seus recantos, suas margens, seus perigos. Só ele soube ver, o verdadeiro Douro, Rio e Região, socalco a socalco, cepa a cepa, negrilhos, torgas, gentes, até o toque dos sinos das Igrejas.
Este pequeno trecho, vos dirá mais do que eu e as fotos.

Doiro

Corre, caudal sagrado
Na dura gratidão dos homens e dos montes!
Vem de longe e vai longe a tua inspiração...
Corre... magoado,
De cachão em cachão,
A refractar olímpicos socalcos
De doçura
Quente.
E deixa na paisagem calcinada
A imagem desenhada
Dum verso de frescura
Penitente.

Miguel Torga Diário XI Pagina 19

Até um dia destes.

6 comentários:

Luis disse...

Olá Maria!

Adoro o rio Douro! E as saudades que dele tenho...
Espero voltar a vê-lo em breve. É um rio que me fascina.
Maria, veja estas minhas publicações referentes ao Rio Douro.
Beijo

http://tomaracidade.blogspot.com/2008/07/viagens-pelo-norte-de-portugal-2.html

http://tomaracidade.blogspot.com/2008/07/viagens-pelo-norte-de-portugal.html

Anónimo disse...

Olá Luís:
As fotos são da mesma zona, as de Miranda. Tenho mais, de São Leonardo de Galafura, Régua e da Ribeira do Porto.
A seu tempo irão aparecendo.
Beijo
Maria

Kim disse...

Descobri recentemente este Douro apaixonante e inebriante.
Fica-se tonto de beleza e triste da partida.
Voltarei breve!
Beijinhos Marie

Anónimo disse...

Kim:
Embora tenha vivido no Porto 13 anos, não é cidade que me diga muito. No entanto aquele rio, é das coisas mais bonitas que já vi. A parte do Porto que mais gosto é a Ribeira, aquele casario, aquele rio barrento e forte, que arrasta os olhos até à Foz.
Mas o Douro Região é todo ele uma maravilha, assim como o rio, ora estreito entre fragas, ora mais largo entre vinhedos, aqueles vinhedos em socalcos, que maravilham qualquer um.
E depois, é o "Doiro" do meu Torga, que ele descreve como ninguém, porque ele e o Douro são iguais. Rudes, sensiveis, doces. Ele está sepultado em campa rasa, sob um negrilho, com uma torga (urze), à cabeceira, no pequeno e humilde cemitério de São Martinho de Anta. Espero que nunca se lembrem de o trasladar para o Panteão. Acho que trazia com ele, as raízes do negrilho e da torga.
Às vezes penso se ele foi quem foi, por ter nascido ali. Aquela terra, aquelas vinhas, devem ter tido uma grande influência nele. A terra em que nascemos é sempre, um pouco, como a nossa mãe. Por isso, Tomar e o Nabão, andam sempre presos a mim.
Lá vem a saudade. Saudade devia ser o meu nome.
Beijo
Maria

Carla D'elvas disse...

Querida Maria :)

Gosto do Douro.
ADORO o TORGA.
(tu sabes, minha amiga!)

Viemos os 4, dar-te um XI-coração, apertadinho :)

até amanhã...


carla
diogo
mariana
martim

Anónimo disse...

Querida Carla:
Quem poderá conhecer o Douro e não o amar?
Quem poderá ler um pequeno poema ou ler um conto de Torga e não querer ler tudo o que escreveu?
Era impossível que tu, sensível como és, não gostasses de ambos.
Beijinhos para os 4
Maria