Não se assustem. Não vou falar de guerra, nem de assaltos. Vou fazer a vontade a uma amiga nossa, a Nemy, que tendo conhecido o meu pai, me pediu mais histórias dele. Ele estava quase sempre bem disposto e tinha histórias a propósito de tudo. Além disso, pelava-se por fazer partidas.
Havia, ou há uma casa no Porto, onde um pobre empregado tremia quando o via. Nunca sabia com que disposição o meu pai vinha.
Apareceram certo dia, umas garrafas metálicas, com um maquinismo, onde se inseria um pequeno objecto, chamado bala, cheio de CO2. Garrafa cheia de água da torneira, bala metida na tampa, um pequeno sopro e, lá estava ela, a bela água gaseificada, para o wisky do papá. As ditas balas vendiam-se em caixas de 6 ou 12 .
Um dia as ditas balas de sifão (era este o nome da garrafa) acabaram. Meu pai dirigiu-se à tal loja e, educadamente pediu uma caixa de balas. Aí começou a confusão. O homensinho, à força que queria a ”licença de porte de arma” do meu pai. Este, trocista dizia-lhe que não precisava dela e que levaria as balas. O pobre homem, tentava explicar que não podia vender balas sem licença. O meu pai teimava que sim.
Ao fim de quase meia hora de conversa, o empregado foi chamar o patrão. Este voltou e perguntou ao meu pai pela licença. Então, este abriu a carteira, sacou da licença (era funcionário judicial) e, com o ar mais cândido do mundo, quando lhe foi perguntado que balas desejava, respondeu: ”São balas para sifão, amigo. Não sabia que era preciso licença!”
Desfeito o equivoco, pedidas e concedidas as desculpas da ordem, tudo se resolveu. Isto é: resolveu-se para o meu pai e o dono da loja. O empregado, desde esse dia, ficava pálido, quando via o meu pai. Se calhar era por causa dele ter mesmo “licença de porte de arma”.
Com este pobre empregado passou-se outra história, igualmente cómica, mas fica para outro dia.
Pronto, Nemy. Aqui está mais uma do teu amigo.
Até um dia destes.
Havia, ou há uma casa no Porto, onde um pobre empregado tremia quando o via. Nunca sabia com que disposição o meu pai vinha.
Apareceram certo dia, umas garrafas metálicas, com um maquinismo, onde se inseria um pequeno objecto, chamado bala, cheio de CO2. Garrafa cheia de água da torneira, bala metida na tampa, um pequeno sopro e, lá estava ela, a bela água gaseificada, para o wisky do papá. As ditas balas vendiam-se em caixas de 6 ou 12 .
Um dia as ditas balas de sifão (era este o nome da garrafa) acabaram. Meu pai dirigiu-se à tal loja e, educadamente pediu uma caixa de balas. Aí começou a confusão. O homensinho, à força que queria a ”licença de porte de arma” do meu pai. Este, trocista dizia-lhe que não precisava dela e que levaria as balas. O pobre homem, tentava explicar que não podia vender balas sem licença. O meu pai teimava que sim.
Ao fim de quase meia hora de conversa, o empregado foi chamar o patrão. Este voltou e perguntou ao meu pai pela licença. Então, este abriu a carteira, sacou da licença (era funcionário judicial) e, com o ar mais cândido do mundo, quando lhe foi perguntado que balas desejava, respondeu: ”São balas para sifão, amigo. Não sabia que era preciso licença!”
Desfeito o equivoco, pedidas e concedidas as desculpas da ordem, tudo se resolveu. Isto é: resolveu-se para o meu pai e o dono da loja. O empregado, desde esse dia, ficava pálido, quando via o meu pai. Se calhar era por causa dele ter mesmo “licença de porte de arma”.
Com este pobre empregado passou-se outra história, igualmente cómica, mas fica para outro dia.
Pronto, Nemy. Aqui está mais uma do teu amigo.
Até um dia destes.
8 comentários:
Querida Maria,
É deliciosa esta história.
Estou a ver o teu Pai impávido e sereno, olhando o empregado com um ar malandro e divertido fazendo-o "suar as estopinhas", rindo-se e gozando a situação por dentro.
Tenho bem viva na memória e no coração, a sua presença, inteligente, muitissimo culto, bem humorado, não perdendo pitada daquilo que a Vida lhe proporcionava.
Obrigada minha amiga. Vou ficando por aqui à espera que um dia destes contes mais uma.
Beijinho amigo
Nemy
Nemy:
Ainda bem que gostaste. Se eu te contasse todas as histórias dele e do irmão, isto iria tornar-se num blogue de anedotas. Eram os dois levados da breca, para pregar partidas.
Beijo
Maria
Maria:
Adorei a história :)
Como a Nemy, também eu, fico por aqui... á espera de mais!
Beijinhos, para ti e para a Nemy :)
Carla:
Era assim, o meu adorado pai.
Brincalhão, bem disposto, com uma sensibilidade enorme, um senso de humor, que todos herdámos um bocadinho. Era estimado por todos, embora às vezes fosse de uma frontalidade assustadora. Como dizem os brazileiros: "não levava desaforo para casa". Mais histórias dele irão aparecer. É a minha maneira de o manter vivo, ajudando-me a suportar as saudades.
Beijos para ti e para os meninos.
Maria
Eu também gosto de pregar partidas e às vezes - lixo-me!
Quem vai à guerra ...
É bem mais giro ter um pai brincalhão do que uma figura de macho austera e distante.
Bj Marie
Eu também gosto de pregar partidas e às vezes - lixo-me!
Quem vai à guerra ...
Mas acho que é giro ter um pai brincalhão.
Bj Marie
Pois é Kim: Quem vai à guerra, dá e leva.
Mas ele tinha o condão de se safar de todas as partidas, excepto das minhas. E era cada uma!
Beijo
Maria
Kim:
Tive a sorte de ter um pai fora de série. Só era chato, quando algum rapaz se metia comigo. Aí era cada cena, de meter medo.
Um dia conto uma passada na feira popular, que hoje me dá vontade de rir, mas a que na altura não achei graça nenhuma.
Beijo
Maria
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