Faz hoje 30 anos, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Ao fim de onze anos voltava a ter um filho. Não sabia se era menino ou menina nem estava nada preocupada com isso. Queria que viesse perfeito, saudável, afinal aquilo que todas as mães desejam.
Nasceste rapaz, com tudo o que eu quisera e... lindo. Quando te vi bem, horas depois, contei-te os dedos das mãos, dos pés, vi que tinhas tudo no sítio e fiquei doida de alegria. Eu tinha um bebé novo, bonito como os irmãos, cheio de vitalidade. Na Maternidade onde nasceste, as enfermeiras discutiam quem te iria vestir e diziam que eras o mais lindo de todos os que lá estavam.
Já te envergonhei o suficiente para um dia só. Mas a procissão ainda vai no adro.
Foste crescendo esperto, alegre, imaginativo, cheio de mimo de toda a gente. Eras um puto simpático, mas davas cada barraca que só visto. Está descansado que não vou contar, até porque nunca mais daqui saía.
Tens a tendência de te dares bem com pessoas mais velhas. É um dos teus traços mais marcantes, que muito aprecio, mas me preocupa um bocadinho. Isso já te causou vários desgostos. Muito novinho perdeste um Amigo, o teu Antunis, como lhe chamavas, que te adorava e a quem pagavas na mesma moeda. Depois um dos Avós, a Madrinha, a Avó e aquele que mais te doeu, aquele que te deixou marcas tão profundas na memória, no feitio, nos gostos, até em alguns gestos, o outro Avô, meu Pai. Nesse dia, pela primeira vez depois de crescido, vi-te chorar. Disseste: “Mãe. Todos perderam muito, mas eu perdi o meu maior amigo”. Era verdade. Nos últimos tempos tu foste o amigo, o companheiro, o confidente dele. Foi para nós dois, o seu último olhar, o seu último beijo.
Há pouco tempo, houve um Corvo teu amigo que voou inesperadamente. Voltei a ver-te o mesmo olhar profundamente triste, sem lágrimas à vista desta vez. Devem ter-te caído no coração feitas chumbo. Eu sei. Também choro assim.
É por isso que te peço: Arranja amigos da tua idade. Vai ter com a tua turma, rapaz! Mas não esqueças os outros. Continua a dar-nos a todos os mais velhos, a tua doçura, a tua atenção, o carinho que só tu sabes dar. Não quero que mudes meu filho, mas um dia nós vamos partir. E nesse dia vais-te sentir só.
Não estou a criticar, pelo contrário. Gosto que tu sejas como és. Mas acima de tudo quero ver-te feliz.
É verdade, a senhora velhinha do segundo andar, perguntou que tal era a tua mulher. Diz que a quer conhecer. Vê lá se arranjas uma senão ela nunca mais se cala.
Daqui a bocado dou-te os beijinhos todos. Agora levas um e já estás com sorte.
Felicidades neste importante dia em que passas a ser “Trintão”. Estás quase velho.
Até um dia destes.
Nasceste rapaz, com tudo o que eu quisera e... lindo. Quando te vi bem, horas depois, contei-te os dedos das mãos, dos pés, vi que tinhas tudo no sítio e fiquei doida de alegria. Eu tinha um bebé novo, bonito como os irmãos, cheio de vitalidade. Na Maternidade onde nasceste, as enfermeiras discutiam quem te iria vestir e diziam que eras o mais lindo de todos os que lá estavam.
Já te envergonhei o suficiente para um dia só. Mas a procissão ainda vai no adro.
Foste crescendo esperto, alegre, imaginativo, cheio de mimo de toda a gente. Eras um puto simpático, mas davas cada barraca que só visto. Está descansado que não vou contar, até porque nunca mais daqui saía.
Tens a tendência de te dares bem com pessoas mais velhas. É um dos teus traços mais marcantes, que muito aprecio, mas me preocupa um bocadinho. Isso já te causou vários desgostos. Muito novinho perdeste um Amigo, o teu Antunis, como lhe chamavas, que te adorava e a quem pagavas na mesma moeda. Depois um dos Avós, a Madrinha, a Avó e aquele que mais te doeu, aquele que te deixou marcas tão profundas na memória, no feitio, nos gostos, até em alguns gestos, o outro Avô, meu Pai. Nesse dia, pela primeira vez depois de crescido, vi-te chorar. Disseste: “Mãe. Todos perderam muito, mas eu perdi o meu maior amigo”. Era verdade. Nos últimos tempos tu foste o amigo, o companheiro, o confidente dele. Foi para nós dois, o seu último olhar, o seu último beijo.
Há pouco tempo, houve um Corvo teu amigo que voou inesperadamente. Voltei a ver-te o mesmo olhar profundamente triste, sem lágrimas à vista desta vez. Devem ter-te caído no coração feitas chumbo. Eu sei. Também choro assim.
É por isso que te peço: Arranja amigos da tua idade. Vai ter com a tua turma, rapaz! Mas não esqueças os outros. Continua a dar-nos a todos os mais velhos, a tua doçura, a tua atenção, o carinho que só tu sabes dar. Não quero que mudes meu filho, mas um dia nós vamos partir. E nesse dia vais-te sentir só.
Não estou a criticar, pelo contrário. Gosto que tu sejas como és. Mas acima de tudo quero ver-te feliz.
É verdade, a senhora velhinha do segundo andar, perguntou que tal era a tua mulher. Diz que a quer conhecer. Vê lá se arranjas uma senão ela nunca mais se cala.
Daqui a bocado dou-te os beijinhos todos. Agora levas um e já estás com sorte.
Felicidades neste importante dia em que passas a ser “Trintão”. Estás quase velho.
Até um dia destes.
24 comentários:
O Corvo está apenas na melhor idade da vida, porque a melhor é sempre aquela que nós quisermos.
Parabéns ao Corvo Vasco que teima (e muito bem) em não deixar o ninho.
A vida está pela hora da morte e ninho é ninho.
Parabéns também para ti Petite Marie e um abraço ao João
Maria, minha querida amiga,
Parabéns para ti, para o João, para o Vasquito.
Quisera poder expressar por palavras a amizade, o carinho, a admiração que a minha alma e o meu coração sentem pelo teu/ nosso Vasquito.
Ele tem os olhos doces de quem vive a Vida com tolerância, integridade e sabedoria que que lhe advêem, penso eu, do convívio com os mais velhos; tem os olhos curiosos, perspicazes e ávidos de quem aprecia cada momento e não quer perder nenhuma das diferentes nuances das cores do Mundo; tem os olhos profundos de quem se preocupa e não é indiferente ao sofrimento de quantos nesta passagem são menos favorecidos pela sorte; tem o olhar irreverente, crítico, oportuno, próprio da sua juventude.
Herdou do avô o requintado sentido de humor e de observação, entre muitas outras qualidades.
É corajoso o nosso Vasquito. Como não há coragem triste, enfrenta com frontalidade e abertura de espírito as adversidades que a Vida lhe tem colocado no caminho, e que não têm sido poucas. De cada uma delas sai mais forte, mais resistente, mais enriquecido.
Adora velharias. O mais admirável é que estão todas recuperadas, a funcionar ou em vias de..., e, o mais interessante, preocupa-se em tentar saber a história de cada uma delas. Quando lá vou a casa, perco-me, como se estivesse numa outra dimensão onde o tempo não existe. Os rádios antigos, a velha televisão, os gravadores de bobines, os discos de vinil a tocar em velhos gira-discos, a grafonola já quase sem idade, as fotografias de família... É, na verdade, um outro planeta!
Eu não estaria completa, e seria certamente muito mais pobre, se não tivesse tido o privilégio de encontrar o Vasquito no meu percurso de Vida.
Por tudo isto e por tudo o que não consigo expressar, mas sinto cá dentro, Vos estou profundamente grata a todos; em particular a ele.
Deixo-Vos um abraço imenso com um beijo cheio de ternura e parabéns
Nemy
P.S.- Ontem, li um pequeno texto de Mário Quintana, que quero partilhar convosco neste dia 07 de Maio:
"A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"
Filho
A tua Mãe já disse tudo.
Só posso acrescentar que tenho muito orgulho em ti.
Abraços e beijos do pai.
João.
Kim, meu amigo:
Ver crescer os filhos, é ao mesmo tempo alegria e sentimento de perda. Cada vez mais a vida os afasta de nós. Este, apesar dos 30 anos, ainda é só meu. Isto é egoísmo, eu sei, mas se soubesses como é bom tê-lo aqui hoje.
Almoçou, arroz de pato, comeu como um abade e agora está a fazer a sesta. Faz-me voltar ao passado, quando os via comer, dormir, todos debaixo do meu teto e dos meus olhos.
Obrigada, Kim.
Ele depois responde.
Beijo da Petite Marie hoje muito feliz.
Ai Maria, deixa o rapaz ter as marias que quiser e nem penses em casá-lo...casamento dali a anos vai ao ar e o rapaz tem de começar tudo de novo...deixa-o voar como ele gosta, com pardais, pardalocas, o que for, mas deixa-o viver da forma que quer..o meu vai entrar nos 30 este ano, sente-se feliz assim..namorou 9 anos e deixaram-se, mais valeu assim do que um divórcio de seguida...assim almoçam aqui, jantam ali, namoram acolá, ah, como é bom ser assim...Olha pra mim! ah, bah...sozinhos e juntos é muito melhor, deu? deu...não deu? pois, andor, há mais gente no mundo...e se a vizinha de cima quer conhecer a muié dele, só tem de pedir a uma amiga que o acompanhe na apresentação da praxe, ehhhhhh. Claro que não duramos sempre, mas, a vida é para ser vivida como queremos e gostamos...tadinho do vasco...ele desenrasca-se podes crer..e já agora, conta lá meia dúzia de marotices do rapaz!...
beijinhos, é uma mãe querida, mas, deixa-o ser assim...
Querida Nemy:
Li o teu comentário logo de manhã.
Tu conheces bem o Vasco e o que escreveste provou aquilo que eu tinha dito dele. Assim não ficam a pensar que exagerei. Obrigada por isso.
Recebi a tua carta. Fiquei muito contente. Sabes como eu gosto de receber cartas de papel. Logo que possa, respondo-te como mereces: por carta.
Tu escreves bem, Nemy. Conseguiste fazer um retrato perfeito, não só de ti como de mais pessoas e do Mundo.
Gosto muito de ser tua amiga e da tua maneira de ver as coisas.
O Vasco está agora a dormir na minha cama, como quando era bebé.
Almoçou muito bem.
No Domingo falamos um pouquinho. Com a quantidade de pessoas que ele convidou, vai ser dificil termos tempo para uma das nossas conversas sem fim.
Beijinhos, amiga e mais uma vez obrigada.
Kim:
Voltei porque me esqueci de te enviar um abraço do João.
Laurinha:
Eu deixo-os a todos, fazer o que qurem. Só quero é vê-los FELIZES.
Custa-me eles estarem longe (os dois mais velhos). Este está pertinho e hoje está comigo todo o dia.
Um dia conto as barracadas dele e dos outros.
Já tens saudades do teu filho? De certeza que sim. Ainda eles estão ao pé e já começam as saudades a bater à porta.
Beijinhos flor de linho.
Hoje só tenho tempo para lamber a minha cria.
Mãe,
Obrigado pelas tuas doces palavras.
É bem verdade que me dou mais com "cotas", mas está descansadaa, que também tenho amigos da minha idade - poucos, mas bons.
Beijos.
Parabéns Vasco :)
...Parabéns Maria, João e maninhos do Vasco!
Beijinhos dos 4, para todos :)
Obrigado, Kim.
Na verdade, já deixei o ninho e já tenho ninho próprio, mas continuo a lá ir com frequência.
Um abraço.
Meu Corvo:
Ainda agora foste e já sinto a tua ausência.
Ainda bem que tens amigos da tua idade. Fazem falta. Conserva-os.
Nós seremos sempre teus pais, teus amigos, o que quizeres.
Hoje, vi que tens muitos amigos pelas vezes que o telefone tocou.
Amigos velhinhos, amigos menos velhos e da tua idade.
Vais ouvir a grafonola ou ver televisão a preto e branco?
Beijos do pai e meus.
Nemy,
Deixaste-me sem palavras. De toda maneira, já imaginava algumas coisas sobre o que pensas da minha pessoa.
Agora vou interromper um bocadinho aqui nos comentários, porque eu tenho que ir à cozinha buscar um pano para tirar a baba de cima do teclado. Que nojo!
Tendo-te como minha amiga, é das melhores coisas que a vida me tem dado.
Beijos.
Obrigado, pai.
Mas algumas das coisas que te podes orgulhar em mim devem-se a ti. Obrigado por tudo!
Beijos.
Laura,
Por enquanto, tem-me sabido bem a liberdade que tenho tido. Talvez daqui a algum tempo dê uma volta, mas não tenho pressa. Temos que viver um dia de cada vez e aproveitar a vida o mais que pudermos.
Quanto às minhas barracadas, não me parece que a minha mãe vá contar. É que, ou têm palavrões, ou coisas pouco próprias de uma senhora contar.
Beijo.
Obrigado, Carla Mar.
Muitas felicidades para ti, para os teus filhos e pais.
Beijo.
Já me vim embora, mas, pelos vistos, ainda continuamos a comunicar! Pois, é que só agora é que estou a responder a toda esta boa gente que me mandou os parabéns.
Não estou a ouvir a grafonola, porque faz muito barulho e incomoda os vizinhos, mas o meu plasma a preto e branco está a trabalhar e até já vi que houve bronca da grossa na Bela Vista. Agora vou mudar de canal porque parece que vai dar o Jorge Gabriel.
Beijinhos.
Carlinha:
Obrigada e beijinhos de nós todos para os 4.
O Martim desistiu do blog?
Ah, esqueci-me de dizer que a mãe do corvo era uma verdadeira ave de exposição.
Linda, lind petite Marie!
Kim:
Fiquei corada. Era nova, amigo.
Hoje estou velhota, mas o meu João ainda me acha graça.
O teu filho é um borracho. Benditos pais que fizeram tal filho.
Beijinhos.
Ahhh, eras uma madona...linda, e ele, idem... o tempo passa, para eles seremos semrpe nitas, eu vejo o Nuno a trocar olhares e ditos coma neide sobre amamã ainda nem parece ter os 57 que tem, amamã é fofinha a mãmã etc etc é tão bom...tão bom conseguirmos ser boas mães para eles, nem todas o sabem, é certo...mas, mãe que ama é mãe que sabe...
Corvo, isso mesmo, tens tempo, quem avisa amigo é, embora nem me conheças, acredito que sou uma das cotas com quem te darias bem...nem sou chatinha nem coisa que se pareça, só se for por bem...e tenho amigos da idade dos meus e adoro os meus amigos mais velhos...sempre nos ensinam o que ainda nem sabemos..
beijinho repenicadinho, para ti, da laura e prá maria também, ela é uma mulher e epras...uma doçura d emulher..laura.
Laurinha:
Respondo-te aqui, porque o teu correio está muito cheio.
Brinquei contigo por causa dos teus apaixonados. Olha nina. Tu podes ter uns quilos a mais, tens 57 anos, mas a tua alma é de uma menina e o teu coração mal deve caber no teu corpo.
Sim, o Vasco ia adorar-te se te conhecesse bem. Qualquer pessoa de qualquer idade gosta de ti.
Obrigada pelos elogios. Somos ambas mães, sabemos amar os filhos que temos, orgulhamo-nos deles. É bom ser mãe, querida, mas às vezes dói.
Somos felizes quando são felizes, choramos quando sofrem. Queremos que tenham um caminho de pétalas de rosas, mesmo que nós tenhamos que pisar os espinhos.
Beijinhos, amiga querida. Gosto muito de ti
(In)subordinada-bolacha
Mau, mau, Maria. O teu Corvo tem de voar. Com o bando que escolher. Portanto - não te metas nisso. Mãe sim, mas tanto não.
Diz o Kim que existem uns quiproquos, espero que episódicos, entre ele e eu. Pois bem, Kim, ainda que não vás à Minha Travessa, não queres, não queres, pronto, ponto, aqui te digo que estou 237,984% de acordo com o teu primeiro cumentário, com. Tenho dito
Abs
Henrique e Kim:
Deixem-se de quiproquos ou lá ké isso. Não gosto de ver dois amigos, dos que mais prezo, armados em putos com birras.
Como dizia a minha avó: abracem-se e fiquem Amigos.
Essas coisas nem parecem vossas.
Beijinhos, em dose igual, para os dois.
Enviar um comentário