Faz hoje 40 anos que vivo na minha casa.
Depois de casada vivi dois anos com os meus pais, enquanto meu marido estava na tropa. Viemos para Lisboa, melhor dizendo, para Cascais, para casa dos meus sogros, até o meu marido entrar para a R.T.P.
Decidimos então, arranjar uma casa nossa, onde pudéssemos criar os dois filhos que já tínhamos. Procurámos em Cascais e arredores, mas os preços eram incomportáveis. Alguém nos indicou Odivelas, onde as casas eram muito mais baratas. Arranjámos este 4º andar, com 5 assoalhadas, que na altura nos pareciam enormes.
Naquele dia mudámos com os parcos móveis, dois filhos e uma enorme vontade de ter uma vida feliz.
Quando falo em parcos móveis, quero dizer: uma mobília de quarto dada pelos meus pais, as caminhas dos meus filhos, um velho canapé coxo, uma mesa de apoio, umas prateleiras, uma mesa e duas cadeiras, emprestadas pela minha sogra, um fogão e pouco mais. Máquina de lavar? Frigorifico? Esquentador? Aspirador? Não.
Era tudo feito à moda antiga. O meu único luxo era uma panela de pressão, dada pelo meu irmão. As fraldas de pano dos dois bebés, lavava-as no tanque. A água do banho era aquecida em panelas.
Não acreditam? Foi há 40 anos, não esqueçam.
O dinheiro era esticado e chegava.
Nunca vou esquecer o primeiro dia aqui passado. O meu marido trabalhava das 16 até ao fim da emissão. Os meus sogros vieram trazer os netos e partiram. Depois de deitar os meus filhos, vi-me só, numa casa estranha, quase vazia, sem vizinhos, sem luz na rua.
Eu nunca tinha estado tão só. Por momentos entrei em pânico. Se um dos meninos adoecesse, se me assaltassem a casa, se... sei lá o que pensei. Eram cerca de 2 da manhã, o meu marido chegou e encontrou-me sentada em frente à cozinha, num sítio em que via a casa toda, com uma tesoura na mão. Para que era a tesoura? Sei lá! Acho que era para me defender de algum atacante. Convínhamos que não foi a recepção mais amorosa do mundo. Eu estava lívida de medo.
No dia seguinte já estava tudo bem. Tinha a minha casa, muito trabalho, os meus filhos. As outras casas começaram a encher-se, fizeram as ruas, abriram lojas. A minha casa foi-se transformando aos poucos. Hoje parece pequena. Quase nada saiu de cá, muita coisa entrou. Tive outro filho. A felicidade andou quase sempre por cá. Houve momentos tristes: morte dos nossos pais e outras pessoas queridas. Saída dos filhos, aos poucos.
Ficou a casa, a mesma casa, mais cheia, mas vazia do riso dos meus filhos. Ainda com amor, felicidade, mas com uma saudade imensa desses tempos duros, em que havia três crianças a chilrear por cá.
Por isso, hoje estou alegre e triste. Faz anos que me tornei independente, dona do meu nariz e de uma enorme casa vazia de móveis, mas cheia de mocidade. Agora olho em volta, vejo muitos móveis, muitos livros, muitas máquinas, muita comodidade. Mas onde estão os meus filhos? Aonde está a nossa mocidade meu amor?
Até um dia destes.
Depois de casada vivi dois anos com os meus pais, enquanto meu marido estava na tropa. Viemos para Lisboa, melhor dizendo, para Cascais, para casa dos meus sogros, até o meu marido entrar para a R.T.P.
Decidimos então, arranjar uma casa nossa, onde pudéssemos criar os dois filhos que já tínhamos. Procurámos em Cascais e arredores, mas os preços eram incomportáveis. Alguém nos indicou Odivelas, onde as casas eram muito mais baratas. Arranjámos este 4º andar, com 5 assoalhadas, que na altura nos pareciam enormes.
Naquele dia mudámos com os parcos móveis, dois filhos e uma enorme vontade de ter uma vida feliz.
Quando falo em parcos móveis, quero dizer: uma mobília de quarto dada pelos meus pais, as caminhas dos meus filhos, um velho canapé coxo, uma mesa de apoio, umas prateleiras, uma mesa e duas cadeiras, emprestadas pela minha sogra, um fogão e pouco mais. Máquina de lavar? Frigorifico? Esquentador? Aspirador? Não.
Era tudo feito à moda antiga. O meu único luxo era uma panela de pressão, dada pelo meu irmão. As fraldas de pano dos dois bebés, lavava-as no tanque. A água do banho era aquecida em panelas.
Não acreditam? Foi há 40 anos, não esqueçam.
O dinheiro era esticado e chegava.
Nunca vou esquecer o primeiro dia aqui passado. O meu marido trabalhava das 16 até ao fim da emissão. Os meus sogros vieram trazer os netos e partiram. Depois de deitar os meus filhos, vi-me só, numa casa estranha, quase vazia, sem vizinhos, sem luz na rua.
Eu nunca tinha estado tão só. Por momentos entrei em pânico. Se um dos meninos adoecesse, se me assaltassem a casa, se... sei lá o que pensei. Eram cerca de 2 da manhã, o meu marido chegou e encontrou-me sentada em frente à cozinha, num sítio em que via a casa toda, com uma tesoura na mão. Para que era a tesoura? Sei lá! Acho que era para me defender de algum atacante. Convínhamos que não foi a recepção mais amorosa do mundo. Eu estava lívida de medo.
No dia seguinte já estava tudo bem. Tinha a minha casa, muito trabalho, os meus filhos. As outras casas começaram a encher-se, fizeram as ruas, abriram lojas. A minha casa foi-se transformando aos poucos. Hoje parece pequena. Quase nada saiu de cá, muita coisa entrou. Tive outro filho. A felicidade andou quase sempre por cá. Houve momentos tristes: morte dos nossos pais e outras pessoas queridas. Saída dos filhos, aos poucos.
Ficou a casa, a mesma casa, mais cheia, mas vazia do riso dos meus filhos. Ainda com amor, felicidade, mas com uma saudade imensa desses tempos duros, em que havia três crianças a chilrear por cá.
Por isso, hoje estou alegre e triste. Faz anos que me tornei independente, dona do meu nariz e de uma enorme casa vazia de móveis, mas cheia de mocidade. Agora olho em volta, vejo muitos móveis, muitos livros, muitas máquinas, muita comodidade. Mas onde estão os meus filhos? Aonde está a nossa mocidade meu amor?
Até um dia destes.
37 comentários:
Cara amiga, boa noite.
Desejos de que os seus olhos possam ver a alegria e a felicidade onde vê agora tristeza e melancolia.
Que o amanhã lhe traga sol para lhe aquecer a alma.
Beijo amigo.
Mariazita
Quarenta anos - são muitos anos. Não serei muito exagerado se disser que é meia vida. Ou, numa mesma casa - é uma vida. Casa tua, sacrificada, difícil, sangrada, sagrada.
Já estive trinta anos numa casa - que não era minha. Com a vida aventureira que tenho levado, nem tempo tive para pensar em comprar casa. Nem tempo, nem... dinheiro, quando as notas e as moedas eram de escudos.
Hoje, estamos num apartamentozito com 162 metros quadrados - que não está cheio, está cheíssimo. De tudo o que trouxemos de toda a parte, com o que foi ganho por nós - a Raquel e eu. Não temos economias, mas estamos felizes. Prontos, sem s, ponto.
E aos sábados, quando temos a maltosa toda aqui para almoçar, conversar, discutir, conviver, é uma festa. Para a Raquel é, também, uma trabalheira. Normalmente temos 12/14 indultos e cinco crianços. Bué da fixe. A cozinha é dela. O cansaço também. Eu limito-me a petiscar, hahahahahahahaha.
Agora que se aproximam as férias grandonas, vai ser o trivial: camarata para os cinco, porque férias gozadas são uns tempões em casa da Avó. Por que bulas é sempre a casa da Avó? E o je não conta?
Palavra ao Rodrigo: sobra sempre pralguém... pró Avô. Nomeadamente quando a querida Avó me culpa de tudo e de nada... Eles já cantam em coro o meu desgraçado solo: mas kékeu fiz desta vez? Guitarra, viola, contrabaixo, bumbo e ferrinhos.
E okeles comem?...
Qjs & abs ao João Santão
NR - Quando a´bancámos na tal outra casa - 328 metros quadrados na Lapa, com vista para o Tejo, penso que se jogássemos ao perde-ganha convosco - perdíamos. Claro, no respeitante ao «recheio»...
Maria, querida amiga,
A tua casa está cheia de ti, do João, dos Vossos três filhos. Estão bem presentes e visíveis os Vossos Pais.
Lá estão também os familiares e amigos (os ainda presentes e os já ausentes).
Continua cheia de amor, de história e histórias, de recordações, de alegrias, de tristezas... Tudo na tua casa tem um significado. Não há nada a mais, nem a menos.
Sente-se que a Vida seguiu o seu ciclo natural.
É assim que deve ser uma casa.
Em tua casa sinto-me em casa.
Beijo cheio de saudades
Nemy
Amigo Alfredo:
As tristezas da Maria passam depressa. As saudades não.
E eu penso que a saudade é uma amiga que vai viver sempre comigo.
É a minha companheira de todas as horas.
Umas vezes, conta-me coisas tristes, outras, lembra-me as coisas boas que a vida me deu.
Hoje está um dia lindo. Elas devem lembrar-me a parte boa.
Obrigada pelas suas palavras amigas e um beijo.
Henrique:
A malta nova não sabe nem imagina, o que era viver sem todas as máquinas, sem todos os móveis, esticando dum lado para tapar do outro. Serão mais felizes? não sei.
O que é verdade é que os casamentos eram de "longa duração", coisa que hoje já acontece pouco.
Fui e sou feliz.
Eu e o meu Santo João vamos vivendo, resmungando de vez em quando, mas não fazemos nada um sem o outro.
Dias bons, dias assim assim, dias piores.
E cá continuamos os dois, mais o canito nabão, velhote como nós, à espera das vezes em que a casa enche. Só o Vasco vem mais vezes. Os outros estão longe. Quando os consigo juntar, é uma festa.
Beijinho à Raquel, um abraço do João e queijinhos de Tomar.
Minha querida Nemy:
Como sempre, encontraste todas as palavras de que precisava.
Sim, todos eles cá estão, nas fotos que viste e sobretudo dentro de nós.
Quando voltas? Já tenho saudades de uma das nossas conversas intermináveis.
Obrigada, minha doce amiga.
Beijinho
Olá Maria.
Eu nunca estive muitos anos no mesmo lugar.
Onde estive mais tempo, aquela onde cresci, onde passei a minha infância e a minha adolescência, é aquela que mais me recordo, aquela que mais memórias boas me trás, embora também fosse lá que vi meu avô partir, o meu companheiro e amigo.
Ficava apenas a 3 quilómetros da cidade, mas ali respirava-se ar puro, havia aquela liberdade do campo, coisas que não existem na cidade.
Tenho um sonho, apesar da minha idade, um dia irei ter uma casa no campo, lugar onde me sinto bem.
Beijinhos para si e um bom dia!
Olá Luís:
Lembraste-me Ellis Regina.
Eu também sonhei com uma casa no campo, perto da cidade. Era sonho a mais, por isso nunca o realisei.
Oxalá consigas.
Entretanto, mando-te a letra da canção da Ellis. No youtub deve estar a musica.
Casa No Campo
Elis Regina
Composição: Zé Rodrix e Tavito
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais.
Beijinho
Demora um certo tempo até a "nossa casa" passar a ser o "nosso lar", mas quando se dá essa transformação... é bom sinal. E manter vivo e recheado de recordações o "nosso lar" é muito bom sinal - estamos vivos no seio da família.
Eu sei que "lar" e "família" foram palavras, conceitos muito usados (e abusados) no tempo da outra senhora, mas... que são coisas muito importantes, não tenho dúvida nenhuma.
Bicho:
Lar e familia não têm conotações políticas. Só sentimentais. São o nosso refúgio, o canto onde nos apetece estar, quando estamos tristes, doentes, saudosos. O sitio onde somos inteiramente livres, sem máscaras, nem hipocrisias forçadas.
Beijinho pelo teu comentário. Sabe-me bem, um comentário teu, mesmo breve. Afinal, foste o grande responsável por eu me ter metido nisto.
"Tu és a minha casa, meu Amor!
Trouxeste-me o telhado no olhar
e as paredes numa das mãos.
Na outra, o espaço de construção
da vida toda
dentro das quatro paredes
do teu coração.
Do sorriso, espalhaste, aqui,
a luz do teu carinho em todos os momentos.
Nos sentidos, trazes o quintal
espaço de fazermos nascer outras vidas
que nos embelezem os dias,
a par de nós...
Quero flores!
Prometeste-me semear girassóis!
Quero tê-los nos teus olhos meu Amor!
Deste-te no primeiro abraço, entrega.
Levaste a minha Alma para morar com a tua
em ti
que és a minha casa meu Amor!..."
Este, Maria é um poema que fiz quando resolvemos fazer juntos, eu e o António, o meu pintor, o resto da vida em conjunto. Nesta nossa idade, fizemo-lo porque estava enraizado dentro de nós este sentido de querermos as coisas assim, na vida um com o outro. Escrevi este poema para ele. Diz do que é a casa para mim. A minha casa é os meus sentidos, o meu centro emocional...
De sempre, para mim, a casa foi o sentido de sossego de bem estar, o refúgio. Há quem saia para descansar, para arejar. Eu gosto de me refugiar em casa no meu espaço de sossegar no sossego da minha casa.
Não preciso de muito na casa. Tenho menos uns anitos que tu mas também comecei por tudo tão básico. Mas nunca quiz nem quero mais que aquilo que me faça sentir confortável. Não mais que isso e é muito pouco.
Beijo Maria para ti e para o teu João. Abraço e beijo do pintor...
Girassol:
É lindo o teu poema, minha querida.
E para pessoas como nós, tão verdadeiro.
Desde que estejamos os dois juntos, tudo está bem. Como tu, nunca fui ambiciosa. Via as minhas primas com grandes casas, boas roupas, jóias e nunca tive inveja.
Eu tinha o meu amor, o meu cantinho, os meus meninos e era tão feliz! Na noite em que o homem chegou à lua, sentámo-nos em cima da cama, com uma garrafa de Porto barata, dois pacotes de bolachas em frente a uma televisão quase sem imagem. Foi lindo, Girassol. A primeira vez que ele recebeu o subsidio de Natal, trocámos o dinheiro em notas pequenas e fizemos uma linda colcha. Nunca tinhamos tido tanto dinheiro. O que nós comprámos em sonhos, amiga. São coisas como estas, pequeninas, estupidas talvez, para quem não as viveu, que amassaram o barro do nosso ninho e a força do nosso amor.
Conto-te isto, porque sei que entendes, minha amiga.
Um abraço do João para o teu marido, beijinho dele para ti e beijinhos meus para os dois.
Obrigado pela letra de Elis Regina, Maria, Penso que já ouvi, mas irei confirmar no YouTube...
Beijo
Maria, há quarenta anos éramos bem mais pobres do que agora.
Apesar da crise, que não é nada pequena, naquele tempo viviam duas famílias numa casa e não havia o consumismo que há hoje.
Hoje pode não haver dinheiro para nada, mas vai havendo para o futebol, cinema, pequenos almoços e lanches na pastelaria e gasolina para passear.
Ai, ai, há quarenta anos até uma casa vazia de tarecos dados, fazia a alegria duma família.
Beijinhos Petite Marie
Mãe,
Sempre gostei de te ouvir falar dos primeiros tempos de ti e do pai, em casa. Fiquei sempre com a ideia que, apesar de não haver fartura material, havia fartura de felicidade.
Ao ler a tua crónica de hoje, lembrei-me de uma coisa que ainda não falaste no teu blogue, e que era interessante falares: os bailes que vocês e os vizinhos faziam na rua, com o altifalante na vossa janela. Faz lembrar o Pátio das Cantigas; também havia um "engenhocas": era o pai.
Beijos
Corvo:
Do que te foste lembrar!
Belas noites dos santos populares!
Eram combinados no café, por mim e algumas vizinhas mais ou menos da minha idade (a Ção, a Gina, umas moças que moravam na rua da frente) todas novas e com sangue na guelra. Nós tinhamos um velho gira discos com um "potentissimo" autofalante montado pelo pai. Umas fitas de Carnaval nas nossas traseiras, discos trazidos por toda a malta, estava a festa feita.
Antes disso, ainda não tinhas nascido, foi o tempo do grupo musical. Um saxofone, um trombone e uma viola, cada qual a tocar para seu lado. Foram as canções de embalar dos teus irmãos. Essas sessões terminavam com "Arroz do gato à Madre Paula, composto de: 1 lata de salcichas, 1 lata de ervilhas, alguns berbigões, 1 lata de lulas, 1 perna de frango e arroz. Eramos 4 malucos a comer deliciados aquela mixórdia, regada a cerveja.
Se te contasse tudo, morrias de rir.
Foi um tempo muito bom, esse. Sem dinheiro, mas com vontade de viver.
Um dia conto mais.
Beijo do pai e meu
Mãe
Mas o que eu estou a gostar desta caixa de comentários.
A música e letra são lindas. Obrigado Maria!
Deixo o link para o vídeo: Casa no Campo - Elis Regina
Maria,
Fico à espera das histórias do "Pátio das Cantigas".
O Vasco aguçou-me a curiosidade.
Saudades e um beijo para os dois
Nemy
Maria, o que me ri ao imaginar a cena que daria um belo fim de filme, a Maria na cozinha, abarcando toda a casa, e, defendo-a de tesoura, dos possiveis salteadores!...Maria, é so máximo a descrever tão belos tempos, tão bela vivência. Graças a Deus que ainda tenho os filhos todos a chilrear por aqui, chilreios que nunca ouvi, e, por isso, os tenho guardados dentro de mim, na visão que tenho, sempre recente, deles em pequeninos... Estreei um apartamento novo num condominio fechado, com piscinas, campo de ténis, etc etc, em Pretória, adorei, e, tive sorte, tudo mobilado de novo à minha escolha, fomos os dois escolher, certo, mas ele delegou em mim e nem me saí mal...pagamos tudo a pronto, e, não me fez impressão a mudança, já que ia a casa dos pais todos os dias, ou melhor, dormia lá mais vezes, pois o marido saia cedo para Jhoannesburgo, e só vinha lá pelas 22, e, escusava de ficar só, além de que fazia o almoço para o pai,mas que belos tmepos com o meu querido Pai, sempre tão presente nas nossas vidas ) arrumava a casa da mãe, chegava do trabalho e era só comer, e, ainda refilava...mas, tive sempre o meu apartamento ali e só saí de lá quando regressamos aqui, há coisa de 17 anos...
Maria, Maria, ternura de Escritora, publica os teus livros com esses contos reais, verdadeiros...
Linda a Poesia da nina girassol, já a conhecia, e sinto saudade de a estreitar no meu abraço, mas, acho que já faltou mais...
Beijinhos e deixa que essas recordações felizes, fiquem em ti para todo o sempre... Os meninos sabes muito bem que têm de seguir as suas vidas, como nós o fizemos, e continuaremos a fazer, enquanto o mundo for mundo!... Adoro-te..laura.
Kim:
É isso mesmo. Nós sabiamos ser felizes com pouco.
O dia em que sairam os primeiros livros de bolso, senti uma alegria imensa. Já podia comprar um livro de vez em quando.
Uma ida (rara) ao cinema era uma festa.
E havia aquele espírito muito anos 60, bolsos vazios, cabeças povoadas de sonhos.
Ai Aznavour e "La Bohème", quantas vezes o ouvi e cantei! E havia Brel e os seus poemas maravilhosos. E havia esperança e alegria de viver, "malgré la guerre". Foi uma época impar, amigo e nós estávamos lá.
Não é saudosismo que sinto, é orgulho de apezar de nos faltar tudo, tinhamos "un croissant e un café créme" e eramos felizes porque o homem tinha chegado à lua.
Olha, sabes? Não trocava a minha vida por nenhuma.
Beijinho
Alfredo:
Estás a gostar? Eu também. Somos uma data de cotas felizes. Felizmente há os comentários do Luís e do meu Corvo, senão isto mais parecia "O Romance dos jovens dos anos 60".
Felizmente ainda há miúdos como eles, que talvez sejam a salvação deste mundo de fome de ter muito, à custa seja do que for, mesmo que seja a felicidade.
Beijinho
Olá Luís:
Obrigada pelo link.
Ouve mais mais Ellis. Vale a pena.
Tu e o meu Corvo deviam dar-se bem.
Sonhadores neste tempo, já há poucos. É bom sonhar, amigo. Como é bom lembrar, quando se tem a minha idade.
Beijjinhos
Nemy:
Um dia eu conto. Só te digo que uma vez fomos ver as marchas e não tinhamos dinheiro para as sardinhas.
Não foi problema. De manhã tinha comprado as ditas para o almoço do dia seguinte. Chegámos a casa, perto das duas da manhã e às duas e meia estávamos a comer sardinhas, pão e tintol. Foram as melhores sardinhas da minha vida.
"Viver não custa. O que custa é saber viver" e nó sabíamos.
Beijinho, amiga.
Das “minhas” casas apenas tenho gratas recordações de uma.
Saí de Portugal com dois anos e regressei com sete, lembro-me, muito vagamente, de duas casas no Huambo (Nova Lisboa) uma no Bairro de Santo António, onde nasceu o meu irmão João e outra no chamado Bairro Militar e desta tenho ainda hoje, já lá vão mais de quarenta e cinco anos, uma cena violenta que não vem agora à colação.
Quando regressei fui para a Rua de Coimbra, MFB.
Lembro-me que tinha como vizinhos, casa com casa, o Dr. Antunes da Silva e na outra casa adjacente, a senhoria, D. Júlia (dita a Cocoa) e a D. Luísa. A D. Luísa tinha três filhos, a Farid, a Laila e o Heny, que revi em Tomar mais ou menos hà três anos, e que era companheiro das patifarias várias que perpetávamos nas redondezas. Lembro-me perfeitamente da tasca do Sr. Ferreira, do taberna do Sr Guilherme e da sua venda de melões e de melancias, dos estábulos do ferrador de que não retenho o nome, dos Freitas que vendiam no Mercado, (Oh Sr José, ponha-me aí meio litro de vinho branco para uma carne que tenho ali ao lume! E não havia dia nenhum em que a senhora não cozinhasse carne que precisava de vinho), lembro-me bem do Rui Constantino, do Alfredo (Pinga-azeite) e do seu acordeon, do João Vital, brilhante ultimo mordomo da Festa dos Tabuleiros, de uns vizinhos que moravam mesmo em frente, não me lembro do nome, e a quem uma certa vez fizemos a patifaria de, a partir do meu sotão, mandar um carro de linhas por cima das linhas eléctricas e atar uma ponta ao puxador da porta e começar a “bater à porta” às dez da noite. Lembro-me da D. Carmo e do Senhor Cardoso, comerciante/industrial de madeiras e a primeira casa a ter televisão da zona, onde às vezes e a seu convite, ia ver o Franjinhas do Carrossel Mágico. Lembro-me do senhor Silvério e do seu filho, um amigo que não vejo à anos.
Lembro-me de tantas e de tantas coisas. De tantas maroteiras. De tanta brincadeira. De tantos amigos.
Casa modesta, lembro-me bem de cada recantinho e quantas vezes me assaltam saudades dela.
"Olha, sabes? Não trocava a minha vida por nenhuma."
Voltei aqui num cadinho de descanso e dei com esta frase fantástica e maravilhosa de quem só pode sentir a vida bem vivida apesar de todos os pesares, ou por isso mesmo.
Fantástico, Maria, sentir a vida assim. Assino esta frase. Completamente!...
Beijo grande minha amiga de longe.
Maria Girassol.
(e vê lá se vais ver o que comentei no post anterior para fazeres o que te peço. é hoje o dia e quero que leves o meu abraço... ah, e diz ao AFerreira que me responda ao mail a propósito do livro pfavor.)
Laurinha:
Se eu um dia resolvesse escrever a história da minha vida, ias morrer de rir com os meus diparates e aventuras, ias chorar porque nem tudo foi um mar de rosas. Se eu fizesse duas listas com as boas e as más, ganhavam as primeiras. Mas a vida da Maria também teve fases tristes, dolorosas mesmo.
Achas-te graça à cena da tesoura, eu hoje também acho, mas na altura tive medo mesmo.
Sabes? Sempre aceitei bem a vida. O bom e o mau. De nada me arrependo e se fosse possível voltar ao prícipio, acho que não ia ser muito diferente.
A vida deu-me muita coisa boa e eu soube aproveitá-la. Daí, hoje não me lamentar de nada. Posso estar com uma grande neura, que se me lembrar das coisas boas, passa.
Quem me dera que fosse assim com todos. Talvez não houvesse tanta gente a sofrer, talvez não houvesse tantas guerras.
Beijinhos, flor de linho.
Caro Alfredo:
Vistas bem as coisas, fomos quase vizinhos. A última casa onde vivi em Tomar, ficava ao pé do colégio, mesmo em frente ao Jardim Escola João de Deus e à vivenda do Dr. Nini.
Conheci o Dr. Antunes da Silva e os filhos. Tinha colegas na Rua de Coimbra.
Se não fosse a diferença de idade, diria, que nos teriamos cruzado por aí.
Afinal, encontrámo-nos aqui e tenho gostado dos nossos encontros.
Qualquer dia, o encontro será de frente, numa rua de Tomar. Enquanto espero, vai ser assim: por escrito e já é bom.
Perdi todos os amigos antigos daí.
Neste momento tenho amigos de Tomar: tu, o Luís e alguns mais.
Beijinho, meu amigo
Querida Girassol:
Já respondi no outro Post.
Obrigada pela tua adesão ao clube
"Olha, sabes? Não trocava a minha vida por nenhuma."
É isto que sinto.
Beijinhos meus para os dois, beijinho do João para ti e um abraço para o António.
Maria, eu, soubesse o que sei hoje, sim, mudaria a minha vida, mudaria ou escolheria com mais paciência, os homens com quem casei...bolas, nem me voltem a falar em casamento..é o mesmo que funeral para mim, apre...Não tendo sido infeliz de todo, já que nunca fui maltratada, agredida e cosias do género, faltou aquela cumplicidade, aquela parte que tem romance, porque tem de haver num casamento de amor, enfim, que tristeza de dias vou passando, por não ter feito melhores escolhas, mas, como diz a Neide e o Nuno, se não casasse com o pai deles, eles nunca seriam quem são, nem estariam aqui ao meu lado...enfim, até têm razão...
Mas, a vida em si, foi linda, foi querida, apena snão ouvia, que de restos emrpe fiz tudo para me sentir uma pariga feliz, e, mau grado estes dias que me têm doído na alma, estou quase a voltar ao normal...
Um beijinho e claro que adoraria ler-te, ouvir-te, quem sabe um dia podemos encontrar-nos...em breve..ji de mim. laura.
Laurinha:
Cheguei agora a casa.
A Palestra foi muito interessante.
Conheci o Kim, finalmente. É tão alto, nina, mas tem cara de menino bom. Conheci também o Jroma, que também é uma simpatia.
Como estás, nina? Espero que melhor. Ainda não fui ao teu blog.
Vou lá passar daqui a pouquinho.
Beijinho a ti, minha flor de linho.
Maria & João, Milagreiro
Foi muito bom ter tido lá na Biblioteca-Museu República e Resistência Amigos que se conheceram por esta magnífica blogosfera. E, melhor ainda, conhecer uns quantos olhos nos olhos. Os blogues são importantes, mesmo íssimos. O cara a cara é melhor, muitíssimo melhorzíssimo.
Espero e desejo que não vos tenha chateado muito. Tempo do vosso que se transformou em nosso, esse sim, esse roubei-o. Pior: premeditada e intencionalmente. Agravante, por conseguinte
Andam, realmente, faunos pelos bosques - e malandros pelos blogues, como é o meu caso - e basta, ta, como nas palavras cruzadas. E outros, piores, que levam, com falinhas mansas, pessoas honradas e compridoras (com u) que se deixam enganar pelos falsérrimos ditos cujos.
E que, toscos no falazar, levam séculos de paleio para dizer aqui, afirmando covarde e desaustinadamente que é nesse preciso lugar, local abençoado, chão sagrado, ara da alegria, mas também da amargura. Enfim, tretas.
Felizmente que ninguém arredou pé - ou, quando muito, uns poucos a quem não roubaram as muletas. A vida é assim. Pequenina e miudinha. Como a vodka que é água pequena - voda dopa.
Prontos (sem s). Oxalá não tenha acordado quem dormiu o sono dos justos durante o entediante parlapié. A todos, juro que nunca mais voltará a acontecer. Nunca mais é uma força de expressão; prefiro nunca menos.
Blago daria a todos, como dizem os búlgaros bulgares para expressarem multumesc frumos. Que o mesmo é dizer kittos. Ou nagyon koszonom. Ora tomem.
Qjs & abs
PS - Agradeço a todos os presentes a perseverança, a temperança e a esperança de que aquele coiso acabasse depressa. Igualmente o faço aos que não caíram na esparrela. Nem sabem do que se safaram.
... e livrem-se de postar cumentários (com o) cobre a charla empaturrada na Travessa. Isto ainda acaba mal, ai cacaba, acaba. Abaca.
ADENDA
Não cobre coisíssima nenhuma. O keu krya dyzer era sobre, mas o sacana do teclado...
Caro Henrique:
Mandei-te um Emilio a dizer o que pensei da Palestra e do resto.
Amanhã faria anos a minha mãe. Vou jantar com o mano. É costume nosso. Os pais morreram, mas festejamos na mesma. Continua a ser dia de festa, porque sem eles não estariamos cá. Tenho pena de a minha irmã não estar, mas está longe. Seremos 5. Eu e o João, ele e a mulher e o Corvo, que é muito agarrado a tradições.
Beijinho para a tua Raquel, abraço do João para ti e queijinhos de Tomar.
Minha culpa minha culpa, minha máxima culpa.É IMPERDOÁVEL NÃO TER PASSADO POR AQUI E NÃO LER ESTE TEXTO..DELICIOSO, PARABÉNS..PARA MIM ESTA CASA ESTAVA MAIS CHEIA DO QUE MUITO PALÁCIO A ABARROTAR DE COISAS DE NINGUÉM USA E QUE NÃO SERVEM PRA NADA COMPARADO COM O AMOR QUE ENCHIA ATÉ AO TECTO A VOSSA CASA..fICAREI VISITA SE A PORTA ESTIVER ENTREABERTA..UM BEIJINHO.
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