Em “Noites de Insónia” em que já nem os “Narcóticos” resultam e, “O Esqueleto”, “O Coração, Cabeça e Estômago”, me pedem algumas “Horas de Paz”, vou buscar “Um livro” que me dê “Duas Horas de Leitura”. Por vezes resulta, outras não.
Então, começo a lembrar-me de “Coisas Espantosas”. Recordo os “Delitos da Mocidade”, lembro todo “O Bem e Mal” que fiz e, às vezes, “Lágrimas Abençoadas” correm-me nas faces. Há noites, em que me passam pela cabeça, “Os Mistérios de Lisboa”, as “Cenas Contemporâneas” a que assistimos, em que “Um Homem de Brios” se perde em “Vulcões de Lama”. Vivemos num tempo, em que “A Corja” consegue provocar “A Queda de um anjo”, quando este tenta “Cavar em Ruínas”. Algumas vezes pergunto: “Voltareis, Ó Cristo?” e, fico na dúvida se hei-de consultar “O Santo da Montanha” ou “A Bruxa do Monte Córdova”. É que neste mundo, onde impera “O Demónio do Ouro”, já nem se pode saber “Onde Está a Felicidade”, nem esperar por “Um Amor de Perdição”. Se virmos bem, talvez já nem existam “Doze Casamentos Felizes”.
“Ao Anoitecer da Vida”, chegam as “Nostalgias”, adivinha-se “Nas Trevas”, o “Ultimo Acto” das nossas vidas.
Mas, como se um “Anátema” pesasse sobre as nossas cabeças, continuamos à espera que um “Livro Negro do Padre Dinis”, se resolva e buscamos entre “As Cenas Inocentes da Comédia Humana”, como “Agulha em Palheiro”, as “Estrelas Propícias” que nos irão salvar.
Passamos a vida convencidos, que somos “Os Mártires” de todas as desgraças do mundo. No futebol, por exemplo, os nossos clubes perdem e, logo alguém se lembra do “Eusébio Macário”, perdão do Eusébio do Benfica. Lamuriamos porque “As virtudes antigas” cada vez são mais raras, descobrimos que “A vida do José do Telhado”, se repete no dia a dia. E chegados aqui, lembramos o clima de “Vingança” em que vivemos. Raro é o dia em que se não ouve na calada da noite um grito: “Maria! Não me mates, que sou tua Mãe”, ou outro parecido. Já não há “Serões de São Miguel de Ceide”, nem de lado nenhum, porque passamos a noite a olhar para a televisão, sabendo quase em directo que, em mais uma cena conjugal, a mulher se transformou na “Caveira da Mártir”.
Esperamos, já um pouco incrédulos, que uma qualquer “Maria da Fonte” nos salve.
Muito haveria ainda para dizer. Camilo tem muito mais livros. Eu não vou mais longe, porque estou-me a sentir “A Doida do Candal”.
Assim, acabo este “Curso de Literatura Portuguesa”, que espero vos dê uma boa noite de sono. Se não dormirem, cantem. O nosso escritor ainda tem o “Cancioneiro Alegre” publicado.
Como já viram, são só alguns, dos muitos títulos de livros de Camilo. Não chegam a ser metade, mas já não tenho fôlego para mais e, “O Sangue” lateja-me na cabeça.
Diverti-me a escrever isto. Espero que alguns se divirtam também. Os outros, experimentem ler. Talvez seja melhor do que o Xanax.
Até um dia destes.
Então, começo a lembrar-me de “Coisas Espantosas”. Recordo os “Delitos da Mocidade”, lembro todo “O Bem e Mal” que fiz e, às vezes, “Lágrimas Abençoadas” correm-me nas faces. Há noites, em que me passam pela cabeça, “Os Mistérios de Lisboa”, as “Cenas Contemporâneas” a que assistimos, em que “Um Homem de Brios” se perde em “Vulcões de Lama”. Vivemos num tempo, em que “A Corja” consegue provocar “A Queda de um anjo”, quando este tenta “Cavar em Ruínas”. Algumas vezes pergunto: “Voltareis, Ó Cristo?” e, fico na dúvida se hei-de consultar “O Santo da Montanha” ou “A Bruxa do Monte Córdova”. É que neste mundo, onde impera “O Demónio do Ouro”, já nem se pode saber “Onde Está a Felicidade”, nem esperar por “Um Amor de Perdição”. Se virmos bem, talvez já nem existam “Doze Casamentos Felizes”.
“Ao Anoitecer da Vida”, chegam as “Nostalgias”, adivinha-se “Nas Trevas”, o “Ultimo Acto” das nossas vidas.
Mas, como se um “Anátema” pesasse sobre as nossas cabeças, continuamos à espera que um “Livro Negro do Padre Dinis”, se resolva e buscamos entre “As Cenas Inocentes da Comédia Humana”, como “Agulha em Palheiro”, as “Estrelas Propícias” que nos irão salvar.
Passamos a vida convencidos, que somos “Os Mártires” de todas as desgraças do mundo. No futebol, por exemplo, os nossos clubes perdem e, logo alguém se lembra do “Eusébio Macário”, perdão do Eusébio do Benfica. Lamuriamos porque “As virtudes antigas” cada vez são mais raras, descobrimos que “A vida do José do Telhado”, se repete no dia a dia. E chegados aqui, lembramos o clima de “Vingança” em que vivemos. Raro é o dia em que se não ouve na calada da noite um grito: “Maria! Não me mates, que sou tua Mãe”, ou outro parecido. Já não há “Serões de São Miguel de Ceide”, nem de lado nenhum, porque passamos a noite a olhar para a televisão, sabendo quase em directo que, em mais uma cena conjugal, a mulher se transformou na “Caveira da Mártir”.
Esperamos, já um pouco incrédulos, que uma qualquer “Maria da Fonte” nos salve.
Muito haveria ainda para dizer. Camilo tem muito mais livros. Eu não vou mais longe, porque estou-me a sentir “A Doida do Candal”.
Assim, acabo este “Curso de Literatura Portuguesa”, que espero vos dê uma boa noite de sono. Se não dormirem, cantem. O nosso escritor ainda tem o “Cancioneiro Alegre” publicado.
Como já viram, são só alguns, dos muitos títulos de livros de Camilo. Não chegam a ser metade, mas já não tenho fôlego para mais e, “O Sangue” lateja-me na cabeça.
Diverti-me a escrever isto. Espero que alguns se divirtam também. Os outros, experimentem ler. Talvez seja melhor do que o Xanax.
Até um dia destes.
14 comentários:
Olá querida Maria,
Sou um bocadito mais nova que tu e olha amiga nem leitura nem tv nem xanax quando eu tenho insonia faço directa tal como fiz hoje.
Mas...as minhas insónias têm uma origem que se chama preocpupação.
Mas concordo que ler é excelente para se ter sono ou para cultivar o nosso Ser.
Estou rodeada de livros até ao tecto eheh pois bibelots esses por cá não existem não lhes deixo espaço...só livros. As estantes "choram" porque são demasiado pesados e arqueiam algunas prateleiras...paciencia que aguente que eu também ando muitas vezes com dor de costas :-)
Gostei deste post e de saber que já estás bem e olha amiga longe fiquem as favas.
O Bruno é muitissimo alérgico a tudo até a soja...de modo que ando sempre prevenida na bolsa quando saio com comprimidos para tudo que ele possa precisar.
Mas não sabias que ias ter um encontro imediato de 3º grau com favas :-)
Estou a aver se te animo um pouco para o que te vou dizer a seguir.
Mas só o direi por email ok?
clubeautista@hotmail.com
Beijinhos linda amiga.
Olá Lisa:
Já passou, até à próxima.
Quanto aos livros, vivo rodeada deles, volta e meia tenho que comprar uma estante, mas agora já não sei onde as meter. Só na casa de banho e na cozinha, não há livros. Na primeira, às vezes há revistas e jornais. Acho que se um dia não puder ler, morro. Agora, como tenho mais tempo, leio ainda mais. Já acabei de ler o livro da Ana. Minha querida, a luta que vocês têm! Só as mães a podem entender. Ainda dizem que somos o sexo fraco. Quem mais teria a nossa força?
Sabes? O meu filho mais novo, o Vasco, tem problemas de coluna, que o obrigaram a andar cerca de 5 anos, dia e noite, com uma ortotese, desde o pescoço às pernas. Era um autêntico instrumento de tortura, de plástico rígido e ferros. Ele foi um herói. Nem nos primeiros dias o tirou ou quis tomar alguma coisa para as dores. Chegava a levantar-me de noite, porque tinha medo de que lhe acontesse alguma coisa. Era horrivel ver o corpinho do meu filho, tão frágil, ferido por aquela coisa horrivel. Parecia que tinha levado chibatadas. Melhorou bastante, mas tem dores muitas vezes. Foram anos, que não desejo a ninguém. Chorei muita lágrima, às escondidas dele. Era horroroso, ouvir as perguntas e comentários estúpidos das pessoas. Ele aprendeu a lidar com isso, eu não.
Revoltava-me a falta de sensibilidade das pessoas.
Hoje, faz uma vida normal, tem emprego, comprou casa, mas eu tenho um medo enorme, quando o vejo com dores. Antes queria tê-las eu.
Agora anda na ginástica, mas não pode fazer alguns exercicios.
Como vês, a Maria também sabe o que é, ver um filho sofrer. Por isso vos entendo tão bem.
Desculpa o desabafo, amiga. Não te queria entristecer.
Beijinho para ti, amor para o Bruno.
Arre, nem por acaso, ó mulher dos sete oficios, não podia deleitar-me com melhor serão, que este, encomendado a Cervantes...só falta memso uma peça de teatro...Li quase todos os livros do Julio Dinis, do Eça, Do Camilo e visitei a casa do camilo, há anos, em S. Miguel de Ceide!...
Mulher, tu és uma estrela dalva, tamanha graça tiveste hoje (nos outros dias, também) para nos entreteres... Adorei, ri-me porque colocaste-te no lugar de tudo o que era livro, como se fosses a personagem central...Belissimo, mas que encantadora anfitriã para a minha noite!...
Um beijinho e tenta dormir, conta carneiros, malmequeres, planta canteiros de rosas imaginárias, cose botões da farda do almancil, e por ai fora, mas, dorme rapariga, dorme sem xanax, sem nada, mas, vestida, ora pois!...amo-te maria, muito memso...adoraria abraçar-te também, um dia destes..laura..a tua flor d elinho..
Laurinha:
Ainda bem que te fiz rir. A intenção era essa. Dar a conhecer livros de Camilo, de uma forma que não se tornasse maçadora. O homem escreveu que se fartou. E nem tinha computador.
Ora imagina lá, um computador em cima da mesa, em que ele escrevia!
Se ele imaginasse, que um dia, uma Maria qualquer, ia escrever dele desta forma, com o seu bom feitio, vinha cá abaixo e dava-me uma carga de tareia.
Era um grande escritor, mas não era "flor que se cheire".
Enfim! Ninguém é perfeito.
Beijinhos e obrigada pelo teu comentário.
Olá Maria;
Não, não me deu sono porque estou lendo esta tua bela crónica pela manhã, depois de uma bela noite de sono profundo e retemperador...
Marvilhoso trabalho ao descreveres algumas das obras deste nosso Grande escritor, que é Camilo Castelo Branco.
Digo "é" e não "foi" porque ele é sempre companhia actual das tardes/noites de leitura cá em casa. Li, ou antes, lê-mos alguns destes livros que fazem parte da tua brilhante biblioteca e alguns, mesmo com leitura repetida de tão fascinantes eles são e atrevo-me a dizer que no domínio da Grande literatura Universal, nós sempre apresentamos grandes argumentos literários de forma a não "devermos" nada aos outros...
Obrigado, Maria, por tão bem defenderes e prestigiares os nossos autores.
bjs
da Ana e Osvaldo
Osvaldo:
Ainda bem que o "meu" Camilo, continua a ser lido e apreciado, por tanta gente.
O meu pai admirava-o muito e tinha uma "biblioteca Camiliana" bastante completa. Estava destinada a ser minha. Por circunstâncias várias, nunca mais os vi. Mas como tenho comprado alguns em alfarrabistas é o meu filho quem mos arranja) e, agora na feira do livro comprei mais, lá vou tentando "recuperar", o que perdi. Quanto aos nomes, desde garota, que me habituei a lê-los, relê-los, portanto sei-os praticamente de cor. O que me deu prazer, foi achar um fio condutor, entre eles. Espero tê-lo conseguido.
Beijinhos para ti e Anita
Maria, o Camilo tanto pode estar aqui na terra de novo, como estar ainda do outro lado. Não era má pessoa, era magoado, insatisfeito e via a realidade da vida de forma mais intuitiva e..os tempos eram maus, Vê lá tu que a amásia dele, a mulher que ele amava, por fugir ao marido,aquele antónio das dúzias (sempre fui a favor do casal se separar quando um não ama, ou nem amam os dois!) esteve presa, poças, isso não se fazia, imagina se fosse nos dias de hoje, não havia prisão que chegasse pra tanta mulheri...Se um dia puderes ler este livro que li e reli e tenho, se não o encontrares, eu empresto-te o meu, quando nos virmos...é sobre ele, soube-o logo, memso trocando os nomes, era ele esim, e como entendi...que, deus é para amar e não ignorar como ele fez e bem se penitencia...
da Médium, espanhola, creio, Yvone A. Pereira
Memórias de um Suicida, fala dele e de mais Portugueses que foram ao memsot empo que ele para o outro lado, das desventuras e dos erros que se cometem aqui, sem pensar nas consequências...
Bem, vou tratar do almocito e não te deixos em te dizer; adoro a tu, tuzinha..laura..
Laura:
Camilo foi infeliz, sim. Ficou sem mãe aos 2 anos, sem pai aos 10. Entregues, ele e irmã, a familiares, que pouco ou nada, lhes ligavam, valeu-lhe a sorte de ter encontrado algumas ajudas.
Eu tenho vários livros sobre ele, incluindo um de Aquilino, outro de Alberto Pimentel, que contam toda a vida dele.
Foi muito complicada e, nem sempre ele se portou como devia.
É certo que, a pouca sorte o perseguiu, mas lá bonzinho, não era. Sofreu muito, sobretudo quando a cegueira chegou. Desesperado, pôs termo à vida.
Mas olha, que a pobre Ana Plácido, ainda deve ter sofrido mais. Perdeu o primeiro filho, presumivelmente filho de Pinheiro Alves, (há quem diga que seria de Camilo), o segundo, o Jorge, enlouqueceu e o terceiro, Nuno, só lhes arranjou problemas.
A única filha de quem teve algum carinho, foi Bernardina, filha de Patrícia Emilia, um dos seus amores de juventude.
Esperemos, que Deus lhe perdoe, porque quem escreveu histórias tão lindas e bonitas, merece um pouco de complacência de Deus.
Beijinho, minha querida.
Ora muito bem, Mariazinha
Um achado, une réussite, una maravilla este teu Texto. Com caixa alta, que bem merece. Não te tivesse eu como culaborado (com o) e saltava um convite. Tiro e queda.
Porém - e felizmente - a realidade é que já lá estás e por muitos tempos e bons. O me traz sempre uma enorme alegria e um gigantesco contentamento.
O nosso Camilo nunca sonharia, por certo, que uma tal dos Alcatruzes com ele se emparelhasse. Note-se que o João nada tem a ver com a Ana Plácido, evidentemente...
Mas, a vedade é que, com queijinhos de Tomar, ou sem, deste na mouche. Que criação explêndida esta tua. Deixa-me a roer as unhas até ao sabugo - de inveja. Ékeu sou muito invejoso, já o deves ter notado.
És, realmente um Amor de Perdição, que me perdoe o João, Santo e Paciente Homem, junto do qual o neo Nuno é uma molécula e, ainda por cima, picananinha.
Que o Manuel de Oliveira não te leia, Amiga querida, senão lá sai filme elaborado, complicado e demorado. Cuidado e caldos de galinha, ao que se diz, que nunca fizeram mal a ninguém. Á Knorr, pelo menos, até fazem muitíssimo bem.
Não penses mais em insónias, em xanaxes nem outras dogas soft. Pensa, sim, no próximo visado em dia de bem-querer. O caso é este: o gajo vai ficar bué da contente. Ganda cena, cota!!!
Qjs & abs para o caro metado
Meu caro Henrique:
Fizeste-me chorar. Estava ansiosa à espera do teu comentário.
Exageraste, mas fiquei emocionada.
Pensei que o meu pai, iria ficar orgulhoso da filha. Tanto teimou para eu escrever e só depois dele morrer, comecei.
Sei que tenho muitos defeitos a escrever, sobretudo com as vírgulas. Sempre me dei mal com elas.
De qualquer forma, o teu comentário incitou-me a continuar.
Beijinho à Raquel, um abraço do João para ti e queijinhos de Tomar.
Querida Maria,
Não consigo acrescentar nada ao que já foi dito. Nem me atreveria, depois de ter lido o comentário do Antunes Ferreira...
Li, reli, voltei a ler, e não me canso deste teu brilhante texto.
Simplesmente genial!...
Beijo de saudades
Nemy
Querida Nemy:
O teu apreço é sempre muito bom, para mim.
Tu, que conheceste bem o meu pai, deves calcular o gozo que me deu, escrever isto. Foi como se estivesse a conversar com ele. Se fores à Travessa, verás a explicação.
Já tenho saudades tuas. No Domingo, se Deus quiser, vamos ver-nos, mas no meio de tanta gente, não vai dar para uma conversa longa. Temos que voltar a ver-nos sós. Aquele Sábado soube-me a pouco.
Beijinhos
Pois foi, o homem foi fraco, e a maioria das asneiras era de ser ateu, se não acreditava em nada, nada levaria depois...foi sofrido sim, vi o quarto e salas, cozinha da casa dele, fez-me pena, sinto comapixão, pelas almas que são levadas a actos suicidas, não é fácil resistir...quando a vida magoava tanto,sem dinheiro, o filho internado, a mulher presa, credo, mas, é a vida de cada um...
Beijinhos. nina linda..laura.
Laurinha:
Pois é. O Camilo já pagou o que fez. E afinal nina, o que conta é a Obra que deixou.
Hoje, estou um bocadinho apressada, porque o meu Vasco faz 30 anos e está cá em casa a passar o dia comigo e com o pai.
Domingo é a Festa na casa dele.
Beijinho, querida.
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