domingo, 8 de março de 2009

Dia da Mulher

Hoje vou escrever pouco. Vou limitar-me a transcrever.
Tudo isto, sendo pouco, diz mais do que eu diria em 1.000 palavras.
Como começou o dia da mulher:

"As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários.
Existem outros acontecimentos que possam provar a tese como o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que também aconteceu em Nova Iorque, em 25 de março de 1911, onde morreram 146 trabalhadoras. Segundo esta versão, 129 trabalhadoras durante um protesto teriam sido trancadas e queimadas vivas. Este evento porém nunca aconteceu e o incêndio da Triangle Shirtwaist continua como o pior incêndio da história de Nova Iorque."

Quantas mulheres morreram em Portugal em 2008, vítimas de violência?

"O número de mulheres vítimas mortais de violência doméstica quase duplicou de 2007 para 2008. A denuncia parte da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que detectou um aumento de 21 casos registados no ano passado para cerca de 40 este ano."

Não sei o nome do autor deste poema, mas traduz muito bem o que eu e outras mulheres, sentimos hoje. Por nós e pelas outras.
Peço desculpa ao autor, por não saber identificá-lo (a).

"Café e cigarro, computador ligado
E de repente fico com humor de animal em vias de extinção
Em todos os blogs: O dia internacional da mulher.
Hoje não haverá mulheres preteridas nos empregos... Porque são mulheres.
Hoje não haverá mulheres maltratadas... Porque são mulheres.
Hoje todas as mulheres se sentirão felizes... Porque são mulheres.
Hoje é, excepcionalmente dia da mulher
E todas as mulheres deviam sair para a rua
E celebrar hoje:
O dia do homem que inventou o dia da mulher.
E oferecer a cada um deles, em homenagem e protesto
Os símbolos, que nos outros dias do ano as representam:
Um avental, uma tábua de passar a ferro, um fogão.
Eu que sou mulher que não precisa de dias
Porque faço de todos os dias, meus
Eu que não preciso que um dia por ano
Homenageiem a minha condição de mulher
Eu, que acho que igualdade seria
Não haver, um dia excepcionalmente da mulher
Eu que acho o dia da mulher negativamente discriminatório
Fico com humor de animal em vias de extinção.
E acendendo um cigarro
Recuso-me a ler mais homenagens à mulher
E espero que ninguém tenha o azar,
De hoje, dia excepcionalmente da mulher
Me oferecer uma flor."

Até um dia destes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Querida Maria,
Deixo-te hoje um poema de Alda Lara, poetisa angolana, que infelizmente partiu demasiado cedo.


Testamento

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...


Beijo amigo
Nemy

Maria disse...

Querida Nemy:ga
Que lindo, triste trágico! Obrigada por esta partilha. É pena que nem todas as mulheres pensem como nós.
Se cada mulher, se lembrasse de procurar um poema destes e o pusesse aqui, talvez os homens percebecem, que não é com um dia, que nos compensam de séculos, milénios, da qualidade de cidadãs de 2ª classe.
Beijo solidário
Maria