Para afastar tristezas, cá vai mais uma história de sogra-nora.
Estávamos de férias em Cascais. Um belo dia resolvemos ir passar o dia seguinte à Lage da Ramela. Uns iriam pescar à cana, outros mergulhar, eu e a minha sogra apanhar sol.
O meu sogro comprou na Lota, um enorme balde de sardinha para fazer engodo. Penso que a maioria sabe o que é. Esmagam-se as sardinhas, atiram-se ao mar, o peixe vem ao cheiro e pesca-se.
O balde chegou a casa cheio. Nós as duas, olhámos para as sardinhas e tivemos a mesma exclamação: Mal empregadinhas! Do pensar ao fazer, foi um minuto. Assim que os pescadores viraram costas, nós escolhemos as sardinhas melhores, guardámo-las no frigorifico e calámo-nos muito caladinhas. O balde ficou no mesmo sítio, onde o tinham posto. Parte das sardinhas é que não.
Feito o farnel, verificadas as canas e o restante material, foi tudo para a cama, porque no outro dia era preciso madrugar.
De manhã cedo, pegámos na tralha toda incluindo as sardinhas. Quando chegámos ao destino, escolhemos o melhor lugar, acautelámos os mantimentos e o meu sogro foi fazer o engodo.
Aí começou o gozo. “Pensei que tinha mais sardinhas!” dizia ele.
E nós caladas. “Que diabo aconteceu às sardinhas? Parece que encolheram!”. Eu não consigo estar calada, é sabido. Acabei por dizer, muito séria: “Se calhar é do calor”. A minha saudosa cúmplice ajudou: “Pois! Deve ter sido”. Ele, coitadinho, acreditou.
Foi um dia óptimo. O peixe é que não picou o anzol nem se deixou arpoar. Nós duas ainda gozamos com eles, mandando bocas do tipo: “E agora que é que vamos jantar? Estávamos à espera da pescaria. Mais valia termos guardado as sardinhas....” Sei lá que mais. Chegadas a casa, banho tomado, fomos fritar as sardinhas que tínhamos subtraído ao balde. Mesa posta, sardinha frita, arroz de tomate, saladinha, pão e vinho. Começam a comer, esganados e o meu sogro só dizia: “Que rica sardinha! Que maravilha! É da Ti’Ana, aposto.” Nós, que sim, que era da Ti’Ana, onde mais é que havia daquelas sardinhas?.
Coitados dos nossos pescadores! Ficaram todos convencidos. Beberam o café, foram para a sala ver televisão e nós, enfim sós, demos largas às gargalhadas que nos estavam a engasgar.
Com papas e bolos, se enganam os maridos.
Ai mãe Marcelina, depois de ti, nunca mais ninguém me ajudou a pregar partidas destas. Sinto tanto a tua falta!
Até um dia destes e “Façam o favor de ser felizes”.
Estávamos de férias em Cascais. Um belo dia resolvemos ir passar o dia seguinte à Lage da Ramela. Uns iriam pescar à cana, outros mergulhar, eu e a minha sogra apanhar sol.
O meu sogro comprou na Lota, um enorme balde de sardinha para fazer engodo. Penso que a maioria sabe o que é. Esmagam-se as sardinhas, atiram-se ao mar, o peixe vem ao cheiro e pesca-se.
O balde chegou a casa cheio. Nós as duas, olhámos para as sardinhas e tivemos a mesma exclamação: Mal empregadinhas! Do pensar ao fazer, foi um minuto. Assim que os pescadores viraram costas, nós escolhemos as sardinhas melhores, guardámo-las no frigorifico e calámo-nos muito caladinhas. O balde ficou no mesmo sítio, onde o tinham posto. Parte das sardinhas é que não.
Feito o farnel, verificadas as canas e o restante material, foi tudo para a cama, porque no outro dia era preciso madrugar.
De manhã cedo, pegámos na tralha toda incluindo as sardinhas. Quando chegámos ao destino, escolhemos o melhor lugar, acautelámos os mantimentos e o meu sogro foi fazer o engodo.
Aí começou o gozo. “Pensei que tinha mais sardinhas!” dizia ele.
E nós caladas. “Que diabo aconteceu às sardinhas? Parece que encolheram!”. Eu não consigo estar calada, é sabido. Acabei por dizer, muito séria: “Se calhar é do calor”. A minha saudosa cúmplice ajudou: “Pois! Deve ter sido”. Ele, coitadinho, acreditou.
Foi um dia óptimo. O peixe é que não picou o anzol nem se deixou arpoar. Nós duas ainda gozamos com eles, mandando bocas do tipo: “E agora que é que vamos jantar? Estávamos à espera da pescaria. Mais valia termos guardado as sardinhas....” Sei lá que mais. Chegadas a casa, banho tomado, fomos fritar as sardinhas que tínhamos subtraído ao balde. Mesa posta, sardinha frita, arroz de tomate, saladinha, pão e vinho. Começam a comer, esganados e o meu sogro só dizia: “Que rica sardinha! Que maravilha! É da Ti’Ana, aposto.” Nós, que sim, que era da Ti’Ana, onde mais é que havia daquelas sardinhas?.
Coitados dos nossos pescadores! Ficaram todos convencidos. Beberam o café, foram para a sala ver televisão e nós, enfim sós, demos largas às gargalhadas que nos estavam a engasgar.
Com papas e bolos, se enganam os maridos.
Ai mãe Marcelina, depois de ti, nunca mais ninguém me ajudou a pregar partidas destas. Sinto tanto a tua falta!
Até um dia destes e “Façam o favor de ser felizes”.
26 comentários:
Avozita
Voltaste para ficar - ou é só para comer sardinhas «da Ti'Ana»?
Estas tuas estórias têm um sabor que suplanta o das sardinhas, do arroz de tomate e do resto. Sabes conta-las divinalmente. Acho-as óptimas.
E a Dona Marcelina devia ser uma malandreca. Tu e ela faziam um lindo par. De jarras...
E o João, onde estava o teu mais-que-tudo durante o famigerado episódio? Quiçá tentando pescar, sem peixe. Só sardinhas...
Qjs para tu e abs para o Janeca
Olá Maria,
As tuas histórias... hehehe
Bem agora que já me ri um bocadito despeço-me, com muuuuuitos beijinhos,
Estrela d'Alva
Lembro-me de uma ocasião em que fomos pescar, mas esquecemo-nos do isco e do carreto. O isco arranjou-se: lapas. Lá tentámos a pescaria, mas passado pouco tempo, estava a cana encostada a uma rocha, com um emaranhado de nylon.
Se me não engano, ainda fui a casa dessa "Ti'Ana". Era uma casa antiga, escura e de tectos baixos, de onde a avó trazia umas belas fanecas!
Beijos.
Maria;
Pela boca morre o peixe e com o peixe enganastes os pescadores...
Bela piada, real mas piada, que mostras que as mulheres têm muitas maneiras de nos calarem o "bico".
A Ana, junto com a minha filha já me pregaram algumas e caí como um patinho... Mas como foi com muito amor, até eu gostei da brincadeira.
Vocês, mulheres, são uns amores.
bjs e um abraço pro João,
da Ana e Osvaldo
Henriquamigo:
Voltei para ficar. (Ó diabo, isto parece uma música do Tony Carreira!)
O João andava debaixo de água, à procura de uma sereia. Olha que entre pescadores e mergulhadores, nem um carapau do gato trouxeram.
Eu e a minha Marcelina estávamos sempre prontas para partidas. Só eu sei a falta que "aquela santa" (era mesmo), me fez. O meu sogro costumava dizer: "Deus as fez, Deus as juntou". Fizemos coisas do arco da velha.
Abraço do João, beijinhos para a Raquel e queijinhos
Estrelinha:
Gosto de te fazer rir, pequenina.
Com o tempo virão mais destas.
Beijinhos
Meu Corvo:
Não era a senhora das fanecas. Era a Tia da avó, casada com o tio Alfredo, que foi futebolista.
Já te fiz a vontade e contei a história das sardinhas.
Beijinhos
Mãe
Osvaldo:
Coitados dos nossos homens, tiveram o azar de dar com duas mulheres crianças, amigas de fazer partidas e muito amigas uma da outra, além de sermos cúmplices em tudo. Qualquer coisa nos servia para brincar.
Eles já ficavam meio desconfiados, quando nos metiamos na cozinha sozinhas, mas caiam sempre.
Mais tarde, acabavamos por confessar o "crime" e eles até se riam.
Abraço do João e beijinhos para a Anita e para ti
Querida Maria,
És uma genuína contadora de histórias. É um gene de família.
Já estava com saudades das tuas peripécias e histórias.
Esta li-a à minha mãe, que chorou rir com a sardinha que só podia ser da Ti Ana.
Beijinho de saudades
Nemy
Viva avozita. Tornada numa terna avó, que faz os encantos dos netos.
Será o que nos resta?
Com o carinho da avó, eles são felizes, não é por favor que são felizes.
Sardinhas fritas, eu não sou amante, agora assadas, vou ao fim do mundo por elas.
E sou só eu que era/sou fresco?
beijocas
Querida Nemy:
Esta mania de contar histórias vem do meu pai, sim. A memória também.
Ainda bem que a tua mãe se riu.
Há muita coisa que aprendi com ele. Foi o meu mestre, o meu amigo, o meu ´ponto de referência.
Passavamos horas a conversar e a desfiar recordações. Demo-nos quase sempre bem, menos durante a minha adolescênia. Ele era severo e muito ciumento. Ai de algum rapazinho que olhasse para mim. Depois de eu casar, voltámos à mesma harmonia.
Nestes dias tenho sentido uma saudade imensa dele.
Beijinhos amiga.
Zé do Cão:
Às vezes ao ler as tuas saborosas histórias, revejo-me nelas. Sempre gostei de pregar partidas, desde que não magoassem ninguém.
Com os netos tento lembrar-me do tempo em que tinha a idade deles.
Às vezes damos cabo da cabeça do avô. A mais velhinha é mais calma, muito menina. O outro é um reguila de primeira. Arrasta-me (ou será o contrário) para cada uma, que me faz esquecer os 64 anos, os ossos e os problemas.
Tu não gostas de sardinha frita? parece mentira! Isso e jaquinsinhos são das poucas coisas que eu como por gosto.
Beijinho Zé.
Com papas e bolos se enganam os tolos, uns tolos era o que eles eram... mal empregadas sardinhas, ora pois...querida sogra que quase ta invejo...sempre quis uma sogra onde pudesse sentir que era mãe...mas, nem todas temos sorte na vida... ai o calor encolhi-a o peixinho, boa, desta já me ri que chegasse...
sardinhas assadas, batatas com pepe a murro, pimentos, salada de tomate, ah, menina que gostosura, é por essas e outras que eu sou reconchudinha ehhhhhh..Beijinhos.
Laurinha:
A minha sogra era uma das pessoas que conheci.
Mesmo tendo tido uma vida díficil, era brincalhona e alegre.
Além de sogra era amiga. Não tinhamos rivalidades parvas e era a mim, que ela confiava todas as coisas.
Nem te passa pela cabeça, as pertidas que pregávamos, não só aos maridos, mas a toda a gente.
Beijinhos, amiga
O que já me ri com esta pescaria.Quem dera ter tido uma sogra assim.Maria vou-lhe confessar uma coisa, pescarias é comigo, adoro ir pescar, tanto de noite como de dia, o maior peixe que apanhei foi uma enxova de 7,5kg
na ponta da doca, agora vou menas vezes depois que estive internada com problemas na coluna, já fui uma vez este Verão durante a noite.Um balde de 15l veio cheio de moreias e também abrotéa.Há tanta coisa que gosto de fazer e quero continuar a fazer enquanto poder.Depois será tarde.Um beijo enorme Maria
Costuma-se dizer também que pode se "segurar" um homem pelo estomago, pelo menos na minha terra diz-se isto...
Bela pescaria !
Beijinhos
Verdinha
Salomé:
Foi uma bela sardinhada e uma bela partida.
Se tens problemas com a coluna, não devias fazer grandes esforços.
Aquilo que se faz em nova, paga-se em velha, dizia a minha avó.
Eu dei cabo dos ossos todos, a tal ponto, que não consigo escrever à mão. A caneta cai.
Mas tens razão em quereres fazer tudo o que gostas. Afinal, só se é nova uma vez.
Grande anchova, senhora pescadora!
Beijinhos
Querida Verdinha:
É verdade que os homens se prendem pelo estomago.
Mas são pescados doutra maneira, não é? Nunca nenhum namoro perguntando: "A menina cozinha bem?"
Hoje estavam mal. A maioria das ninas, nem estrelar um ovo sabe.
Beijinhos amiga Verdinha.
Falto lá eu para te ajudar a pregar partidas.
Eu também adoro esse tipo de brincadeiras, mas um dia lixo-me.
Fazemos um trio com o Zé do Cão.
E logo esta "estória" havia de meter sardinhas. Já não como sardinhas desde hoje ao almoço. O Júlio César e o Pedro Górgia vieram ajudar-me a não comê-las sozinho. Os amigos são assim!
Beijinhos Petite Marie
Kim:
Adoro sardinhas e adoro partidas.
As sardinhas é que não gostam muito de mim. Dão-me cabo do estômago. Já as partidas, fazem-me bem ao fíigado, como diria o meu pai.
No Domingo também houve sardinhada cá em casa, mas eu limitei-me a cheirá-las. Com a morte do Raúl e outras coisinhas mais, a minha amiga úlcera resolveu fazer-me uma visita. Agora imagina o que é ver os outros a comerem sardinhas e eu a olhar, com um peixinho desenxabido à frente, acompanhado a água das Pedras!
Beijinhos
Querida Maria,
Simplesmente : Obrigada pelo teu carinho !
Um beijo
Verdinha
Ah, olha pra eles o Julio César que só conheço de ver na tv ou revistas...o nosso kim e sei lá quem mais, ah, um dia, abalo por ai de trouxa às costas, farnel enrolado na broa, e vou ter convosco, que bem saberia...mas que raio, porque cargas dágua moro tão longe de todos? Bolas...beijinhos Maria, muitos, depois dou-tos todos de uma vez...
Biste, ó Maria, se acompanhasses o peixinho desenxabido com uma boa pinga do veerdinho, até o peixa passava a saber a lagosta, decididamente, não sabes comer, tens de aprender ca gordinha aqui..Beijinhos e tudo de bom para ti..o cházinho foi ficando plo caminho, deve ser a falta de te trazer o meu de tão longe e dar-to ao deitar...hum..pode ser.beijinhos meus, laura
Laurinha, querida,
Ai verdinho meu verdinho
Esquecer-te não há maneira...
O pior é que o sado-masoquista do médico, não mo deixa nem cheirar.
É o vinho que mais gosto.
Aguinha, suminhos e mais nada.
Tudo o que ainda gosto, que já é pouco, o malvado me proíbe.
Qualquer dia mando-o à fava (a que sou alérgica e espero que ele também seja) e desato a fazer tudo o que me apetecer. Estou farta de andar às ordens dos médicos.
Chasinho, ainda deixa, menos do preto e do verde, que eu adoro. Só ervinhas. Já me sinto ruminante.
Beijinhos
:D Já ouvi muitas histórias de pescaria mas esta bate-as todas aos pontos.
Devia estar mesmo muito calor para as sardinhas terem encolhido daquela forma! ;)
Beijinhos
Lembro-me desse dia, se não me engano no fim do Avô ter despejado o balde e gasto o isco sem apanhar nada, o Pai foi mergulhar e apanhou uma juliana.
beijinhos,
João
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