No post anterior, acabei por não falar de livros. Falei apenas de um que me marcou e de tudo o que ele provocou em mim.
Hoje vou falar mesmo de livros. Do que foram, são e me ensinam.
Se me pedissem para definir o que sinto por eles, a resposta rápida e sincera, seria: “os livros são os meus companheiros mais antigos, mais fiéis, aqueles que me dão tudo, sem nada me pedir”.
Nasci a ver livros. Os meus pais tinham-nos e ambos adoravam ler.
O escritório do meu pai tinha as paredes forradas de livros. Livros de toda a espécie. Tinha até, uma estante fechada onde moravam os menos próprios para meninas e senhoras, daquele tempo. Penso que já contei, como aprendi, com muito engenho e arte, a abrir essa estante misteriosa, e li, muito antes do que o meu pai julgava, todos os livros do Eça, do Abel Botelho, “A Corja” e o “Eusébio Macário” do Camilo, os livros de Zola e Balzac, alguns de Aquilino, Morávia. Sei lá!... foram tantos!
Ainda não sabia ler, quando “li” as colecções de revistas, belamente encadernadas, “Serões da Província”, “Ilustração Portuguesa”. Olhava os bonecos, inventava histórias. Quando o meu pai lia o jornal, punha-me ao lado dele e, tentava ler as “gordas”. Assim aprendi a ler.
Os primeiros foram as histórias da Condessa de Ségur. Depois, um livro a sério: “Os Fidalgos da Casa Mourisca” e todo o Júlio Dinis. Não li, devorei. Então o meu pai deu-me para ler o meu primeiro Camilo: “O Bem e o Mal”. Ainda hoje o sei quase de cor. Vieram depois, Alberto Pimentel, Arnaldo Gama, portugueses, franceses, alguns ingleses e... Hemingway, Remarque, Rilke. E russos: Tolstoi, Dostoievski, Tchekov. E os brasileiros, com Amaro, Machado de Assis, Veríssimo, à cabeça. E livros sobre a guerra. E romances históricos. Um dia, já o disse, o meu irmão deu-me “Novos Contos da Montanha” de Miguel Torga e passei a devorar os livros todos dele. Leio-os vezes sem conta e, encontro sempre algo novo. Ajudaram-me, ajudam-me a aprender as pessoas e as coisas. Encontro em Miguel Torga resposta às muitas perguntas que a minha cabeça confusa, me faz. Entrou-me na alma e no sangue, ao ponto de quando morreu, eu ter sentido um desgosto enorme.
É assim: leio e aproveito tudo o que leio, mas alguns livros absorvo-os, fico tão marcada que por vezes, acho que os vivi.
Difícil de entender? Talvez. A paixão é tão grande que não me limito a lê-los, tenho de os ter. Emprestar livros? Só a alguém em quem tenha muita confiança. E mesmo assim, quando voltam para mim, releio-os avidamente, folha a folha, letra a letra, como se tivesse medo de me terem roubado uma letrinha só. Os meus livros são meus, só meus. Eu que gosto de partilhar tudo, não gosto de partilhar os “meus livros”. Gosto sim, de os dar, a quem eu sei que os ama como eu e são a melhor prenda que recebo.
Dos livros do meu pai, nada sei. Nunca mais os vi. Onde terão acabado “O Bem e o Mal”, o resto dos Camilos, Eça, Zola?
Eu tenho muitos já, mas tenho pena de não voltar a ver, aqueles que li pela primeira vez.
Vou acabar. É que tenho um Lobo Antunes, um João Aguiar, um Mia Couto, um Nuno Júdice e “A Pianista” do Nobel da literatura, Elfriede Jelinek, em lista de espera. E a próxima vez que passe por uma livraria, de certeza que vai lá estar algum à minha espera. Desde que não seja da minha odiada M.R.P. vem para casa.
Até um dia destes.
Hoje vou falar mesmo de livros. Do que foram, são e me ensinam.
Se me pedissem para definir o que sinto por eles, a resposta rápida e sincera, seria: “os livros são os meus companheiros mais antigos, mais fiéis, aqueles que me dão tudo, sem nada me pedir”.
Nasci a ver livros. Os meus pais tinham-nos e ambos adoravam ler.
O escritório do meu pai tinha as paredes forradas de livros. Livros de toda a espécie. Tinha até, uma estante fechada onde moravam os menos próprios para meninas e senhoras, daquele tempo. Penso que já contei, como aprendi, com muito engenho e arte, a abrir essa estante misteriosa, e li, muito antes do que o meu pai julgava, todos os livros do Eça, do Abel Botelho, “A Corja” e o “Eusébio Macário” do Camilo, os livros de Zola e Balzac, alguns de Aquilino, Morávia. Sei lá!... foram tantos!
Ainda não sabia ler, quando “li” as colecções de revistas, belamente encadernadas, “Serões da Província”, “Ilustração Portuguesa”. Olhava os bonecos, inventava histórias. Quando o meu pai lia o jornal, punha-me ao lado dele e, tentava ler as “gordas”. Assim aprendi a ler.
Os primeiros foram as histórias da Condessa de Ségur. Depois, um livro a sério: “Os Fidalgos da Casa Mourisca” e todo o Júlio Dinis. Não li, devorei. Então o meu pai deu-me para ler o meu primeiro Camilo: “O Bem e o Mal”. Ainda hoje o sei quase de cor. Vieram depois, Alberto Pimentel, Arnaldo Gama, portugueses, franceses, alguns ingleses e... Hemingway, Remarque, Rilke. E russos: Tolstoi, Dostoievski, Tchekov. E os brasileiros, com Amaro, Machado de Assis, Veríssimo, à cabeça. E livros sobre a guerra. E romances históricos. Um dia, já o disse, o meu irmão deu-me “Novos Contos da Montanha” de Miguel Torga e passei a devorar os livros todos dele. Leio-os vezes sem conta e, encontro sempre algo novo. Ajudaram-me, ajudam-me a aprender as pessoas e as coisas. Encontro em Miguel Torga resposta às muitas perguntas que a minha cabeça confusa, me faz. Entrou-me na alma e no sangue, ao ponto de quando morreu, eu ter sentido um desgosto enorme.
É assim: leio e aproveito tudo o que leio, mas alguns livros absorvo-os, fico tão marcada que por vezes, acho que os vivi.
Difícil de entender? Talvez. A paixão é tão grande que não me limito a lê-los, tenho de os ter. Emprestar livros? Só a alguém em quem tenha muita confiança. E mesmo assim, quando voltam para mim, releio-os avidamente, folha a folha, letra a letra, como se tivesse medo de me terem roubado uma letrinha só. Os meus livros são meus, só meus. Eu que gosto de partilhar tudo, não gosto de partilhar os “meus livros”. Gosto sim, de os dar, a quem eu sei que os ama como eu e são a melhor prenda que recebo.
Dos livros do meu pai, nada sei. Nunca mais os vi. Onde terão acabado “O Bem e o Mal”, o resto dos Camilos, Eça, Zola?
Eu tenho muitos já, mas tenho pena de não voltar a ver, aqueles que li pela primeira vez.
Vou acabar. É que tenho um Lobo Antunes, um João Aguiar, um Mia Couto, um Nuno Júdice e “A Pianista” do Nobel da literatura, Elfriede Jelinek, em lista de espera. E a próxima vez que passe por uma livraria, de certeza que vai lá estar algum à minha espera. Desde que não seja da minha odiada M.R.P. vem para casa.
Até um dia destes.
4 comentários:
Querida Maria...
Por aqui, o apetite aos livros, também é... insaciável!
Perco-me na Bertrand :)
... ou na Fnac!
Tanto faz!
Nunca me desiludi com um livro.
Enfim...
Beijos dos 4 :)
Querida Carla:
São realmente, amigos sempre fiéis.
Acho que não saberia viver sem eles.
Beijos para os 4
Maria
Olha, minha querida Marie, quando tiveres um tempinho entre tanta literatura, desvia-te um pouco e sustenta-te nos PILARES DA TERRA, um livro de Ken Follett.
Já vai no volume dois!
Continua assim que os livros não traiem ninguém.
Kim:
Cá guardei a indicação.
Também tenho que comprar, "Morte na Picada" do amigo Antunes Ferreira. Que bom espaço ele tem!
Os livros não traem, não pedem e ensinam.
Beijo
Maria
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