terça-feira, 11 de novembro de 2008

Feira da Golegã


Vivendo perto, foi feira onde nunca fui. Não por falta de vontade, mas porque era sempre em dia de São Martinho dia 11, que meu Pai ia à Golegã. Não ia só, claro.
Ia ele e, todo o seu grupo, sem mulheres e sem criancinhas. Era um dia para homens. Saíam de Tomar, relativamente cedo, assistiam ao desfile dos cavalos, bebiam uns copitos, comiam e feiravam. O remorso, de terem deixado mulher e filhos, em casa, ia aumentando à medida que os copinhos iam desaparecendo.
Então, compravam pequenos presentes. Bolos e tecidos, para as senhoras, pequenos brinquedos, (sempre-em-pés, bonecos que se mexiam por meio de imanes, outros articulados com cordéis) e fiadas de pinhões, parecidas com colares. Meu Pai, chegava a casa tarde, alegre dos copinhos e do convívio dos amigos, feliz, por encontrar a família. A Mãe, não conseguia dormir sem o sentir chegar. Ele entrava, beijava-a e, de seguida ia aos nossos quartos, dar o beijinho da noite e, deixar as lembranças trazidas. Eu tive sempre o sono leve. Assim que ele entrava, sentava-me à espera do beijinho e, do resto. Um ano, ele chegou, fez os mesmos gestos do costume, mas... em cima da minha cama, havia uma manta.
Uma manta ribatejana, tecida à mão, quente, colorida. A minha Mãe, sempre justa, comentou: “E os outros dois?” Ele, explicou: “ As mantas são caras, só dá para uma por ano. Para o ano, será para um dos outros, para o outro ano, para o outro e, a última, será para nós”. A minha Mãe, não ficou satisfeita. “Mas porque é que a primeira foi para ela?” “Porque, ela é a única Ribatejana, a única tomarense”. Todos acataram a sua vontade. Nos anos seguintes, vieram as outras mantas. Mas a minha era, ou melhor, é, a mais bonita.
Quanto aos pinhões, acabavam sempre com mofo. Eu não era capaz de comer o meu belo colar.
Não quero deixar de falar do Santo do Dia. Verdade, lenda, as duas coisas?
Segundo sei, Martinho, teria sido um soldado romano. Um dia frio, deparou-se-lhe um pobre homem, quase nu e, cheio de frio. Martinho, não hesitou. Tirou a grossa capa que, o abrigava, cortou-a ao meio e deu metade ao pobre. Dentro em pouco, o sol descobriu e, aqueceu a terra e os homens, por uns dias. De aí virá, o famoso “Verão de São Martinho”.
Quanto à ligação do santinho, com vinho e bebedeiras, não sei a explicação.
Espero que, a “Feira da Golegã”, corra bem. Ainda não foi este ano que, fui ver os meus queridos cavalos.
Até um dia destes.

6 comentários:

Carla D'elvas disse...

Deixo-te, um beijinho.

(e já volto)

Luis disse...

Olá Maria!

Já fui várias vezes e gosto sempre, a multidão é que é enorme e muitas vezes evito ir ao fim de semana por isso mesmo. Tenho um colega meu que é de lá, mas todos anos por esta altura refugia-se em Mira D`Aire para fugir à confusão.

Anónimo disse...

Beijinho, Carla.
Até logo.
Maria

Anónimo disse...

Olá Luís:
Os animais que mais gosto, são cães e cavalos. Vem de aí, a minha pena de nunca ter ido à Feira da Golegã.
Pode ser que, um dia vá. O pior é a confusão, minha inimiga pública. Se eu até num supermercado em hora de ponta, fico baralhada, nas feiras ainda é pior.
Há uma feira semanal, a uns 200 metros da minha casa, onde não ponho os pés vai para 10 anos.
Maria

Kim disse...

Petite Marie, o motivo porque se comemora o S.Martinho bebendo uns copos deve ser igual a todos os outrso. Para nós é sempre altura de apanhar umas pielas. Até nem é bem o meu caso porque sou uma mau bebedor, mas de vez em quando lá vão uns copitos com os amigos, não com S.Martinho.
Quanto á manta, até podia sair daí outra lenda. O dia em que a Maria recebeu uma prenda e lhe pintaram a manta. Que tal?

Anónimo disse...

Kim:
Essa manta, velha e, já traçada, continua a ser uma das minhas relíquias. Foi uma das coisas que, meu pai me deu. Tenho uma velha écharpe, em que a minha sogra me enrolou, um dia, em que o frio de Janeiro apertva, no Porto. Quando ela morreu, fiquei com ela.
Está velha, puída, com alguns buracos, mas quando tenho frio ou, estou com a neura, embrulho-me nela e, sinto o calor, a ternura, dos braços dela.
Hoje dia de ir à adega e provar vinho, nem o cheirei. Assim como não comi castanhas. O maldito dente e o abcesso, continuam a chatear. Vamos a ver, se o novo antibiótico, faz alguma coisa. Só queria dormir.
Maria